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Mercado do boi gordo – 25/10/06

O mercado do boi gordo teve uma nova semana de baixa, com quedas expressivas no indicador Esalq/BM&F, mercados futuros e equivalente físico. Levantamento da Assocon, de 19/10, afirma que em 22 confinamentos, com 96 mil cabeças confinadas, cerca de 60% dos animais já foram abatidos e outros 29% estão planejados para abate em novembro. As chuvas também têm pressionado confinamentos a acelerar a saída dos animais.

O mercado do boi gordo teve uma nova semana de baixa, com quedas expressivas no indicador Esalq/BM&F, mercados futuros e equivalente físico. O indicador Esalq/BM&F para preço do boi gordo em SP fechou em R$ 59,49/@ a vista, queda de 4,3% na semana. Em dólares o indicador está cotado em US$ 27,67/@, queda de 5,1% na semana, puxado também pela valorização de 0,8% do dólar no período.

No mercado futuro, a semana foi de quedas expressivas, pressionado pelas reduções do físico. O contrato para nov/06, está cotado em R$ 57,00/@, queda de 4,95% na semana e de 10,59% desde 27/09. O contrato para mai/07 está cotado em R$ 53,52/@, queda de 3,17% na semana e de 6,78% em 4 semanas.

Gráfico 1. Contratos para novembro/06 e maio/07


A principal razão para as reduções de preço, são as escalas mais longas dos frigoríficos, que conseguiram comprar uma boa quantidade de animais nos preços que estavam sendo praticados nas últimas semanas (mais altos que os atuais). O indicador Esalq/BM&F chegou ao máximo de R$63,15/@ a vista e hoje sua cotação está R$3,66/@ mais baixo que esse pico. Os estados de GO, MG, MS, MT e SP há uma semana tinham escalas médias de 5-6 dias e hoje tem escalas de 7-8 dias em média.

Levantamento da Assocon, de 19/10, afirma que em 22 confinamentos, com 96 mil cabeças confinadas, cerca de 60% dos animais já foram abatidos e outros 29% estão planejados para abate em novembro. As chuvas também têm pressionado confinamentos a acelerar a saída dos animais.

No mercado físico, das 24 praças levantadas pelo iFNP, houve redução em 18 praças, estabilidade em quatro e aumento em Campos/RJ. As maiores reduções ocorreram em Cacoal/RO (-R$4,00/@), Cuiabá e Barra do Garças, ambas em MT, com redução de R$3,00/@.

Gráfico 2. Evolução dos preços do boi a prazo em noroeste de SP, Cuiabá/MT e Cacoal/RO


No mercado do atacado, os preços também recuaram fortemente na semana, com redução de 5,41% no equivalente físico, valendo R$ 55,88/@. O spread (diferença) entre o equivalente físico e o indicador Esalq/BM&F aumentou para R$ 3,62/@, ainda abaixo dos valores de 27/set (R$ 5,08/@) e de 10/jul (R$ 6,78/@).

Gráfico 3. Equivalente físico no atacado X Esalq/BM&F


No mercado internacional, termina nessa quinta-feira em Paris/França a SIAL 2006, principal feira de alimentos do mundo, com expressiva participação dos frigoríficos brasileiros. Durante os três primeiros dias, quando o BeefPoint esteve presente, os frigoríficos, traders e importadores de carne brasileira relataram negócios e contatos muito bons. Os stands tinham visitação superior às edições de 2002 e 2004. Antes da feira, alguns importadores estavam receosos com seus estoques já comprados e possíveis reduções de preço.

Curiosamente ontem, em palestra sobre mercado da carne realizada pelo BeefPoint em São José do Rio Preto/SP, um dos participantes indagou sobre o mercado externo. Tinha sido informado que dois frigoríficos da região presentes na feira de Paris, estariam tendo dificuldades em comercializar seus produtos, justificando assim novas tentativas de redução de preço do boi gordo. A Abiec, em notícia de hoje, afirma estar muito satisfeita com os resultados de SIAL 2006 (leia a notícia aqui).


Os preços do bezerro tiveram pequeno recuo na semana, com o indicador Esalq/BM&F cotado em R$ 373,99/cabeça, com relação de troca recuando 4%, valendo 2,62.

0 Comments

  1. Robeto Amaral Rodrigues Alves disse:

    Desabafo – O setor agrícola, longe de constituir-se numa alavanca para o agribusiness, capaz de sustentar minimamente os vocacionados agricultores e pecuaristas, tem se tornado desesperador, sem financiamento, sem garantia mínima de safra, e sem política institucional efetiva e definida para o setor.

    Boi é essa sanfona registrada por esses abnegados estudiosos dessa grande e competente faculdade da ESALQ. Todos os sintomas já foram detectados por inúmeros institutos e órgãos. Todos os problemas foram desnudados. E todos sabem a solução. É preciso vontade (sempre política) para correção do leme pecuário/agrícola em todos os segmentos, caso contrário, com certeza as estatísticas de produção não estarão nas primeiras páginas, em futuro. Sim e o povo esse é o maior prejudicado, até quando???

    Abraços. Parabéns pela modernidade e atualidade das excelentes reportagens.

    Roberto Rodrigues Alves

  2. Maysa Fatima Ramos Silveira disse:

    Todo dia vejo a cotação da carne no atacado, pois gasto em média 40 cabeças de vacas casadas na semana. Embora a cotação de hoje indique queda de preço, ainda não chegou para nós comerciantes do varejo. Fechei um carregamento de 30 cabeças com o frigorífico Atlas para terça feira a R$3,55/kg mas aqui em São Paulo não se conseguia por menos de R$3,60/@. Acho que mesmo que os preços recuem, vai ser difícil voltar ao patamar que estava por volta do mês de março abril deste ano.

  3. Marcos Murilo Gonçalves disse:

    Me espanta ver como nosso mercado é volátil, pois em agosto previa confinar mais alguns animais, ou seja, formar outro lote pensando em abater em novembro/dezembro, tudo pela expectativa da projeção dos preços da arroba como estavam. Hoje acho bom que não tenha dado certo, pois prever na época uma arroba superando os R$ 64,00, e ver que existe chance real de ver esse valor mais de 10% abaixo do previsto seria um duro golpe no bolso e um furo nos resultados do projeto. Quando será que teremos maior garantia ou seremos efetivamente “donos dos preços” de nossos produtos?

    Parabéns pela publicação que nos ajuda, mesmo que não nos traga alegrias, ajuda que não tenhamos maiores tristezas.