Mercado do boi gordo – 30/11/06

O mercado do boi gordo fechou a semana em baixa, porém sinalizando para a estabilização ou, até mesmo, para recuperação parcial dos preços. As notícias e, principalmente, a falta de informações concretas acerca de uma possível “devolução” de carga de carne bovina exportada para a Rússia deixou o mercado especulado durante a semana. O baixo consumo e o recuo das cotações no atacado contribuíram para tirar a sustentação no mercado físico do boi.

O indicador de preços do boi gordo em SP Esalq/BM&F a vista está cotado a R$ 52,59/@, baixa de 2,07% na semana, porém com dois fechamentos em alta desde na quarta-feira, pela primeira vez desde o dia 16/10. As escalas médias em SP que tinham aumentado semana passada tiveram uma pequena redução essa semana.

Gráfico 1. Evolução do indicador Esalq/BM&F, desde 02/10/06

O mercado da carne bovina no atacado teve uma semana de excedentes de oferta e consumo fraco, ocorrendo, entretanto, uma recuperação importante com a aproximação da início de dezembro. O dianteiro com osso, que chegou a cair de R$ 2,60 na semana passada para R$ 2,30 na segunda-feira, já é negociado a R$ 2,40, sinalizando recuperação. O mesmo ocorre para o traseiro e PA, negociados a R$ 4,40 e R$ 2,00, respectivamente. Veja na tabela 1 a faixa de preços negociados no atacado paulista e variações, com dados do Boletim Intercarnes.

Tabela 1. Cotações da carne bovina no atacado paulista em 30/11/06

O equivalente físico do boi no atacado está em R$ 49,62/@ pelas cotações máximas negociadas, com isso o spread Esalq/BM&F – equivalente físico se reduziu para R$ 2,97. É importante uma recuperação no atacado para dar sustentação ao preços do boi gordo no físico, e a virada do mês, junto com a injeção do 13ª salário na renda, pode favorecer o mercado interno.

O dólar, que na baixa é importante fator de pressão nas cotações por “encarecer” o boi em dólares, chegou a bater R$ 2,1862 na terça-feira, mas recuou para R$ R$ 2,166 ontem. No balanço da semana, fechou com variação negativa de 0,07%, quase estável.

O indicador Esalq/BM&F em dólares vale US$ 24,28/@, -2,00% na semana. Este valor chegou a US$ 29,62/@ no pico de preços do boi este ano (em 16/10, quando o Esalq/BM&F estava em R$ 63,15/@), valor considerado alto em relação à exportação, mesmo com a elevação do preço médio da carne exportada este ano. A relação entre preços do boi com as exportações durante novembro serão analisadas assim que os dados do MDIC sobre exportações forem disponibilizados.

Note no gráfico 2 a tendência de alta dos preços em dólares iniciada em 2002 e os valores muito acima da média (US$ 20,64) atingidos em 2006.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F – boi gordo em US$/@

Entre as praças pecuárias levantadas pelo iFNP, 18 das 24 fecharam a semana em baixa, sendo que houve retrações de até R$ 3,00 MG e no PA. A praça noroeste paulista fechou com baixa de R$ 1,00 no balanço da semana, com a recuperação de R$ 1,00 ocorrida em 29/10, hoje cotada a R$ 53,00/@ a prazo. Em SP e MT escalas médias tiveram pequena redução, e em GO, MG e MS se alongaram, na média, em 1 dia.

Um levantamento do BeefPoint mostrou que em uma amostra de 57 confinamentos brasileiros, em 20 de 90% a 100% dos animais foram desovados entre janeiro e outubro deste ano. O saldo geral para novembro e dezembro era de 36% no confinamento, com redução significativa durante o mês de novembro (clique para acessar a pesquisa).

Gráfico 3. Preços do boi a prazo em SP, MT e MS

O mercado do bezerro acompanhou em parte o recuo e o indicador Esalq/BM&F bezerro/MS fechou a semana com -0,37%, cotado a R$ 366,60/cabeça a vista. A relação de troca, com o recuo mais significativo no boi, caiu de 1:2,41 para 1:2,37 em uma semana. Em diversas regiões, as cotações recuaram na reposição, segundo os dados do iFNP, indicando um arrefecimento do mercado de bezerros.

Tabela 2. Cotações no mercado físico

No mercado futuro, o contrato para novembro/06 se encerrou ontem em R$ 52,60/@, quase estável ao que foi negociado há uma semana atrás. Durante a semana, a maioria dos vencimentos futuros, especialmente os mais curtos, estiveram bastante pressionados, e nov/06 ficou mais estável por estar “amarrado” à evolução do indicador Esalq/BM&F, pela proximidade do encerramento.

Dezembro/06, que concentra o maior volume de contratos em aberto, acabou fechando a semana em +4,14%, principalmente devido à recuperação do Esalq/BM&F nos dois últimos dias e seu reflexo nos preços negociados, e fechou ontem em R$ 52,31/@. O contrato para mai/07 fechou a semana com alta de 2,58%, cotado a R$ 51,28.

Gráfico 4. Evolução dos contratos para nov/06, dez/06 e mai/07

Tabela 3. Cotações no mercado futuro