Mercados Futuros – 14/02/08
14 de fevereiro de 2008
Boi gordo: oferta reduzida, indicador cotado a R$ 75,89
18 de fevereiro de 2008

Mercado segue firme, frigoríficos elevam preços para completar escalas

O mercado do boi gordo segue pouco ofertado e os frigoríficos precisam diminuir a pressão que vinham imprimindo sobre os preços para conseguir adquirir animais. O certo é que as escalas estão curtas e enquanto a oferta de animais para abate não aumentar as pressões baixistas não devem ganhar força.

O mercado do boi gordo segue pouco ofertado e os frigoríficos precisam diminuir a pressão que vinham imprimindo sobre os preços para conseguir adquirir animais. Após o anúncio da suspensão das compras de carne bovina in natura pela UE, muitas indústrias tentaram baixar as ordens de compra, algumas propuseram recuos de até R$ 5,00 em um único dia, mas o mercado travou.

Diante da firmeza dos preços desta última semana, alguns acreditam que esta é a hora do produtor ditar o preço do seu produto. O certo é que as escalas estão curtas e enquanto a oferta de animais para abate não aumentar as pressões baixistas dos frigoríficos não devem ganhar força.

Nesta quarta-feira, o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 74,78/@, alta de 1,42% em relação à semana passada. O indicador a prazo teve variação positiva de R$ 1,08 (1,45%) no período, sendo cotado a R$ 75,54/@. Com a valorização dos preços do boi gordo a relação de troca melhorou passando de 1:2,43, no dia 06 de fevereiro, para 1:2,45.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)


No mercado físico, os produtores não aceitaram vender aos preços propostos pelos frigoríficos na semana passada e ainda poucos negócios estão sendo efetuados. Comprando poucos lotes e trabalhando com escalas curtas, muitos frigoríficos precisaram negociar e pagar preços mais altos. O mercado segue lento e com oferta ajustada.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 06/02/08




O mercado de reposição segue pouco ofertado e com os preços se valorizando a cada dia. Com as pastagens apresentando condições melhores e muitos pecuaristas necessitando fazer a reposição do rebanho, a procura segue maior que a oferta e os preços de todas as categorias de gado magro permanecem firmes.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 503,04/cabeça, acumulando variação positiva de 0,40% (R$ 2,01) na semana. Um fator que também tem influenciado a reposição, é a alta de preço da arroba do boi gordo. Com a valorização, além da relação de troca, a margem bruta na reposição também melhorou. Hoje este indicativo está em R$ 730,83. A margem bruta mostra quanto de dinheiro sobra para o pecuarista depois de vender um boi gordo e comprar um bezerro para repor o rebanho. Esse montante corresponde ao quanto será disponibilizado para investimentos, contas, lucro, etc. O valor atual está acima da média dos últimos 12 meses, que é de R$ 597,00.

Gráfico 2. Margem bruta na reposição


Durante essa semana, as cotações do traseiro no atacado (R$ 5,40) apresentaram recuo de R$ 0,10. Em contrapartida, o dianteiro teve valorização de R$ 0,20, sendo cotado a R$ 3,70 e a ponta de agulha permaneceu com preços inalterados em R$ 3,00. O equivalente físico foi cotado a R$ 66,38/@, registrando variação positiva de 0,68%. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico foi calculado em R$ 8,41/@ e continua acima dos R$ 6,09 que representa a média dos últimos 12 meses.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


As exportações de carne bovina in natura do mês de janeiro, em termos de receita, bateram todos os recordes anteriores. No primeiro mês de 2008, o faturamento foi de US$ 364,74 milhões, conseguidos com a exportação de 91.891 toneladas de carne in natura. O recuo na quantidade exportada foi compensado pela valorização da carne brasileira no exterior, que em média foi negociada por US$ 3.969/tonelada.

O principal fator desse aumento no preço médio foi a maior exportação de carne a UE, que paga melhores preços. Muitos frigoríficos e importadores “adiantaram” seus negócios em janeiro, já prevendo a suspensão as exportações, que de fato ocorreu. Sabia mais sobre o resultado das exportações de janeiro.

Tabela 3. Exportações de carne bovina in natura


Em relação à suspensão das exportações brasileiras de carne bovina in natura para a UE, a expectativa do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes é que a negociação sobre o embargo possa durar mais de quatro meses. “Do jeito que está, com 300 propriedades, não é possível encher um contêiner para exportar. Precisamos de 3 mil a 5 mil propriedades”, afirmou, depois de participar de reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo o ministro, o erro do Brasil foi aceitar as mesmas regras aplicadas na Europa. “Elas foram criadas por causa do mal da vaca louca, doença que nós não temos.”

Depois da declaração do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, na Comissão de Agricultura do Senado, sobre frigoríficos exportadores terem enviado ao exterior carne de animais não rastreados, o setor reagiu com contrariedade. O presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Marcus Pratini de Morais, reagiu às declarações, “toda carne exportada é rastreada, e a Abiec responde por 85% a 90% desses negócios. Se há frigoríficos que vendem carne não-rastreada não é um problema nosso. Ao falar isso, o ministro coloca o dedo no problema porque o trabalho do Ministério da Agricultura é fiscalizar e inspecionar”.

O superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul (Mapa/RS), Francisco Signor, disparou, “Se houve, não foi no Rio Grande do Sul”. Já o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Ronei Lauxen, comentou que a atitude de Stephanes não ajuda. “É um tiro no pé o ministro dizer isso, enquanto o Mapa é o responsável pela fiscalização”.

0 Comments

  1. Carlos Henrique da Paz Portela disse:

    Um trabalho feito com muito critério e minucia,

    Parabéns pela coletânea de informações.

  2. Paulo Arlindo de Oliveira disse:

    Parabéns pelo site. Apresenta objetividade e clareza.