O Mercosul planeja indicar hoje à UE que pode fazer concessões no setor automotivo, em serviços financeiros e marítimos. A UE tem sinalizado ao Mercosul que quanto mais concessões agrícolas fizer na Rodada Doha, menos poderá dar na negociação birregional para exportadores do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O Mercosul insistirá na demanda para assegurar cotas para exportar, imediatamente após a assinatura de um acordo, um volume de 300 mil toneladas de carne bovina por ano, 250 mil toneladas de frango, 3,5 milhões de toneladas de milho, 1 milhão de litros de etanol, 120 mil toneladas de banana e 1 milhão de toneladas de trigo.
Pedirá ainda a eliminação de tarifas no prazo de dez anos para os PAPs (produtos agrícolas processados). A UE sempre quis excluir vários PAPs da liberalização regional, mas o Mercosul insistirá inclusive em abertura para produtos de carne bovina processada, hoje submetidos à tarifa de 3,03 euros por tonelada.
Na próxima semana, o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, estará no Brasil para discutir alternativas para sair do impasse das negociações, travadas em grande parte pela resistência dos europeus e americanos em cortar subsídios à agricultura que distorcem o comércio internacional, e pela manutenção de elevadas barreiras à entrada de produtos agrícolas na Europa. A reportagem é de Assis Moreira e Sergio Leo para o Valor.