No cenário da economia mundial, tivemos recentemente um momento de crise, com início nos EUA que abalou fortemente a situação de muitos países, seguido por incentivos do governo para retomar o crescimento desses países, que hoje estão até freando o crescimento da economia. Hoje temos a questão das dívidas de países europeus, como a Grécia, que nos coloca em dúvida sobre os efeitos que poderá causar no crescimento da economia mundial. No Brasil, o aumento de emprego e de renda, fez aumentar o consumo e os preços. Na pecuária o que vemos é uma restrição na oferta, indicada pelo aumento no abate de fêmeas. As exportações continuam constantes, mas podem ser afetadas pela desvalorização do real e do euro. Baseado na palestra de José Carlos Hausknecht, sócio-diretor MB Agro Consultoria, apresentada no dia 20 de maio, durante o Workshop BeefPoint Mercado do Boi
No cenário da economia mundial, tivemos recentemente um momento de crise, com início nos EUA que abalou fortemente a situação de muitos países, seguido por incentivos do governo para retomar o crescimento desses países, que hoje estão até freando o crescimento da economia. Hoje temos a questão das dívidas de países europeus, como a Grécia, que nos coloca em dúvida sobre os efeitos que poderá causar no crescimento da economia mundial.
Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), as projeções para o ano 2010 eram pessimistas. Em abril de 2009 considerava-se que o crescimento para os países desenvolvidos no ano seguinte fosse nulo. Devido ao início dos incentivos, as previsões começaram a subir, chegando a um crescimento mundial ao redor de 4%, considerado bastante significativo.
Países desenvolvidos tiveram um crescimento menor, sendo que os países europeus tiveram maior dificuldade em retomar o crescimento em relação aos EUA, por exemplo, que atingiu um índice de 3,1%, maior do que as previsões de crescimento antes da crise. O Japão também apresentou níveis de crescimento muito bons para o padrão japonês. Isso mostra um aquecimento de toda a economia.
A China, através da implantação de pacotes econômicos, conseguiu retomar, 0 crescimento, atingindo índices de 11,9%, voltando aos patamares anteriores à crise.
A questão da dívida de alguns países europeus é a grande dúvida, pois não se sabe qual será o seu efeito na economia mundial; não se sabe se o pacote anunciado irá surtir os efeitos desejados; e fica a dúvida de quem irá bancar a reconstrução da economia grega.
Essa crise pode ser considerada uma crise bancária e é complicado para um país que está endividado pagar uma dívida se ele está em recessão. Se olharmos o crescimento da zona do Euro, os países como França, Alemanha e Itália apresentaram um crescimento significativo, atingindo índices superiores aos pré-crise, fazendo com que esses países possam sustentar o déficit dos países em situação criticas na zona do Euro. Uma das conseqüências dessa crise é a desvalorização do euro, o que poderá favorecer a competitividade européia, aumentando as exportações.
Em relação à cotação das moedas, está ocorrendo à valorização do Dólar em relação a outras moedas, seguindo pela desvalorização do Euro e provavelmente do Real também, aumentando a competitividade de produtos europeus e brasileiros e considerada favorável para as exportações.
Em relação às commodities, existe uma relação inversamente proporcional a valorização do dólar. Assim, o preço de produtos como petróleo e soja tendem a cair. O mesmo pode ocorrer para a carne bovina, porém essa desvalorização poderá ser compensada com a queda do Real, ficando a dúvida se o balanço final será positivo ou negativo.
A economia brasileira está em um momento de grande crescimento, e está até sendo freada pelo aumento das taxas de juros pelo Banco Central. O crescimento no primeiro trimestre de 2010 foi de 8% em relação ao mesmo período em 2009. O que é claramente insustentável.
Em relação às indústrias, que foram as mais afetadas durante a crise, a taxa de utilização da capacidade instalada voltou a subir, mostrando uma sensível retomada no crescimento desse setor. Esse crescimento se deu devido ao aumento das vendas no varejo e aos investimentos do governo que, estão aumentando, agora que estamos em ano eleitoral.
Em 2010, houve também o crescimento na geração de empregos e na renda da população. Com isso, as vendas aumentaram, e consequentemente os preços também subiram, influenciando nas taxas da inflação, que se aproxima do valor do teto estipulado pelo Governo que é de 6,5%, podendo até ultrapassar esse valor. Com isso o governo poderá criar medidas de contenção de despesas e aumento da taxa de juros para tentar conter a inflação. Esse aumento da renda deve influenciar de forma positiva o consumo de carne.
Na pecuária, podemos observar a queda no abate de vacas, que teve início em 2007, indicando que o ciclo pecuário ainda não terminou, estando ainda com redução de oferta. Essa redução pode ser notada no preço do bezerro teve uma queda no período da crise, mas aumentou consideravelmente após a volta do crescimento da economia. Esse preço está sustentando o processo de retenção de matrizes.
Nossos concorrentes de mercado, Argentina, EUA e Uruguai também tiveram aumento no abate de fêmeas nos últimos anos, mostrando que os fornecedores de carne para o mercado externo também estão com restrição de oferta. Em um segundo momento isso pode favorecer o Brasil a aumentar seu volume de exportação e os preços pagos pela carne brasileira.
No Brasil as exportações, no geral, ainda não apresentaram aumento, se mantendo constantes, com dificuldade no aumento dos preços. Mas alguns mercados específicos, como o Irã, tiveram um aumento expressivo.
Em relação aos países produtores de petróleo que no geral são clientes importantes da carne brasileira, é importante lembrar que o petróleo sofreu queda, mas a tendência ainda é de recuperação do preço – caso não haja outra recessão -, com tendencia de alta. O outro ponto deve ser ressaltado é que essas economias estão ligadas ao Dólar. Se o Dólar sobe, cai o preço da carne em Real para esses países, aumentando a competitividade da carne brasileira.
Em relação ao preço do boi gordo nos diferentes países, EUA, Argentina e Uruguai tiveram aumento dos preços, mostrando uma oferta bastante restrita no mercado internacional.
No mercado interno brasileiro, espera-se um aumento de consumo devido ao aumento da renda, porém, a concorrência com a carne de frango e a alta dos preços da carne bovina devido à oferta restrita, poderá interferir nesse aumento. Ou seja, com o preço mais baixo do frango deve ocorrer um movimento maior de substituição.
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