Meu maior acerto foi ter escolhido a agropecuária como modo de vida. Não consigo me imaginar trabalhando fora deste ramo – Guilherme Pinezzi (Produtor MT)

O Prêmio AgroTalento 2013 é uma iniciativa ousada do BeefPoint, que visa identificar e reconhecer os talentos da pecuária brasileira com idade de 25 a 45 anos. São essas pessoas que estão construindo hoje a pecuária do futuro, são elas que fazem a diferença no nosso setor.

O prêmio foi dividido em três etapas. Na primeira, o leitor BeefPoint preencheu um formulário onde tinha que indicar um nome para cada categoria e justificando sua escolha. Após disso, foi feita uma curadoria pelo BeefPoint, selecionando os finalistas. A terceira etapa foi uma votação aberta ao público, que se encerrou no dia 2 de dezembro. A cerimônia de entrega dos prêmios e a divulgação dos ganhadores foi na véspera do BeefSummit Brasil, no dia 9 de dezembro, no restaurante Ranch Steak, no Shopping Iguatemi, em Ribeirão Preto – SP.

Saiba mais como vai funcionar e o que é o Movimento AgroTalento:

– Prêmio para celebrar os jovens talentos da pecuária brasileira (dezembro 2013)
– Portal com muitos conteúdos focados em desenvolvimento pessoal (durante todo ano de 2014)
– Plataforma de educação online com diversos cursos e treinamentos sobre desenvolvimento pessoal, gestão, liderança e auto-conhecimento (durante todo 2014)
– Curso intensivo estilo bootcamp de 5 dias fechado para convidados agrotalentos (primeiro semestre de 2014)

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Guilherme Pinezzi, um dos finalistas do Prêmio AgroTalento 2013, na categoria Produtor – Mato Grosso.

Guilherme Pinezzi Honório tem 29 anos e é casado com Beatriz Hoffmann Pinezzi Honório. É filho único, seus pais são José Mauro Honório e Maria Ignez Pinezzi (falecida em 1996).

Guilherme se formou em engenharia agronômica pela Esalq em 2006 e procurou focar sua graduação na área de produção animal e grandes culturas.

Em 2004, quando cursava o 3° ano de faculdade, sua família comprou a primeira propriedade em Mato Grosso (Fazenda Agro-oeste), e em fevereiro de 2007, após sua formatura, Guilherme se mudou para Bom Jesus do Araguaia – MT.

De lá pra cá, a família tem investido cada vez mais neste estado, onde hoje eles têm (ele e seu pai são sócios) 4 propriedades e um arrendamento.

Eles trabalham com ciclo completo, com ênfase na recria/engorda, focando na intensificação (engorda intensiva a pasto e confinamento) e sempre que possível, integrando com a agricultura.

BeefPoint: Qual atividade na pecuária mais te inspira?

Guilherme Pinezzi: A atividade da pecuária que mais me inspira é a recria e engorda. Tento enxergar o animal como um corte na mesa do consumidor final, por isso nos preocupamos muito com a qualidade dos animais que entregamos para o frigorífico. Além disso, é a atividade que mais tem dado retorno financeiro em nosso projeto.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

Guilherme Pinezzi: Acredito que meu maior acerto foi ter escolhido a agropecuária como modo de vida. Não consigo me imaginar trabalhando fora deste ramo. Faço o que gosto e isto me motiva cada vez mais a permanecer na atividade, e sobreviver às crises.

No momento em que cheguei recém formado ao Vale do Araguaia mato-grossense, idealizava implantar integração lavoura-pecuária em nossa propriedade, fui alvo de algumas críticas.

Hoje me sinto realizado em saber que estava no caminho certo e que este sistema é cada vez mais adotado, inclusive por aqueles que nos criticavam anteriormente.

BeefPoint: Em relação ao seu histórico profissional, porque você acha que foi indicado para o Prêmio AgroTalento? Das suas realizações profissionais, o que você tem mais orgulho até agora?

Guilherme Pinezzi: Para mim foi um grande orgulho e surpresa ter sido indicado. Sempre trabalhei focando em resultados, mas eu não imaginava que outras pessoas tinham conhecimento e admiravam este trabalho.

Tenho muito orgulho e satisfação de hoje poder retribuir a confiança que meu pai depositou em mim, investindo no nosso negócio e apostando em uma região que hoje é uma das novas fronteiras agrícola do nosso país, anteriormente esquecida e que poucos acreditavam nela.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Guilherme Pinezzi: Quando iniciei na atividade, cometi muitos erros, como tentar implantar tecnologias sem ter conhecimento técnico suficiente.

