O mercado do boi gordo segue firme daqui para frente. A informação é do zootecnista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa.
Pela oferta de mercado, segundo ele, o preço não teria como recuar. Muitos frigoríficos preferiram reduzir abates, adotando escalas curtas. Algumas indústrias trabalharam nos últimos dias com apenas 50% de sua capacidade porque não estavam tendo resposta do mercado de carne e couros, bastante frouxos no período.
O mercado também é influenciado pelo clima. O frio, em muitas regiões do País, também está tirando o comprador de boi magro do mercado. A demanda diminuiu bastante também para animais de desmama.
Nas últimas três semanas de maio e na primeira semana de junho o recuo de preços foi de 4%. Só na última semana o percentual somou 2,5%. O bezerro no Paraná, por exemplo, que estava com cotação superior a várias praças chegou perto dos níveis de preços praticados em São Paulo e Minas Gerais.
O preço médio da desmama está em R$ 386,00. O recuo mudou a relação de troca do boi gordo pelos animais mais jovens e hoje essa relação está 3% pior do que o praticado no mercado de São Paulo. ”O poder de compra do invernista de São Paulo está 3% superior ao do Paraná,” garantiu Rosa. Em São Paulo, segundo ele, a relação de troca está em 2,28 e no Paraná em 2,22 (para bezerros desmamados).
O analista acredita que o mercado deverá continuar com preços estáveis para os animais mais erados e, no caso dos mais novos, a tendência é de queda em função da época do ano.
”Tem gente apostando que o bezerro desmamado, no médio prazo, deverá ficar em R$ 350,” revelou. Mesmo com tendência de recuo é preciso esperar pela demanda, avisou.
Em comparação com o ano passado, o poder de compra do invernista está 9,4% superior neste ano, disse Rosa. Em 2002 a relação de troca no mesmo período era de 2,03 e hoje está em 2,22. Mesmo assim, a relação de troca do Paraná ainda é a mais baixa de todo o País.
O prognóstico para aumento da arroba do boi no pico da entressafra continua. Um estudo da Scot Consultoria, com análise dos últimos 10 anos, com base no mercado paulista entre os meses de maio a outubro, mostra valorização de 18% na cotação, o que indica uma arroba acima dos R$ 63.
”Estamos apostando num valor entre R$ 63 a R$ 65,” afirmou Rosa. No caso do Paraná, segundo ele, há sempre uma defasagem de R$ 2 em relação ao mercado paulista. ”Se tudo correr bem, as exportações crescerem, o dólar voltar para a casa dos R$ 3,20/3,30 e o mercado interno não piorar o consumo, essa valorização deverá se concretizar”.
Confinamento
Está previsto crescimento de 5% no confinamento em todo o País este ano, avisa o analista. Segundo ele, todos os grandes frigoríficos têm confinamentos e já se programaram para o período. Muitos com 50 mil bois a confinar.
O pequeno confinador, no entanto, vai ter que trabalhar com alimentos caros para manter os animais. A queda na cotação do milho pode ajudar, acredita Rosa.
A estimativa, no total, é de 1,5 milhão de cabeças confinadas em todo o Brasil. O volume, no entanto, não é suficiente para atender a demanda do mercado por seis meses, que também é atendido pelos animais em semi-confinamento e os mantidos em pasto diferido.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint