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Mercado futuro III

O mercado futuro tem como objetivo a proteção “hedge” para os preços no futuro.

Sempre é bom repetir que o pregão da BMF não negocia bois e sim valores para a @ no futuro. A liquidação dos contratos se dá através de transação financeira.

As dúvidas mais freqüentes com relação a operação em bolsa são:

1 – O valor da @ é em SP, como posso negociar em MT, por exemplo?

Existe o diferencial de base, que nada mais é que a diferença entre a base de operação dos preços e o local onde se encontram os bois.

Sabendo-se que o diferencial de base entre SP e MT é de aproximadamente R$6,00, por exemplo, ao se negociar, subtraia este diferencial para saber o preço na região em que está os bois.

2 – Como efetuar o pagamento e recebimento do ajuste diário?

A negociação em bolsa é efetuada através de uma corretora. Deve-se abrir uma conta na corretora onde os ajustes são debitados e creditados. A maioria das corretoras mantém nesta conta um volume de dinheiro que cobre os ajustes por um certo período evitando a necessidade da movimentação diária.

3 – O contrato só encerra na data final?

A liquidação de um contrato pode ocorrer a qualquer momento durante a vigência do contrato, bastando para isso efetuar a operação inversa. Um produtor que abre um contrato de fixação de preço de venda encerra o contrato através de um contrato de fixação de preço de compra. Na data limite do contrato esta operação é automática.

4 – Como funciona a operação?

Através de uma corretora, o produtor vende contratos de fixação de preço para uma data específica no futuro.

Como exemplo temos a seguinte simulação; A venda de 3 contratos no dia 14/04/2.003 ao preço futuro de R$63,20 para vencimento em outubro de 2003.


No dia 14/04/03 a @ de boi foi negociada no pregão da BMF à R$63,20. A venda de 3 contratos significa que o meu preço passou a ser fixado em R$63,20.

No dia 16/04/03 o pregão finalizou as operações à R$62,90. Neste caso, o diferencial para a ultima cotação, foi de R$0,30 por @ e R$297,00 pelos 3 contratos.

Como eu havia fixado meu preço em R$63,20 e o preço da @ caiu, eu recebi em minha conta na corretora R$297,00 pelos 3 contratos, ou seja 990@ e meu preço fixado para outubro de 2.003 passou a ser R$62,90.

O preço da @ foi caindo diariamente, como mostra o quadro de simulação, gerando um acumulo de ganhos, totalizando no dia 30/04/2003 a quantia de R$3.069,00 depositado em dinheiro em minha conta.

Neste dia o meu preço para outubro estava em R$59,84. Eu poderia efetuar a operação inversa, comprar 3 contratos de @ de boi para vencimento em outubro, zerando minha posição e lucrar nesta operação o saldo acumulado em minha conta.

Como resolvi continuar com os contratos em aberto, no dia 2/05/03 o pregão registrou uma alta de R$0,26 por @ e eu tive debitado em minha conta R$257,40 pelos 3 contratos. Neste dia meu saldo passou a ser de R$3.069,00, e o valor da minha @ para outubro em R$60,10.

No vencimento dos contratos o valor da @ no pregão se iguala ao valor de mercado da @.

Supondo que dia 05/05/03 fosse a data de vencimento do contrato eu teria:

Valor da @ na data e vencimento: R$60,47
Saldo em minha conta: R$2.702,70 , ou seja R$2,73 pelas 990@ dos 3 contratos.

No vencimento eu vendo meus bois no mercado pelo preço de R$60,47/@. Com os R$2,73/@ que recebi em minha conta corrente no período, o preço final fica igual ao que travei no inicio do contrato, ou seja R$63,20/@.

0 Comments

  1. ANTONIO CARLOS LIBERATTI disse:

    Nesta operação foi mostrado que não perdi, pois o preço foi caindo. E se a operação fosse inversa eu perderia? Quem ganharia?

    Pois no artigo diz que “nos vencimentos dos contratos, o valor da @ se iguala ao valor do mercado”.

    Gostaria de uma explicação, se possível, de uma operação inversa, pois ficou um pouco confuso.

