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25 de junho de 2009
Mercados Futuros – 26/06/09
29 de junho de 2009

Mercado segue em ritmo lento, com muita especulação e preços sobem em SP

Diante das escalas curtas e oferta enxuta frigoríficos paulistas elevaram os preços ofertados pela arroba do boi gordo e o Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 81,31/@, com alta de 0,68% na semana. No mesmo período, o indicador a prazo teve valorização de 1,15%, sendo cotado a R$ 82,38/@.

Diante das escalas curtas e oferta enxuta frigoríficos paulistas elevaram os preços ofertados pela arroba do boi gordo e o Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 81,31/@, com alta de 0,68% na semana. No mesmo período, o indicador a prazo teve valorização de 1,15%, sendo cotado a R$ 82,38/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

No mercado físico os frigoríficos trabalham com escalas que vão de 4 a 9 dias. Na média as programações atendem a uma semana. Elguns Estados, como São Paulo e Rio Grande de Sul, a entressafra começa a dar as caras e a pressão por novas baixas diminuiu, diante das ofertas reduzidas os preços apresentaram variações positivas. Com menor disponibilidade de animais no mercado muitos compradores trabalharam com mais intensidade a compra de fêmeas, estratégia que não surtiu grande efeito e para fechar negócios é preciso negociar preços e prazo.

No Pará, as ações do Ministério Público Federal, os “embargos” de grandes varejistas e pressões de ambientalistas contra o desmatamento agitaram o mercado fazendo os preços da arroba despencarem e diminuindo o ritmo de negócios. A questão da preservação ambiental será cada vez mais cobrada dos pecuaristas e a cadeia precisa trabalhar melhor sua imagem, diferenciando os bons produtores dos que não se preocupam com tais assuntos. Essa semana publicamos um editorial do Miguel da Rocha Cavalcanti que trata desse assunto de maneira muito interessante, clique aqui para acessar o artigo “Lucrativo e sustentável – exercitando o paradoxo de Stockdale”.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Apesar da leve alta registrada na última quinta-feira, o mercado futuro fechou a semana em baixa, apresentando valorização apenas nos contratos com vencimento em novembro/09 (R$ 89,40/@) e dezembro/09 (R$ 88,90/@). O primeiro vencimento, junho/09, fechou a R$ 81,49/@, com variação acumulada de -R$ 0,35. Na semana, o contrato que vence em outubro/09 teve desvalorização de R$ 0,18, fechando em R$ 88,83/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 18/06/09 e 25/06/09

Segundo o Boletim Intercarnes, praticamente não há alterações significativas no mercado de carnes desde o início da semana. A procura segue a níveis abaixo da regularidade, e as ofertas ainda são apenas regulares. Os preços continuam indefinidos e existe forte especulação no atacado. O traseiro foi cotado a R$ 5,80, o dianteiro a R$ 4,20 e a ponta de agulha a R$ 3,80. Dessa forma, o equivalente físico foi calculado em R$ 73,74/@, com desvalorização acumulada de 0,79% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente subiu para R$ 7,57/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 652,68/cabeça, nesta quinta-feira, registrando uma valorização de 0,85% na semana. A alta nos preços do bezerro causou uma redução na relação de troca, que caiu para 1:2,06.

Os frigoríficos brasileiros deverão conseguir superar apenas em 2010 a retração que atingiu o setor após a crise econômica internacional. Essa é a previsão do presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar.

“As dificuldades que nos foram impostas depois de setembro com a crise financeira ainda não foram totalmente recuperadas. As exportações continuam abaixo da média histórica dos últimos meses anteriores a setembro. Mas elas têm aumentado mês a mês, embora ainda abaixo no comparativo com o ano passado”, diz o presidente da Abrafrigo.

De acordo com ele, apesar da forte retração, o setor tem reagido, mas aos “trancos e barrancos. Eu acredito que no ano de 2009 a gente vai ficar ajustando o tempo todo. E em 2010 a gente vai começar a ver uma luz no fim do túnel. A paralisação e a recuperação judicial de algumas empresas acabaram gerando mercado para outras empresas que permaneceram nele”, considerou.

“Os grandes países emergentes, mais precisamente os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), já demonstram sinais de recuperação econômica enquanto os países ricos permanecem em recessão”, afirma uma reportagem publicada na revista britânica Economist.

A revista lembra que a China e a Índia tiveram desempenho econômico melhor do que o esperado no primeiro trimestre. No Brasil, apesar da pequena queda no período, o crescimento é maior do que a média da América Latina “e a maioria dos economistas acredita que o crescimento vai retornar aos níveis de antes da crise já no ano que vem”, diz a Economist. A Rússia, cuja economia encolheu 9,5% no primeiro trimestre, derrubada pela queda no preço do petróleo, seria a única exceção do grupo.

