Os leilões de primavera ocorridos no Rio Grande do Sul mostraram uma procura acentuada por gado de raça e valorização do banco genético gaúcho. As dificuldades inicialmente previstas pelos criadores, devido ao reaparecimento da febre aftosa no Estado, foram bem menores do que o esperado e, em alguns casos, nem existiram. O controle eficiente da enfermidade, bem como a criatividade dos criadores – que utilizaram artifícios como os “facilitadores de venda” para garantir a movimentação financeira dos remates – foram as principais razões do saldo positivo obtido no comércio do gado gaúcho.
A Expointer, cujos resultados eram temidos devido ao impacto da aftosa, vendeu praticamente o mesmo número de animais da edição anterior, mas o faturamento subiu de R$ 2,1 milhões para R$ 2,3 milhões. Com isso, o valor médio de venda passou de R$ 1,4 mil para R$ 1,6 mil por cabeça.
Já os resultados dos leilões de primavera foram ainda melhores do que os da Expointer. Segundo o presidente do Sindicato dos Leiloeiros, Marcelo Silva, as vendas superaram as expectativas, mas poderiam ter sido melhores se a fronteira do Estado com o resto do País não estivesse fechada por conta da febre aftosa. Ele calcula aumento de 20% nos preços médios dos reprodutores. A raça angus, por exemplo, acumulou crescimento de 40%, com média de R$ 4 mil por reprodutor.
Como os produtores gaúchos não podem transferir animais para outros estados por determinação do Ministério da Agricultura, houve queda na oferta de gado gaúcho nos remates do Centro-Oeste, fazendo com que esses apresentassem resultados 50% superiores em relação ao ano passado.
Desta forma, o que ocorreu foi um aumento na oferta dos leilões locais, com a aposta de que os gaúchos comprariam o gado gaúcho. Isso de fato ocorreu. Em edições anteriores, o comprador de outros estados levava de 30% a 35% da oferta. Este ano, não comprou mais do que 5%. Silva estima que os remates realizados até o último fim de semana já movimentaram o equivalente a R$ 10 milhões.
Os criadores utilizaram-se de muita criatividade para valorizar o banco genético gaúcho, de forma que cartões de fidelidade, aumento da carência e ampliação do prazo de liquidação financeira funcionaram como atrativos e garantiram as vendas. Para os compradores de outros estados, ficou decidido que o exemplar será entregue assim que forem abertos corredores sanitários ao transporte de animais vivos por Santa Catarina.
Nos leilões gaúchos, as raças européias recuperaram a condição de gado valorizado, com a média crescendo de R$ 2,6 mil para R$ 2,8 mil por animal. Já as raças sintéticas brangus e braford, resultantes de cruzamento de gado europeu com zebuínos, tiveram procura reduzida, diante da ausência dos grandes compradores do Centro-Oeste.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Luiz Guimarães e Luciana Moglia), adaptado por Equipe BeefPoint