Atacado – 11/06/08
11 de junho de 2008
Oferta pequena segue sustentando alta do boi gordo
13 de junho de 2008

Mercado firme, boi não aparece com novo reajuste de preços

O mercado do boi gordo fecha mais uma semana de alta. A oferta restrita tem garantido a firmeza dos preços da arroba. Em todas as regiões, frigoríficos reajustaram os preços pagos ao produtor, mas mesmo assim as escalas não andaram como desejado. Na semana, a variação média diária do indicador Esalq/BM&F (à vista) foi de +R$ 0,70. O indicador a prazo foi cotado a R$ 91,99/@.

O mercado do boi gordo fecha mais uma semana de alta. A oferta restrita tem garantido a firmeza dos preços da arroba. Em todas as regiões, frigoríficos reajustaram os preços pagos ao produtor, mas mesmo assim as escalas não andaram como desejado. Na tentativa de contornar o problema da compra de gado, muitas indústrias já diminuíram o número de animais abatidos e algumas estão pulando dias de abate.

Na semana, a variação média diária do indicador Esalq/BM&F (à vista) foi de +R$ 0,70; nesta quarta-feira o indicador foi cotado a R$ 90,61/@, registrando variação de 3,99% na semana. O indicador a prazo foi cotado a R$ 91,99/@, alta de 4,45% (R$ 3,92).

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


De acordo com o InfoMoney, ocorreu desvalorização da moeda norte-americana em âmbito internacional, por conta das declarações de membros do Banco Central Europeu que indicaram uma probabilidade de elevar o juro da região. Nova escalada nos preços das commodities também afetaram o valor do dólar nas negociações globais. Uma vez aumentada a diferença frente à taxa praticada nos Estados Unidos, o efeito de um aperto monetário no país perderia força sobre o valor da divisa.

Segundo o site, a divulgação do Beige Book – compêndio econômico dos Estados Unidos realizado pelo Federal Reserve – não trouxe grandes surpresas: apenas ressaltou que a economia norte-americana segue fraca de maneira geral e o consumo do país encontra-se pressionado. As confirmações do documento ajudaram a corroborar a noção de fraqueza da divisa norte-americana.

Apesar desta situação, nesta quarta-feira, o Dólar compra apresentou valorização de 0,22%, sendo cotado a R$ 1,6420. Na semana a variação foi de +0,74%. Mesmo com a moeda americana se valorizando frente ao Real, o aumento do preço da arroba fez a cotação do boi gordo em dólares subir novamente. Hoje a arroba do boi brasileiro vale US$ 55,18/@, 3,23% a mais do que na quarta-feira da semana passada e 91,19% mais do que no mesmo período de 2007.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista, em R$ e em US$


No mercado físico a semana foi marcada pela lentidão nos negócios e por altas consecutivas nos preços da arroba. Com exceção da Bahia, em todas as regiões pesquisadas pelo BeefPoint os preços subiram e mesmo assim a oferta não apareceu.

Realmente o número de animais disponíveis para abate é menor do que nos últimos anos, mas alguns agentes do mercado, consultados pelo BeefPoint durante a pesquisa de preços, acreditam que também exista alguma retenção de animais que está influenciando a restrição de oferta.

O pensamento é o seguinte: com uma arroba de R$ 100,00 (preços pretendidos para outubro na BM&F) maiores investimentos como suplementação a pasto, semi-confinamento, confinamento, se tornam viáveis. Assim, o pecuarista prefere suplementar seu animais e esperar a variação de preço, além de conseguir algumas arrobas a mais. Alguns frigoríficos já reportam o abate de lotes mais pesados, que pode ser entendido como um reflexo da retenção de animais no pasto.

Em São Paulo, frigoríficos já fixaram preços de balcão a R$ 90,00/@, mas diante da oferta pequena já aceitam negociar e pagar preços mais altos. Mesmo com a elevação das ordens de compra, as escalas não andaram a contento e nos frigoríficos paulistas as programações giram em torno de 3 dias. No MS algumas plantas informam que já têm animais comprados até o dia 20, mas de maneira geral, os frigoríficos sul-matogrossenses trabalham com escalas de 5 dias.

Outro fator que influencia a decisão de enviar os animais ao abate ou segurar mais um pouco é o preço da reposição que segue em alta constante. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 692,79/cabeça, alta de 2,64% na semana. Em relação ao dia 11 de junho de 2007, essa cotação teve valorização de 62,73%.

Com o boi gordo apresentando valorização de 4,45% – maior do que a valorização do bezerro – a relação de troca subiu para 1:2,16.

Compradores que atuam no Mato Grosso do Sul comentam com que a oferta está um pouco maior, mas mesmo assim os preços seguem em alta. Sérgio Paschoal, do Escritório Pantaneiro, de Campo Grande disse que no estado o bezerro vale R$ 700,00.

Na BM&F, os preços continuam subindo, acompanhando a firmeza do indicador Esalq/BM&F. Nesta semana, os contratos com vencimento em outubro/08 atingiram os tão esperados R$ 100,00/@ e seguem firmes. O primeiro vencimento, junho/09, apresentou variação de +R$ 3,94, fechando a R$ 94,63/@, nesta quarta-feira. No último pregão, o outubro fechou a R$ 101,80/@ registrando variação de R$ 2,81.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 04/06/08 e 11/06/08


Neste momento, muitos frigoríficos alegam que o mercado de carne não está acompanhando a alta da arroba e que estão tendo dificuldades para repassa os aumentos ao varejo. Chega a se especular que, com preços atuais, o consumidor já começa a substituir a carne bovina por outros alimentos.

