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Mesmo em plena safra, oferta continua enxuta e preços firmes

Entramos no mês de maio, tradicionalmente este é o pico da safra do boi no Brasil, mas em todo o país a situação continua bastante atípica, com pouca oferta de animais para abate e preços firmes. mesmo pagando mais pela arroba do boi gordo frigoríficos enfrentam dificuldade para adquirir animais para abate e alongar escalas.

Entramos no mês de maio, tradicionalmente este é o pico da safra do boi no Brasil, mas em todo o país a situação continua bastante atípica, com pouca oferta de animais para abate e preços firmes. Todos esperam que com o frio chegando e a entrada da seca a oferta aumente, mas se as coisas continuarem como estão, provavelmente esse aumento não será significativo e o volume ofertado continuará reduzido nos próximos meses.

Além do número de animais disponíveis para o abate ser menor, consequência do grande número de matrizes abatidas nos últimos anos, outros fatores podem ser citados para explicar a oferta enxuta.

Um deles é o adiantamento de abates, principalmente com o uso de confinamentos e melhoria na tecnologia empregada na engorda. Para aproveitar os bons preços do final do ano passado e início deste ano, muitos produtores optaram por confinar um número maior de animais – que deveriam ser enviados ao frigorífico neste período de safra -, e adiantar os abates.

Outro fator que tem pesado bastante na decisão de vender as boiadas prontas, é o preço alto e a pouca oferta de animais de reposição. Muitos pecuaristas possuem animais prontos, mas preferem esperar para vender só quando tiverem a reposição engatilhada. Enquanto isso esses produtores vão segurando seus animais, vendendo apenas o necessário para quitar contas e dívidas.

O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 78,32/@, nesta quarta-feira, alta de R$ 0,77 em relação a semana passada. O indicador a prazo apresentou a mesma valorização, sendo cotado a R$ 79,34/@, desde o começo do ano a valorização acumulada é de 9,45%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


No mercado físico, mesmo pagando mais pela arroba do boi gordo frigoríficos enfrentam dificuldade para adquirir animais para abate e alongar escalas. Em todo o país as programações de abate seguem curtas, indo de 3 a 6 dias.

Compradores comentam que para conseguir bons lotes é preciso negociar e pagar preços acima da referência. Em São Paulo os negócios seguem lentos e cada dia pipocam mais negócios próximos dos R$ 80,00/@. Diante dessa dificuldade, a maioria dos frigoríficos paulistas está se abastecendo com animais de fora do estado, principalmente, MS, MG e GO.

Francisco dos Santos, de Campo Grande/MS, informa que o mercado segue firme e os preços em alta, com boi valendo R$ 75,00/@ e vaca R$ 70,00/@, ambos com prazo de 30 dias para pagamento.

O leitor do BeefPoint, Flavio Ricardo Antunes Callovy, de Alegrete/RS, comenta, “no RS devemos ter boi gordo para no máximo 30 dias, devido ao clima, já que neste ano com o trigo bastante valorizado os pecuaristas não deverão colocar animais em pastagens de aveia no inverno. O que nos leva acreditar que teremos uma “boa” entressafra, com preços bem firmes e escalas curtas”.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 601,01/cabeça, acumulando alta de R$ 26,83, na semana. Em um ano a valorização do indicador de bezerro no MS, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), já chega a 44,53%.

Como a variação do indicador de boi gordo (0,99%) foi menor do que a do bezerro (4,67%), a relação de troca recuou, caindo de 1:2,23 (quarta-feira retrasada, 30/05) para 1:2,15.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista x relação de troca


O leitor do BeefPoint Henrique H. de Freitas, de Cachoeira do Sul/RS, informa que na região os bezerros desmamados estão valendo R$ 570,00/cabeça. “Na feira de terneiros realizada dia 6/05/08 com oferta de 1.050 terneiros machos e fêmeas, a média dos machos ficou em torno de R$ 2,90/kg vivo”, comenta Freitas.

Manoel Torres Filho, comenta que na região de Tupi Paulista, “O mercado como sempre está “muito firme”, com dificuldade para encontrar bons animais”. Ele ressalta que bezerros desmamados de 180 kg são negociados a R$ 650,00.

No atacado da carne bovina, os 3 cortes primários apresentaram valorização durante a semana. O traseiro está cotado a R$ 5,60, o dianteiro a R$ 4,40 e a ponta de agulha a R$ 3,80. Assim o equivalente físico foi calculado em R$ 73,47/@, variação positiva de 3,97% no período analisado. O spread (diferença) entre indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista e equivalente físico caiu para R$ 4,85/@, este valor está abaixo da média dos últimos 12 meses, que é de R$ 6,52/@. Vale lembrar que quanto menor o spread maior será a margem bruta do frigorífico.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico


No mês de abril, foram exportadas 89.500 toneladas de carne bovina in natura, gerando receita de US$ 307,80 milhões. A receita com as exportações foi 12,89% superior ao valor arrecadado no mês de março de 2008. Em relação ao volume exportado, abril registrou acréscimo de 6,06% em relação ao mês de março, quando foram enviadas ao exterior 84.389 toneladas. Ao comprarmos os dados referentes ao volume vendido ao exterior no mês passado, com o mesmo período de 2007 temos uma redução de 15,36%.

