Mercados Futuros – 12/12/07
12 de dezembro de 2007
Preços médios da carne bovina in natura exportada pelo Brasil
14 de dezembro de 2007

Mercado do boi tem semana de baixa com aumento da oferta

Semana de baixa no mercado do boi gordo. Na sexta-feira, 7 de dezembro, o indicador começou a recuar. O principal motivo para esta queda é o aumento de animais para abate ofertados aos frigoríficos, que têm conseguido comprar uma quantidade maior de animais e alongar suas escalas. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista já acumulou desvalorização de 3,26% na semana, cotado a R$ 74,77/@.

Semana de baixa no mercado do boi gordo. Na sexta-feira, 7 de dezembro, o indicador começou a recuar. O principal motivo para esta queda é o aumento de animais para abate ofertados aos frigoríficos, que têm conseguido comprar uma quantidade maior de animais e alongar suas escalas.

Esta semana foram divulgadas notícias a respeito de um possível embargo europeu à carne brasileira. Após a auditoria de uma missão européia, no mês passado, que constatou falhas no controle sanitário e no sistema de rastreabilidade brasileiros, se fala em um possível aumento no embargo à carne brasileira ou na diminuição do número de plantas habilitadas a exportar à UE.”Não acredito em embargo. Isso é boato. Mas poderão ocorrer algumas restrições, sim”, completou o ministro Reinhold Stephanes.

O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista acumulou desvalorização de 3,26% na semana, cotado a R$ 74,77/@, nesta quarta-feira. O indicador a prazo também recuou, com queda de 3,21% (R$ 2,51), sendo cotado a R$ 75,57/@. O preço da arroba do boi gordo a prazo, em São Paulo, ainda está R$ 3,92 (5,47%) mais alto, em relação à cotação de um mê atrás, quando o indicador foi cotado a R$ 71,65/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista e a prazo


Nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgou a Pesquisa Pecuária Municipal de 2006, que traz o levantamento dos dados de todos os 5.564 municípios do país. O total de bovinos apurado pela pesquisa foi de 205,9 milhões de cabeças. Frente ao volume registrado em 2005 (207,1 milhões) ocorreu uma redução de 0,6%. Os estados de MS e MT tiveram reduções maiores de 2% no ano.

Tabela 2. Comparação entre os resultados da Pesquisa Pecuária Municipal de 2005 e 2006


No mercado futuro, o aumento das escalas de abate, redução dos preços no mercado físico e as notícias do possível embargo da UE, reforçaram a espectativa baixista para o mercado do boi gordo e provocaram recuo em todos os vencimentos, nesta quarta-feira.

Em relação a semana passada, dezembro/07 acumulou baixa de R$ 0,51, fechando a R$ 72,05/@, no último pregão. O maior recuo acumulado, ocorreu nos contratos com vencimento em janeiro de 2008, -R$ 1,35, que fechou a R$ 65,74/@. Acompanhe as variações semanais no gráfico a seguir.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 05/12/07 e 12/12/07


No mercado físico, os frigoríficos continuam pressionando as cotações do boi gordo, frente a maior oferta de animais e a maior facilidade nas compras. A maioria dos frigoríficos conseguiu alongar suas escalas e alguns já possuem animais para abater até próximo do Natal. Em todo o país as escalas estão acima de 6 dias.

Resta saber se esse volume permanecerá constante durante toda a safra ou está sendo mascarado, por produtores que não aderirão ao novo Sisbov e estão vendo animais rastreados no sistema antigo. Os animais rastreados no antigo Sisbov poderão ser abatidos até o dia 31 de dezembro, quando entram em vigor as novas regras. Após esta data o produtor que não tiver sua propriedade reconhecida como ERAS perderá o status dos animais rastreados até o momento.

Foram registrados recuos nas cotações do boi gordo em SP, MS, MT, GO, PR, MG, RO e MA. Nos estados do PA, BA, TO, e RS algumas praças apresentaram variações positivas nos preços do boi gordo. Em algumas dessas regiões, segundo colaboradores do BeefPoint, ainda não choveu o suficiente para promover a recuperação dos pastos, atrasando assim o início da oferta de animais da safra.