Um grande exemplo, foi tentar conduzir agricultura à distância, sem conhecimento prático e sem pessoas capacitadas. Isto nos custou muito caro financeiramente e quase abalou nosso projeto.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

Guilherme Pinezzi: Em 2013 aumentamos consideravelmente a quantidade de animais confinados, com todo o grão produzido dentro da propriedade.

Contratamos um engenheiro agrônomo como gerente de pecuária (Marcos Calicchio), que tem uma excelente formação, e muito nos ajuda no andamento dos projetos, na gestão de pessoas e na condução do “operacional” das propriedades. Isto fez muita diferença.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

Guilherme Pinezzi: Em 2014, pretendemos melhorar nosso operacional na agricultura à fim de adiantarmos nossa janela de plantio para o milho e capim (safrinha).

Pretendemos também intensificar com adubação e pastejo rotacionado as áreas que a agricultura “devolve” para pecuária, e com isso aumentarmos consideravelmente nossa capacidade de recria e terminação a pasto.

Também terminaremos mais bois no sistema de confinamento. Cerca de 20% dos animais terminados em confinamento devem ser provenientes de cruzamento industrial, onde buscaremos um nicho diferenciado para comercialização.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Guilherme Pinezzi: Campanhas publicitárias na grande mídia que mostrem a importância do agronegócio, principalmente para moradores das grandes metrópoles, pois são de suma importância para os jovens crescerem com a mentalidade virada para o campo.

Vejo que muitos jovens não têm envolvimento porque falta conhecimento. Nossa classe (agro), por ser desunida, peca nisto, e colheremos uma enorme falta de mão de obra no futuro, fruto desta falta de divulgação. Como exemplo de sucesso temos o caso do BeefPoint, que divulga muito bem nossa cadeia.

Porém, acredito que devemos ir além deste público especializado, e fazer nosso marketing onde poucos nos conhecem. A carne e os grãos estão na mesa do brasileiro todos os dias.

O desafio é “linkar” que a picanha veio de um animal, criado por um pecuarista, e não da gôndola do mercado ou açougue.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro no Brasil hoje? Quem você mais admira?

Guilherme Pinezzi: Não seria justo eu citar apenas um nome. Todos os indicados do prêmio AgroTalento são merecedores e representam muito bem a classe “pecuaristas de futuro”.

Com certeza todos fazem um trabalho digno de admiração e têm o compromisso de representar nossa pecuária.

BeefPoint: Qual tema você acredita que será um marco na pecuária do futuro?

Guilherme Pinezzi: Acredito que tecnologias como adubação de pastagens, integração lavoura-pecuária, IATF e cruzamento industrial são cada vez mais palpáveis para o pecuarista.

Porém, ainda falta muita informação para o pecuarista tradicional colocá-las em prática. Penso que utilizar estas e outras tecnologias de forma correta e conseguir mensurar o resultado de sua utilização será um marco, que deixará nossa pecuária tão competitiva quanto as grandes culturas agrícolas.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

Guilherme Pinezzi: Muitas fazendas merecem destaque no cenário nacional por diversos fatores, como adoção de tecnologias, controle de custos e produtividade, conduzindo a pecuária com profissionalismo.

Para não ser imparcial, cito o exemplo da Fazenda Macaé, de Cristalina – GO, dos irmãos Wilson e Eduardo Mancebo. Em uma visita recente, fiquei impressionado em como conseguiram inserir o boi em uma fazenda típica de agricultura irrigada do entorno de Brasília.

Lá a concorrência com grandes culturas como milho, soja, algodão, feijão, batata e feno, deixou de ser concorrência e se transformou em sinergia. Um grande exemplo de diversificação.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

Guilherme Pinezzi: Não se acomodar na atividade e buscar sempre renovar os conhecimentos. Precisamos também de uma classe mais unida, e que esta união seja feita de forma profissional.

Não podemos nos deixar vencer por questões políticas e ambientais. Temos que superar estes desafios, pois acredito que futuramente nossa atividade nos guarda “bons ventos”.

BeefSummit Brasil

Data: 10 e 11 de Dezembro de 2013
Local: Centro de Convenções Ribeirão Preto (CCRP)
Endereço: Rua Bernardino de Campos, 999, Ribeirão Preto – SP
Site do evento