O bom desempenho das exportações brasileiras vem sendo garantido pela valorização do produto brasileiro no mercado internacional. O preço médio da carne bovina in natura exportada, no mês de abril, foi de US$ 3.439/tonelada. Em relação ao mês de março, a tonelada de carne bovina in natura exportada teve valorização de 6,44%. Se compararmos o valor atual ( US$ 3.439/ton) com o registrado no mesmo período do ano passado temos uma variação ainda maior, 36,22%.

Tabela 3. Exportações de carne bovina in natura


No últimos dias muito tem se discutido sobre a atual crise dos alimentos, que vêm acumulando valorizações consecutivas e preocupando governos e lideranças em todo o mundo. Muitos dirigentes tem culpado os programas de biodiesel – dentre eles a produção de etanol brasileira – por esta situação.

Como resposta as constantes críticas, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse que o aumento da produção agropecuária brasileira está contribuindo para diminuir os impactos da inflação mundial de alimentos. “Está muito claro que o Brasil consegue produzir o suficiente para alimentar a sua população e ainda alcançar altos índices de exportação dos excedentes, concorrendo, significativamente, para a diminuição dos impactos sobre os preços dos alimentos”, afirmou.

A agência de classificação de risco Standard & Poor´s elevou o rating do Brasil para grau de investimento nesta quarta-feira (30). Com a alteração, o País passa a ter classificação de dívida em moeda estrangeira de “BBB-” com perspectiva estável, acima do “BB+” anterior. De acordo com a agência, a alteração reflete a melhoria do nível de política econômica, e maior estabilidade dos fundamentos macroeconômicos.

A reação da Bolsa de Valores de São Paulo foi imediata. Instantes após o anúncio, o Índice Bovespa disparou de alta de 1,50% para valorização de 6,33% em seu fechamento, maior variação percentual positiva desde outubro de 2002 e com recorde histórico de pontos. Com o mercado local elevado a investment grade, o volume de negócios tende a ser consideravelmente amplificado.

O presidente do conselho da empresa de investimentos Berkshire Hathaway e considerado o homem mais rico do mundo, de acordo com a revista Forbes, Warren Buffett, acredita que o real poderá valer mais que o dólar no longo prazo. A moeda brasileira continua sendo uma boa opção para investidores. Questionado se aproveitaria o enfraquecimento do dólar para investir em ações de empresas americanas, foi categórico: não. “Se as coisas continuarem no caminho em que estão para os países produtores de matéria-prima, eu não duvidaria que essas moedas – como o real e o dólar canadense – ultrapassassem a cotação do dólar”, disse Buffett.

O aumento dos insumos e possível redução do uso da suplementação mineral podem gerar impactos negativos na pecuária como a queda da produtividade e, conseqüentemente, da oferta de carne e leite e da eficiência econômica da atividade. A previsão foi feita na terça-feira (6) pelo presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, em audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir os possíveis impactos do aumento do preço dos insumos nos setores de alimentação animal e de fertilizantes agrícolas.

Segundo a CNA, entre as providências que têm de ser tomadas pelo governo está a inclusão do fosfato bicálcico e do ácido fosfórico, utilizados na nutrição dos bovinos de corte e leite, na lista de exceções à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, com alíquota zero, quando ambos forem importados de fora do bloco sul-americano. Os pecuaristas querem o fim da cobrança de 9,25% do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição Financeira para a Seguridade Social (Cofins) sobre os suplementos minerais utilizados na alimentação do rebanho.

Um conjunto de medidas para frear a alta dos fertilizantes no Brasil será discutido entre o Ministério da Agricultura (Mapa), órgãos do governo e a cadeia produtiva. Mas o técnico do departamento de gestão estratégica escalado para analisar o segmento e apresentar alternativas, Ali Saab, está ciente que é pouco, uma vez que praticamente não há barreiras tarifárias para a importação por agroindústrias ou agricultores. Também se avalia a derrubada do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) – equivalente a 25% do valor do frete das importações – e o fim da cobrança de ICMS no transporte interestadual da produção doméstica, que já não onera as importações.

Dois modelos de linha de crédito voltada aos agricultores também estão sendo avaliadas e poderiam ser operacionalizadas pelo BNDES e/ou Banco do Brasil. Uma delas seria para custear a compra de adubo; a outra para estimular a aquisição ou a construção de unidades misturadoras próximas a portos como o de Paranaguá (PR), para facilitar o uso de importados.

Medidas como essas, afirmam executivos e especialistas do segmento, são bem-vindas, mas não passam de paliativos. A questão estrutural é o fato de o Brasil, uma das maiores potências do agronegócio mundial, não ser capaz de atender à demanda de seus produtores e uma saída para isso é mais difícil de ser encontrada.

0 Comments

  1. João Pedro Oscar Bindel disse:

    Como sempre a avaliação da situação do mercado está correta e muito bem redigida. Parabéns ao analista e ao BeefPoint.

  2. Alexandre Pessoa de Assis disse:

    Parabéns à equipe de consultores do beefpoint! Acho de extrema valia o artigo acima, principalmente como projeção de mercado futuro. Finalmente, os criadores passam a receber um preço mais justo pelos seus bezerros, porém esperamos que nossos governantes reduzam os impostos que oneram os insumos destinados à produção de carne, uma vez que o próprio mercado por uma situação de demanda já os encaresse.

  3. Mario Cesar Leite disse:

    Gostaria de informar que na Feira do Terneiro, realizada todo ano no mês de Maio, em Lages/SC, este ano com relação aos preços, foi um sucesso.

    Os terneiros, em torno de 1.000 cabeças, a média de preço por Kg. ficou em R$ 3,34.