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Mercosul e UE não se entendem

O Mercosul e a União Européia (UE) não conseguem superar suas diferenças e a conclusão do acordo de livre comércio entre os dois blocos fica adiada para, pelo menos, 2005.

Depois de mais de seis horas de reuniões em Lisboa entre os ministros dos dois blocos, ficou decidido que o entendimento não seria fechado até dia 31, prazo que estava previsto para a conclusão do acordo e que coincide com o final do mandato da atual Comissão Européia. Segundo os dois blocos, fica estabelecido que uma nova reunião ministerial ocorrerá no primeiro trimestre do próximo ano, mas ninguém se arrisca a colocar novo prazo para a conclusão do acordo.

O encontro contou com as presenças do chanceler Celso Amorim, do comissário de Comércio da UE, Pascal Lamy, além do representante agrícola, Franz Fischler, e dos demais governos do Mercosul.

O Brasil chegou a preparar novas opções para melhorar sua oferta, que havia sido considerada insuficiente por Bruxelas. Mas as novas ofertas sequer chegaram a ser colocadas ontem sobre a mesa em documentos. O chanceler brasileiro explicou que flexibilidades foram exploradas apenas informalmente. Do lado do Mercosul, apontou-se a possibilidade de maior acesso em serviços financeiros. Do lado europeu, mostrou-se certa flexibilidade na administração de cotas para a importação de produtos agrícolas. Os sinais de flexibilização, porém, não foram suficientes. “Os níveis de ambição que queríamos não foi atingido”, afirmou Lamy, que informou que uma reunião técnica será feita ainda neste ano tendo como base as ofertas feitas em setembro e as indicações informais indicadas ontem.

Para Regis Arslanian, um dos principais negociadores do Brasil no processo, a realidade é que a proposta da UE significaria uma limitação ao comércio agrícola do País com a Europa, que cresce a cada ano mesmo sem um acordo. Segundo ele, apenas no setor de carne as exportações aumentaram em 13% no último ano, desempenho que seria limitado se o acordo fosse implementado.

Mas se os dois blocos terão de encontrar uma solução para suas diferenças nos próximos meses, o Mercosul também terá de trabalhar para chegar a uma posição comum em alguns pontos. Em uma reunião que antecedeu ao encontro com os europeus, Brasil e Argentina não conseguiram fechar uma posição comum sobre a abertura do mercado do Mercosul para veículos europeus. Os argentinos alegaram que não estava na hora de apresentar números de cotas para os europeus. O Brasil favorecia uma eventual apresentação de algum tipo de melhoria na oferta automotiva. Amorim, porém, garantiu que o Mercosul atuou com “voz única”.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe BeefPoint

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