Em artigos anteriores ressaltamos a importância da correta observação de cios em qualquer programa de Inseminação artificial. Mesmo naqueles em que se utilizam protocolos de Tempo Fixo (IATF). Neste artigo, a pedido de vários leitores, trataremos de uma forma específica de melhorar a eficiência de detecção: os rufiões.
Com a proximidade do período de reprodução em bovinos para aquelas propriedades que praticam a chamada estação de monta nas principais regiões produtoras de carne no país, as atenções se voltam para uma palavra chave para que esta de alternativa de manejo seja uma prática viável: eficiência.
Esta condição deve ser buscada no seu sentido amplo, pois as atividades relacionadas à reprodução num esquema de estação de monta, são muito mais intensas. Pequenas falhas que levariam a problemas menores num esquema de manejo normal, onde as vacas são servidas todo o ano, podem ser catastróficas, num manejo intensificado como a estação de monta.
Isto não indica que não seja necessário buscar esta mesma eficiência no manejo tradicional. Sua importância é a mesma para a rentabilidade da atividade produtiva, porém neste último caso, as práticas relacionadas à reprodução não ocorrem concentradas num pequeno período.
Em artigos anteriores ressaltamos a importância da correta observação de cios em qualquer programa de Inseminação artificial. Mesmo naqueles em que se utilizam protocolos de Tempo Fixo (IATF). Neste artigo, a pedido de vários leitores, trataremos de uma forma específica de melhorar a eficiência de detecção: os rufiões.
Existem dois tipos de rufiões: os machos tratados cirurgicamente e as fêmeas androgenizadas. Independente do tipo, a presença deste é extremamente benéfica mesmo em rebanhos pequenos, pois além de auxiliar na identificação das vacas em estro, está provado que estimula as fêmeas a permanecerem mais tempo em estro e sincroniza a ovulação com o estro.
Quando se utilizam rufiões é importante lembrar que estes animais não fazem o serviço sozinhos, sendo necessário também a observação visual. Normalmente estes animais são utilizados numa proporção de 1:40 a 1:50 em relação às fêmeas.
Vantagens da presença dos rufiões junto às fêmeas
– Acelera a puberdade nas novilhas
– Diminui o anestro pós-parto em vacas
– Aumenta o tempo de manifestação de cio
– Induz a sinais de cio mais evidentes
– Sincroniza melhor a ovulação com o cio
Machos Tratados cirurgicamente: Existem várias técnicas, como o desvio de pênis através de transplante de óstio prepucial, neo-óstio prepucial, a aderência de pênis e métodos que provocam um tipo de Fimose. Pode-se fazer a deferentectomia associada a qualquer destas técnicas para aumentar a segurança, mas nunca esta somente, pois a introdução do pênis na vagina da fêmea é indesejável, pela possibilidade de disseminação de doenças.
Figura 1. A técnica de aderência lateral do pênis é uma das mais simples.
1. Dê preferência a animais jovens, que têm libido maior e facilita algumas técnicas cirúrgicas. Uma idade entre 15 a 18 meses talvez seja a mais adequada. Não use animais jovens demais com vacas mais velhas pois este pode não desempenhar adequadamente sua função neste caso.
2. Animais de raças européias devem ser sempre preferidos. Quando isto não for possível por atuação em condições ambientais adversas, como muito calor, utilize mestiços.
3. Sempre procure animais de estatura menor. Isto evita acidentes futuros, pois com o passar do tempo eles animais tendem a ganhar muito peso e a possibilidade de machucar as fêmeas durante as montas.
4. Aproveite o procedimento cirúrgico para uma eventual descorna. Animais de chifre dificultam o manejo. Não dispense exames laboratoriais como no mínimo brucelose e tuberculose.
5. Procure utilizar um animal de cor diferente da maioria das vacas. Isto facilita sua identificação à campo.
Figura 2. A técnica de desvio de pênis fornece ótimos resultados porém é mais trabalhosa, principalmente o pós-operatório.
É um método indicado para o esquema de manejo que utiliza os rufiões por um curto período, como a Estação de Monta. Rufiões convencionais acabam se tornando um problema entre as estações. Neste caso pode-se obter rapidamente vários rufiões e os mesmos serão descartados ao final da estação. Por um curto período a manutenção não é cara. Vale a pena considerar esta possibilidade!
Esquema de androgenização: Inicial: 500 mg de propionato ou enantato de testosterona em base oleosa. Manutenção: 250 a 300 mg da mesma base de 15 em 15 ou 20 em 20 dias.
Independente do tipo de rufião, pode-se utilizar com o mesmo um artefato chamado buçal marcador (chin-ball), que ‘ colocado sob o arco da mandíbula do rufião e tem a função de deixar marcadas as fêmeas em estro. A tinta deve ter uma coloração diferente das vacas, para facilitar a observação.
Cuidado adicional deve-se ter quando se utiliza o buçal. É imprescindível ter consciência que esta prática apenas auxilia, não substitui a necessidade de observação visual. Principalmente quando se utiliza sincronização de cios, onde várias fêmeas entram nesta fase simultaneamente, um percentual considerável destas não é montada e conseqüentemente, marcada pelo rufião, embora tenham sido montadas por outras fêmeas.
Figura 4. Rufiões com buçal podem auxiliar mas não substituir a observação visual
4 Comments
Com a competitividade do mercado da carne procurando a melhoria de carcaça e precocidade dos animais, temos observado a “curiosidade” de pecuaristas em inserir a inseminação artificial e/ou IATF em seu rebanho. Esta publicação explica de uma forma simples e objetiva a escolha e utilização de um rufião em um programa de IA e/ou IATF em estação de monta.
Atenciosamente.
Rogério Ernesto da Silva
Na região de minha propriedade a produção leiteira é bem maior, e não se tem rufiões. Gostaria que me informassem onde comprar o “buçal”. Quanto ao artigo, foi muito esclarecedor, tirando minhas dúvidas de se utilizar o rufião.
Caro Fernando
Você vai conseguir o buçal com as empresas que vendem sêmen e/ou equipamentos para inseminação. Cuidado, não exclua a observação visual nos horários corretos, pois nem toda vaca em cio é marcada.
Um abraço
Carlos A. C. Fernandes
Parabéns pelo artigo. Dr. Fernandes,
Minha dúvida é a seguinte: eu aprendi uma técnica que é fazer uma incisão dorsal no pênis do animal, romper o ligamento do pênis e juntamente realizar a caudectomia do epidídimo. Essa técnica era fácil de ser realizada, mas nunca vi um rufião sendo utilizado com essa técnica na prática. Qual a sua opinião?
Obrigado
Resposta do autor:
Caro Ewerton
Já ouvi falar sobre esta técnica mas não conheço pessoalmente. Acredito que pode levar o animal a um maior risco de lesões, pois o mesmo expõe o pênis e pode machucá-lo em contato com a fêmea ou em algum outro local. Sobre a incisão no epidídimo é apenas uma garantia. Muito importante quando a técnica principal não fornece muita garantia.
Carlos
Trabalho alguns anos com rufião na vacada em manejo reprodutivo com novilhas puberes e vacas pos parto. O resultado de aumento de prenhes no inicio da estação aumenta significativamente ao mesmo tempo que torna mais uma opção de categoria na fazenda – o de engorda de rufiões -. que durante o seu trabalho de induzir cios na novilhada e vacas recem paridas torna-se uma opção para o desfrute da fazenda após 02 anos , quando seu manejo começa complicar.