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Mercosul aposta em marca de área livre da vaca louca

A eliminação de mais de 5 milhões de bovinos e ovinos ocorrida recentemente por países europeus, sob a alegação de barrar o alastramento da febre aftosa no continente, despertou no Mercado Comum do Sul (Mercosul) a suspeita de que a Europa estaria se valendo da reincidência da doença para encobrir a proliferação da encefalopatia espongiforme bovina (BSE), conhecida como doença da ‘vaca louca’.

“A Inglaterra matou cerca de 3 milhões de cabeças em razão da ‘vaca louca’. A Europa mata por ‘vaca louca’, não por aftosa”, disse o presidente da Sociedade Rural Argentina, Enrique Crotto. O presidente da Federação Rural do Uruguai, Gonzalo Gaggero, concorda com ele. “A Inglaterra teve de sacrificar 30% do seu rebanho com mais de 30 meses porque havia perigo de contaminação de ‘vaca louca’ pela ração de proteína animal. A aftosa mascarou a matança inglesa.”

Os dirigentes acreditam que o sacrifício teria sido conveniente também do ponto de vista econômico, uma vez que a manutenção do rebanho exigia produtores no campo, e o subsídio a cada um desses fazendeiros custa à União Européia cerca de US$ 18 mil ao ano.

De fato, o temor gerado nos europeus pelo aparecimento da ‘vaca louca’ fez com que o consumo de carne caísse 40% em alguns países da Europa, juntamente com a confiança da população nas autoridades sanitárias. Redes de fast-food e restaurantes foram obrigadas a alterar a composição dos cardápios – embora a relação entre o consumo de carne contaminada por BSE e o mal de Creutsfeldt-Jakob (a versão humana da doença) ainda não tenha sido comprovada.

Diante desta reação à ‘vaca louca’, a intransigência da União Européia com as dificuldades sanitárias dos países que apresentam a febre aftosa é vista por líderes rurais do Mercosul como mais um capricho protecionista, uma vez que ao animais destes países – que se alimentam de capim e não engordam à base de hormônios sintéticos – continua a salvo do mal. Essa deve ser a linha de argumentação dos países do bloco para reconquistar o mercado de carnes europeu.

“Para o consumidor moderno, o que interessa é o impacto do alimento sobre a saúde. A aftosa não oferece riscos à saúde humana. Há 20 anos, havia a preocupação com o preço, a conveniência e a facilidade de preparo”, disse o presidente do Instituto Nacional de Carnes (Inac) do Uruguai, Roberto Vazquez Platero.

“Nossa região tem de ser zelosa com a enorme riqueza que possui. Temos condições de prover ao mundo carne da melhor qualidade do ponto de vista sanitário”, disse o ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Gonzalo Gonzalez.

Fonte: Zero Hora/RS (por Irineu Guarnier Filho), adaptado por Equipe BeefPoint

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