Mercado do boi gordo – 30/05/07

O indicador Esalq/BM&F teve nova semana de estabilidade, em pleno final de safra, cotado em R$ 55,44, queda de 0,29% na semana. Os preços da reposição continuam firmes, com o indicador para bezerro MS se valorizando 0,5% na semana, valendo R$ 423,49/cabeça. A relação de troca recuou novamente, para 1:2,16, menor valor de 2006. No mercado físico de reposição, a procura continua firme, especialmente para animais mais erados e pesados, para confinamento. Leia a notícia “Procura por animais de reposição continua intensa“, com os preços de machos e fêmeas para reposição, levantados pelo BeefPoint nessa semana.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Em dólares, o indicador teve nova alta, com recuo de 0,56% na cotação da moeda norte-americana na semana. Hoje o boi gordo vale US$ 28,59/@, alta de 5,29% no mês, período que a arroba em reais se manteve praticamente estável (0,42%).

Gráfico 1. Dólar e indicador do boi gordo em dólares, desde 30/01/07

No atacado da carne bovina, os preços tiveram forte alta, recuperando a diferença entre as cotações da carne e do boi gordo. Nas últimas semanas a diferença entre equivalente físico (preço da carne) e do boi gordo estava muito alta, pressionando fortemente as margens dos frigoríficos. O valor atual – diferença de R$ 5,57/@ – está próximo da média. Há uma semana estava em R$ 9,64/@.

Tabela 2. Cotações no atacado de carne bovina

Gráfico 2. Indicador do boi gordo e Equivalente físico, desde 01/03/2007

No mercado futuro a semana foi de forte alta, com recuperação em todas as posições. Outubro/07 passou a “barreira” dos R$ 61,50/@, fechando a terça-feira em R$ 61,96 e a quarta-feira em R$ 61,98/@. O número de contratos em aberto nesse vencimento aumentou quase 1.200 contratos em uma semana, reforçando a alta de preços. O mercado começa a consolidar a situação de que a safra está acabando e há uma real escassez de bois. No dólar de 30/05, o contrato para outubro/07 vale US$ 31,96/@.

Gráfico 3. Contratos futuros de boi gordo, vencimento outubro/07, desde 30/01/2007

Nas exportações, os russos decidiram reduzir o número de frigoríficos embargados,o que deve diminuir ainda mais o (possível e já pequeno) impacto nos embarques brasileiros. A principal preocupação atual é se o mercado continuará comprador com o aumento das cotações internacionais.

A grande novidade da semana foram as notícias relacionadas a expansão e consolidação dos grandes grupos frigoríficos brasileiros. O Friboi anunciou a compra da Swift por US$ 1,4 bilhão, que tem operações nos EUA e Austrália, se tornando o maior processador de carne bovina no mundo. Além disso, o Minerva pediu abertura de capital na Bovespa, o que, em breve, também deve ocorrer com Bertin e Independência. O frigorífico Independência anunciou ontem a tarde a compra do frigorífico Goiás Carne, maior frigorífico independente de GO. Segundo o jornal Valor Econômico, a negociação ficou em torno de US$ 45 milhões. O Grupo Otávio Lage, ex-proprietário do frigorífico, dará ênfase na expansão de suas usinas de cana.

O mercado do boi continua seu movimento de estabilidade no final da safra. As negociações na BM&F indicam melhores perspectivas para os preços na entressafra. O grande desafio para sustentação do aumento de preços do boi gordo esse ano é o impacto do dólar nas exportações, junto com a consolidação dos grandes grupos exportadores. Gostaria de convidá-lo a ler o editorial dessa semana, sobre os impactos da bioenergia na pecuária de corte.