Tabela 3. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 05/12/07



No Rio Grande do Sul, apesar da alta de R$ 0,05 no quilo do boi gordo na região central do estado (R$ 2,45/kg), o mercado segue pouco agitado, com preços estáveis. Um fato interessante no RS é a tentativa de importação de animais do Uruguai, para abate no Brasil, uma vez que no país vizinho os preços estão menores do que no estado gaúcho. Segundo informantes do BeefPoint, a primeira importação não foi muito bem sucedida, pois os animais ficaram retidos um longo período na fronteira, em cima de caminhões, tornando a operação menos atrativa.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista continua se valorizando, nesta quarta-feira foi cotado a R$ 480,69/cabeça, valor 0,32% acima da semana passada. A valorização desse indicador, somada a queda nos valores do indicador de boi gordo, fez a relação de troca recuar para 1:2,57, tornando assim a reposição menos atraente nesse momento.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)


A reposição segue pouco ofertada e os preços do gado magro continuam se valorizando em todas as regiões do Brasil. O leitor do BeefPoint, Manoel Torres Filho, de Tupi Paulista/SP, comenta que o mercado está firme, tanto para bezerros quanto para bezerras, inclusive com compradores de outras regiões do estado.

Wilson Tarciso Giembinsky, comenta que na região de Guarda-Mor/MG, no oeste mineiro, “a última chuva boa foi dia 14 de abril, normalmente chove em outubro, não choveu nada, de meados de novembro até hoje só tem dado chuviscos de 10 a 12mm”. Com problemas para manter o gado, devido a falta de pasto, ele informa que vendeu machos de 8 a 15 meses, com 185 kg, a R$ 382,00.

No atacado da carne bovina, as cotações dos três cortes primários apresentaram recuo essa semana. O traseiro (R$ 5,80) teve queda de R$ 0,10, o dianteiro (R$ 3,40) e a ponta de agulha (R$ 3,30) tiveram variação negativa de R$ 0,20. Assim o equivalente físico foi calculado em R$ 68,09/@, valor R$ 2,28 menor do que dia 5 de dezembro. No mesmo período, o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico se reduziu R$ 0,24, ficando em R$ 6,69/@. Vale lembrar que quanto menor o spread maior será a margem bruta do frigorífico.

Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico

0 Comments

  1. Manoel Terra Verdi disse:

    O que mais me deixa perplexo; neste momento de grande agitação da pecuária nacional, com pecuaristas que não ingressaram no novo SISBOV fazendo fila na escala dos frigoríficos, como se o mundo fosse acabar quando os DIAs de seus poucos bois prontos (?) perderem a validade, e com esta atitude derrubar mais os preços que os tradicionais R$ 3,00 que separam o preço do boi rastreado do comum; é que se acha tempo para discutir possíveis embargos do União Européia à nossa carne.

    A discução que deveria se impor neste momento é a proximidade da data limite do velho SISBOV, se o mercado de gado para abate tem condições que ser abastecido por bois que já ingressaram no novo sistema.

    Os pecuaristas que tem bois terminados e incluidos no novo sistema precisam ficar atentos para a escassez deste tipo de animais a partir do inicio do ano, talvez se reconsigua estabelecer uma nova realidade de preços.

  2. Manoel Terra Verdi disse:

    continuação…
    (enviamos sem querer o inicio desta carta)
    A discução que deveria se impor neste momento é a proximidade da data limite do velho SISBOV, se o mercado de gado para abate tem condições que ser abastecido por bois que ja ingressaram no novo sistema.
    Os pecuaristas que tem bois terminados e incluidos no novo sistema precisam ficar atentos para a escasses deste tipo de animais a partir do inicio do ano, talvez se reconsigua estabelecer uma nova realidade de preços.

  3. Alberto Baggio Neto disse:

    Tem frigorífico aqui no Paraná que não está abatendo nada. Só estão “matando as moscas” que pousam na mesa dos compradores de gado gordo.

    As escalas aqui podem ser resumidas assim:
    1- comprando hoje para abater AMANHÃ
    2- alta ociosidade de abate [60%]