O mercado do boi gordo, pela primeira vez sinaliza recuo dos preços do boi desde o final de agosto. O indicador Esalq/BM&F fechou no dia 18/10 cotado a R$ 62,19/@ a vista, baixa que se concentrou especialmente no último dia, de R$ 0,88 e acumulando 1,38% de desvalorização em relação a 7 dias antes. O primeiro sinal do recuo foi dado pelo mercado futuro.
O mercado do boi gordo, pela primeira vez sinaliza recuo dos preços do boi desde o final de agosto, quando havia interrompido a alta nos preços iniciada no segundo semestre. O indicador Esalq/BM&F fechou no dia 18/10 cotado a R$ 62,19/@ a vista, baixa que se concentrou especialmente no último dia (-R$ 0,88) e acumulando 1,38% de desvalorização em relação a 7 dias antes. O pico do indicador ocorreu em 16/10 (R$ 63,15/@ a vista).
Em relação ao início do segundo semestre, em seu pico o Esalq/BM&F acumulava variação positiva de 29,46%, pressionado por uma questão fundamental: falta de bois terminados. Os preços da carne bovina no atacado confirmam a força do fator oferta. Hoje, a valorização do Esalq em relação ao início de julho é de 27,49%. Observe no gráfico 1 a movimentação dos preços este ano.
Gráfico 1. Evolução do indicador Esalq/BM&F a vista
O primeiro sinal do recuo foi dado pelo mercado futuro, que acompanhando o físico firme, chegou próximo de R$ 65/@ no vencimento para out/06 no início deste mês. Em 11 dias, acumulou queda de R$ 2,37 e, em um dia de recorde de contratos negociados (mais de 9 mil, caracterizando um movimento de massa), caiu outros R$ 2,08. Ontem se recuperou para R$ 61,07/@. O contrato para novembro, entretanto, caiu para R$ 59,97/@, baixa de R$ 5,23 em relação ao início de outubro, quando chegou a valer R$ 65,20/@.
No dia em que ocorreu o recorde de contratos negociados (17/10), os contratos em aberto caíram de 28.098 para 25.722. Analisando o tipo de participante, a pessoa física que estava em 17.057 posições compradas, ficou em 15.250, ou seja, esse tipo de participante liquidou 1.807 posições em um dia. Isso pode representar uma pressão de venda na bolsa, o que força os preços futuros negativamente. Há uma elevada concentração de contratos em aberto nos dois primeiros vencimentos, sendo que, qualquer movimentação intensa de liqüidação desses dois contratos pode ter forte influência no comportamento geral do mercado.
É possível constatar que a pressão de saída de bois terminados em confinamentos vem aumentando a partir da segunda quinzena de outubro, em alguns casos forçada pela entrada das chuvas e, em outros, pela saída da oferta represada, que aguardava até onde os preços poderiam chegar. Isso, além do movimento de saída regular para este período.
As escalas médias de abate aumentaram em 1 dia na maioria dos estados em relação a uma semana, reforçando uma melhora na oferta, especialmente nos últimos 2 dias. Mas uma hipótese a ser considerada é que a sinalização de baixa, transmitida pelo mercado futuro, pode ter forçado um aumento brusco na oferta, influenciando o mercado físico. Observe no gráfico 2 o mercado futuro nervoso nos últimos dias.
Gráfico 2. Contratos para outubro/06
O mercado interno certamente não explica a atual movimentação de preços nos mercados físico e futuro do boi gordo. No atacado, é normal ocorrer uma pequena oscilação para cima ou para baixo, mas o que se vê é um mercado firme e pressionado pelas ofertas inexpressivas. O equivalente físico do boi no atacado paulista vale R$ 59,07/@, apenas R$ 3,12 abaixo do Esalq/BM&F, a menor diferença desde o início do segundo semestre, o que indica que, teoricamente, o atacado dá sustentação para a alta no boi. Além disso, o equivalente acumula valorização de 40,49% em relação ao início do segundo semestre.
Até o último fechamento, a média de preços do boi em dólares está em US$ 29,20/@ no mês de outubro (parcial). Isso significa que, se o preço médio da carne in natura exportada pelos frigoríficos mantiver o patamar de setembro, o exportador trabalhará com uma relação de troca de 94,7 @/tonelada, próximo à rentabilidade (estimada com base neste parâmetro, ver artigo conjuntura de mercado), ocorrida em novembro de 05, que não foi das melhores.
Segundo dados do iFNP, em 5 das 24 praças os preços do boi recuaram durante a semana. No noroeste paulista, onde os negócios ocorrem a R$ 63,00/@ (- R$ 1,50 na semana), o boi chegou a valer R$ 65,00/@ a prazo dentro deste período. Em Três Lagoas/MS, o boi recuou R$ 1,00 e é negociado a R$ 60,00/@ a prazo. No MT, Barra do Garças e Cuiabá estão cotados a R$ 58,00/@ em ambas, recuo de R$1,00 e, em Cáceres, zona não habilitada para exportação à UE, R$ 57,00/@ (- R$ 2,00 na semana). Em movimentação oposta, 6 praças tiveram alta, com destaque para Dourados/MS e Maringá/PR, onde o boi é negociado a R$ 62,00/@ (+R$ 1,00 na semana).
Gráfico 3. Preços do boi em praças com baixa na semana
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Parabéns pelo excelente artigo . Li-o duas vezes. Os gráficos são maravilhosos e muito ilustrativos. Estou vendendo bois gordos e comprando bois magros baseados em sua publicação.
Agradecido
Roberto Barros,Fazenda Santa Vitória, Alto Paraíso