Para a Economist, a teoria do “descolamento” – segundo a qual, por crescer a um ritmo diferente, os países emergentes estariam mais protegidos da crise financeira global que as grandes economias – pode, afinal, ter sentido.

“Quase 60% de todo o crescimento econômico mundial entre 2000 e 2008 ocorreu nos países em desenvolvimento; metade só nos países do BRIC”, afirma a Economist. Se o padrão de crescimento se confirmar, diz a reportagem, é uma boa notícia, pois significaria que quase metade da economia mundial estaria se recuperando. Uma explicação para o sucesso dos BRICs em meio aos emergentes seria seu tamanho, já que esses países podem recorrer ao seu mercado doméstico na falta de um mercado estrangeiro.

Nas últimas semanas o setor tem se mostrado muito preocupado com as ações que o Ministério Público Federal do Pará iniciou contra frigoríficos e redes de varejo envolvidos na venda de carne produzida em áreas desmatadas ilegalmente.

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, criticou na quinta-feira passada (18/06), a ação do Ministério Público contra frigoríficos envolvidos com o desmatamento na Amazônia. “Lamentavelmente, o Ministério Público iniciou uma ação que não tem fundamento” disse.

Ao comentar a ação do Ministério Público, Coutinho afirmou que poderá acionar penalidades previstas nos contratos caso fique provado que os compromissos ambientais assumidos pelos frigoríficos foram desrespeitados. A revisão da participação acionária está prevista nos contratos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (22/06), que o governo quer tratar os agricultores da Amazônia como “parceiros” para que se tire “proveito” da conservação da floresta. De São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde gravou o programa semanal de rádio Café com o Presidente, Lula afirmou que quer firmar uma “lógica de procedimentos” entre a administração federal, governos dos Estados, prefeituras e produtores da região.

“Porque ela (a floresta amazônica) é uma vantagem comparativa extraordinária para os produtos brasileiros”, afirmou. De acordo com ele, os produtores que reflorestarem a propriedade serão auxiliados pelo Poder Executivo. “Nós vamos fazer política de incentivo para que as pessoas possam cuidar, adequadamente, da sua terra, produzindo sem desmatar desnecessariamente”, disse.

Diante dessa discussão, a Marfrig Alimentos S.A. se comprometeu a não adquirir e abater ou comercializar bovinos originários de áreas do Bioma Amazônico que tenham sido desmatadas partir de 22/06/09. “Esta decisão, mostra o comprometimento da Marfrig em buscar uma solução de desenvolvimento sustentável para a pecuária”, completa a nota assinada pelo presidente da empresa Marcos Antonio Molina dos Santos.

“Assim como já fizemos em outros setores da agricultura que têm relação direta com o desenvolvimento sustentável, buscamos um programa de pecuária legal em Mato Grosso. E o passo dado pela Mafrig, a partir de agora, mostra que estamos no caminho certo”, avaliou o governador Blairo Maggi.

Na reunião entre os executivos do Marfrig e o governo do Estado, ficou acordado ainda que a moratória terá validade até a implantação do programa MT Legal, que prevê a regularização ambiental das 140 mil propriedades rurais de Mato Grosso. “A entrada do produtor no MT Legal significará que, a partir desse momento, ele cumpre com todas as normas ambientais e, portanto, poderá comercializar normalmente sua produção”, disse o governador Blairo Maggi. O MT Legal é maior programa de regularização fundiária do país.

“A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) apoia toda e qualquer ação de combate ao desmatamento ilegal, não só da Amazônia, como de todo território brasileiro. Porém, não vamos aceitar que o produtor, que cumpre a lei ambiental, seja discriminado”, frisa o presidente da associação, Mário Candia.

“O impacto psicológico no mercado é grande neste primeiro momento e acaba pressionando os preços, levando a uma retração, até porque ninguém sabe ao certo como agir, pois, temem comprar o gado criado na Amazônia. As regras precisam ser mais bem definidas, identificando os responsáveis pelo desmatamento ilegal, pois não se pode taxar todos os produtores de foras-da-lei”, avaliou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

Marfrig

Essa semana Marfrig Alimentos S.A. confirmou a compra dos ativos do segmento de peru da Doux Frangosul no Brasil, marcando a entrada do Grupo Marfrig no mercado de carne de peru.