    Resposta do autor:

    Sr. Antonio Carlos Liberatti,

    O mercado futuro de produtos agropecuários é regido por duas forças: O Produtor Rural fixando o preço da sua produção no futuro, procurando garantir seu lucro e o especulador tentando ganhar dinheiro no futuro com a variação do preço.

    Tenho dito em meus artigos que o produtor rural age como especulador, pois somente sabe se vai ter lucro ou prejuízo na sua produção no momento da comercialização, o que torna a atividade muito arriscada.

    A profissionalização do meio rural tem como objetivo tornar o produtor rural um empresário, consciente dos riscos da atividade, capacitado a calculá-los e determinado a utilizar as ferramentas disponíveis para minimizá-lo.

    O Mercado Futuro de Commodities Agropecuárias é a ferramenta perfeita para o empresário rural que sabe corretamente seus custos, fixar o preço de venda futura de sua produção, garantindo seu lucro.

    Independente da forma como o mercado se movimente durante a vigência do contrato, o preço fixado estará garantido.

    Para que ocorra a contratação junto à BMF (Bolsa de Mercadorias e Futuros), devem existir dois agentes: O Empresário Rural fixando o preço futuro de seu produto, garantindo seu Lucro e o Especulador comprando esse produto a futuro, acreditando que o preço irá subir, auferindo lucro.

    A operação, em mercado futuro na BMF, deve ser feita através de uma corretora credenciada.

    Supondo a mesma operação exemplificada no artigo, porém com o preço se elevando teremos:

    Simulação de operação em futuros


    Movimentação diária

    No dia 14/04/03, a @ de boi estava sendo negociada durante o pregão da BMF à R$56,80. A venda de 3 contratos significa que o meu preço passou a ser fixado em R$56,80. No fechamento do pregão, o preço do ajuste diário foi fixado em R$57,00 por @, portanto o ajuste foi de +R$0,20 por @. Como fixei meu preço à R$56,80 por @, tenho que depositar R$198,00 do ajuste nos 3 contratos.

    O Especulador que me contrapôs nesta operação estava com sorte, como especulador, ganhou os R$198,00.

    No dia 16/04/03, o pregão finalizou as operações à R$56,50. Neste caso, o diferencial para a ultima cotação, foi de -R$0,50 por @ e R$495,00 pelos 3 contratos. Neste caso, eu recebi R$297,00 líquidos nos três contratos, pois havia pago R$198,00 no dia 14/04/03 e o Especulador num dia de azar perdeu R$495,00.

    O ajuste diário se refere à diferença do preço da @ de boi do dia, no fechamento do pregão, em relação ao fechamento do dia anterior.

    O preço da @ foi subindo diariamente, como mostra o quadro de simulação, gerando um acumulo de depósitos que fiz, totalizando no dia 30/04/2003 a quantia de R$1.029,60 depositados em dinheiro na conta da BMF. Neste dia o meu preço para outubro estava em R$57,84.

    No vencimento dos contratos o valor da @ no pregão se iguala ao valor de mercado da @.

    Supondo que dia 05/05/03 fosse a data de vencimento do contrato eu teria:

    Valor da @ na data e vencimento: R$58,47
    Saldo em minha conta seria negativo: R$1.653,30 pelas 990@ dos 3 contratos, ou seja R$1,67/@.

    No vencimento eu vendo meus bois no mercado pelo preço de R$58,47/@. Com os R$1,67/@ que depositei no período, o preço final fica igual ao que fixei no contrato, ou seja R$56,80/@.

    Deve ficar claro que eu não perdi R$1,67/@ ou R$1.653,30 nos três contratos. Este valor que eu depositei ao longo da vigência do contrato é a diferença entre o preço de mercado no dia do encerramento do contrato e o preço que fixei para garantir o lucro que vislumbrei na contratação.

    O importante é estar ciente de que o mercado futuro de commodities agropecuárias não é uma ferramenta para se ganhar ou perder dinheiro, mas para garantir um preço futuro capaz de cobrir os custos de produção e gerar lucro à atividade.

    Caio Junqueira