Pesquisa do Procon de São Paulo, sobre os itens da cesta básica, aponta que na semana passada o Kg da carne de primeira era vendido a R$ 10,40 no varejo paulista. A pesquisa mensal do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta valores mais altos; em maio, a Pesquisa da Cesta Básico registrou o valor de R$ 11,09/kg.

Gráfico 3. Preços da carne bovina no varejo de São Paulo


No atacado, segundo o Boletim Intercarnes, efetivamente a procura está mais retraída, em função da constante alta que ocorre e que não está sendo bem recebida pelo consumidor final. De outro lado, as ofertas também não evoluem, mantendo o mercado aparentemente em equilíbrio. Ainda que a pretensão dos frigoríficos seja por novas altas, os preços apresentam-se mais estáveis.

Na semana, o traseiro teve valorização de 1,67%, enquanto o dianteiro e a ponta de agulha subiram 4% e 4,88%, respectivamente. O equivalente físico apresentou variação positiva de 2,83%, sendo calculado em R$ 82,73/@. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente ficou em R$ 7,89/@, valor acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 6,54/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


Com US$ 7,5 bilhões em exportações e superávit de US$ 6,6 bilhões em maio, o Brasil fechou os últimos 12 meses com a marca histórica de US$ 64 bilhões de exportações do agronegócio, valor 18,3% acima do exportado entre junho de 2006 e maio de 2007.

Apesar do bom desempenho e das vendas externas de carnes apresentarem crescimento de 39,8% em comparação a maio de 2007, atingindo o valor de US$ 1,4 bilhão e de elevação no preço médio da carne exportada, exportadores apontam dificuldades em repassar os aumentos para os mercados internacionais.

Segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a crise mundial dos alimentos chegou também às carnes. A forte aceleração dos preços nos últimos meses está fazendo com que muitos países pisem no freio das importações.

Associação informa que o embargo europeu e os preços elevados deverão derrubar as exportações de carne neste ano. A estimativa é que os embarques reduzam pelo menos 20%. Com isso, o total deverá ficar em 2 milhões de toneladas, contra cerca de 2,5 milhões de toneladas em 2007. Entretanto, o faturamento deve ser 10% maior, impulsionado pela alta dos preços, chegando a US$ 5 bilhões.

“A solução para a crise de alimentos virá com o aumento da produção”, apontou Roberto Gianetti da Fonseca em sua primeira entrevista como presidente da Abiec. Para ele, são necessários preços remuneradores e novos investimentos no setor, incluindo a rastreabilidade.

Durante esta semana, o Brasil sediou reuniões internacionais nas quais se discutiu a segurança dos alimentos e controle de doenças que afetam o setor agropecuário. Para o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, a segurança alimentar começa na saúde dos animais. A importância do combate a essas doenças foi tema central da sua palestra na 11ª Reunião do Comitê Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (COHEFA), realizada nesta segunda-feira (9), no Rio de Janeiro. “O impacto das doenças animais excede 20% na produção de animais em todo o mundo”, informou.

Em um encontro com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, Vallat elogiou o trabalho que o governo brasileiro tem realizado na área de sanidade animal, principalmente para a erradicação da febre aftosa.

Durante a mesma reunião, o governo brasileiro apontou que Bolívia, Venezuela e Equador ainda estão com as ações de combate à aftosa aquém do acordado no Plano Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), cujo prazo para erradicação da doença termina em 30 meses.

Ao final do encontro foi decidida a criação de um grupo de trabalho que visitará os três países para conhecer a situação em que se encontram. Com as autoridades governamentais, o grupo definirá metas e data para que essas ações de erradicação sejam cumpridas.

Para o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz, melhorar a situação sanitária na América do Sul em relação à febre aftosa “não é só uma necessidade econômica, mas um ato de inteligência e de visão do futuro”. Ele preside a 15ª Reunião Interamericana em Nível Ministerial sobre Agricultura e Saúde, a RIMSA 15, que acontece no Rio de Janeiro.

“São tão evidentes os benefícios econômicos resultantes da eventual erradicação da doença que, às vezes, é difícil compreender que se façam os necessários esforços técnicos e ações de campo”, completou.

Também no início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discutiu a necessidade de tomar medidas para reduzir a dependência de fertilizantes importados, cujos preços estão em franca ascensão. A questão, porém, esbarrou em problemas ambientais, em mudanças legais e na resistência da Petrobras em destinar mais gás para produção de adubos. Leia mais.

0 Comments

  1. Marcelo G. Boskovitz disse:

    O consumo da carne caiu! Verdade, mas só o traseiro, porque o dianteiro disparou de consumo e depois claro no preço! Para entender é só consultar a tabela acima apresentada de maneira sempre clara e objetiva pela equipe do BeefPoint!

    Aqui no Paraná o churrasco continua em alta! Preferencia geral!

    O boi esta apenas corrigindo valores!

    Abraços a todos, e o melhor remedio ainda é escala curta! Boi no PR 90-91,00 vista livre!

  2. Roberto Ferreira da Silva disse:

    Cadê a tal bancada ruralista para atuar na contenção dos aumentos dos insumos para produção?