O valor da negócio é R$ 65 milhões e inclui uma planta de abate, na cidade de Caxias do Sul/RS, com capacidade de abate diário de 30 mil perus, além de uma fábrica de rações, um incubatório e 4 granjas com aproximadamente 1 milhão de animais para abate e 50 mil animais para produção de ovos férteis, além de mais de 300 produtores integrados para fornecimento de aves.

Segundo o comunicado, “essa aquisição segue a estratégia de diversificação traçada pelo Grupo Marfrig desde seu IPO fortalecendo ainda mais a sua imagem como a empresa de alimentos mais diversificada em carnes ampliando ainda mais seu portfólio de produtos ofertados aos seus clientes”.

Bertin

O relatório do Greenpeace sobre a pecuária na Amazônia e a recomendação do Ministério Público Federal no Pará para os clientes da Bertin suspenderem a compra de produtos da empresa foram um “ato de força”, comentou o diretor-presidente, Fernando Antônio Bertin, que completou dizendo que a companhia teve a sua imagem de três décadas injustamente arranhada.

No olho furacão e enfrentando problemas ligados à questão ambiental, Fernando Bertin, disse ontem que vê “com bons olhos a fusão com outras empresas, como Marfrig e JBS”, mas que “não pensa em ser vendido ou perder o controle”. A afirmação foi feita em resposta à questão sobre o andamento das conversações com a Marfrig, que já admitiu recentemente os contatos entre as duas companhias mas que informou que não há nada fechado.

Bertin não afirmou claramente, porém, se está ou não em negociações com as duas companhias que citou. “Conversa existe com tudo mundo”, admitiu. “Todo mundo quer ser sócio da Bertin”.

Só à Vista

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás se uniram e lançaram a campanha “Gado Só à Vista” para conscientizar os pecuaristas de que é preciso mudar as formas de comercialização com a indústria. “Essa campanha tem que mudar paradigmas, não só com a questão cultural de venda de gado à vista, mas também com relação a toalete e peso do gado”, disse o vice-presidente da Acrimat, José João Bernardes. Segundo a Famato, hoje 70% do gado de corte em Mato Grosso são comercializados à vista.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, disse que “temos que acabar com a cultura de entregar o boi de boa-fé, pois o pecuarista não é financiador e sim fornecedor e essa campanha vem para conscientizar e informar o produtor de como se proteger de maiores riscos”. “Essa relação comercial tem que mudar, pois a soja é vendida à vista, assim com o algodão, o milho e outros produtos. O boi também tem que ser vendido à vista, mas a Acrimat respeita a posição de cada produtor, pois ele é quem sabe qual a melhor forma de trabalhar. Mas os produtores estão conscientes que a cultura de vender a prazo tem que acabar”, disse João Bernandes. Leia mais.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), com o intuito de auxiliar os pecuaristas do estado a comercializar o gado de forma a não terem prejuízos, elaborou a cartilha “Orientações sobre como vender bovino sem ficar no prejuízo”.

Com relação à venda a prazo, seja de um dia ou de quantos dias for, o setor reforça que o produtor deve conhecer a idoneidade do comprador, se ele tem tradição no mercado e efetuar esse tipo de negócio apenas se não houver outra alternativa de venda. O assessor jurídico da Famato, Luiz Alfeu, ressalta a importância da elaboração de um contrato de compra e venda dos animais, da exigência da nota fiscal, da Guia de Transporte Animal (GTA) e também de garantias reais de hipoteca ou penhor. “Além de serem obrigatórios na hora da comercialização, esses documentos ajudam a comprovar a efetivação da venda sem que o pecuarista fique no prejuízo por causa dos calotes”, frisou.

Na cartilha o pecuarista encontra modelos de contratos de compra e venda de gado e solicitação de embarques de animais. A cartilha está disponível no site da Famato (www.famato.org.br/site/downloads.php).

0 Comments

  1. Anderson Carneiro Polles disse:

    Prezado André.

    Percorrí mais de 2.000 Kms, de Sorrizo MT a Sorocaba SP e, posso afirmar que no Noroeste Paulista (Andradina, Adamantina, Araçatuba e Lins) e Leste do Mato Grosso do Sul (São Gabriel do Oeste, Ribas do Rio Pardo, Águas Claras e Três Lagoas) as condições de entressafra no momento não são sentidas, pois o solo apresenta ainda boa condição de umidade e as pastagens em ponto ideal de pastejo.
    O que nóta-se facilmente ao longo das rodovias e adjacências é a caristia de gado pronto para o abate.
    Entressafra lá só de preço que remunere satisfatoriamente o pecuarista.

    Anderson Carneiro Polles
    Pesquisador de Mercado
    Correspondente de Safra, Testemunha fiel da Pecuária.

    Um grande Abraço