O Mercosul, representado pelos quatro embaixadores do bloco junto às entidades européias, entregou ontem (05), em Bruxelas, a oferta tarifária à União Européia (UE), oferecendo derrubar ao longo de dez anos as tarifas de cerca de oito mil produtos.
Estes produtos representam 83,5% das importações européias desses países e somaram US$ 22,946 bilhões anuais no período de 1998 a 2000. Os europeus, por sua vez, repetiram a oferta entregue em julho de 2001, com “algumas melhoras”, incluindo os setores de madeira, maquinário e couro, que passariam a tarifa zero logo após a assinatura do acordo.
Foi um dia-chave para a criação de uma futura zona de livre comércio entre a UE e o Mercosul, declarou o comissário europeu de comércio, Pascal Lamy, ao reiterar que agora os blocos “têm boa base para começarem a negociar a abertura de marcado”.
A iniciativa européia de acenar com uma melhora foi a surpresa do dia, porque Lamy havia repetido diversas vezes que a oferta da UE já cobria 91% das importações do Mercosul à Europa e por isso, esperaria a reação do bloco sul-americano para apresentar uma “melhora européia”.
O diretor geral de Comércio, Peter Carl, que coordenou a troca de ofertas dos blocos, admitiu que a iniciativa da UE “não muda substancialmente o acesso de mercado, mas representava uma certa melhora”.
O Mercosul dividiu a proposta em cinco categorias, com diferentes ritmos de eliminação de tarifas. A primeira representa 9,6% das importações européias, que teriam desgravação imediata. A segunda inclui cerca de 1.600 produtos com eliminação de tarifas em oito anos. As outras três categorias prevêem diferentes velocidades de liberalização do comércio a um prazo máximo de dez anos. Ou seja: a última categoria, que compreende quase a metade dos 83,5% do total da oferta, teria uma velocidade menor de eliminação de tarifas.
Alguns dos produtos mais competitivos do Mercosul e “sensíveis para a UE”, como carnes, tabaco, açúcar, lácteos, arroz, trigo e cereais, também estão previstos na oferta comunitária como uma categoria “a negociar”. Os europeus acenam que poderiam negociar uma ampliação de cotas. Já o bloco sul-americano prefere eliminação de tarifas a prazos determinados.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Samla Mesquita), adaptado por Equipe BeefPoint