O governo do México anunciou na sexta-feira passada que manterá fechada a fronteira às importações de carne bovina do Uruguai, devido ao fato de este país não ter oferecido garantias sanitárias suficientes para que o produto possa entrar no México.
A Secretaria da Agricultura do México disse que a abertura de fronteiras poderia ser feita quando o Uruguai cumprisse com a condição de que o diagnóstico da febre aftosa seja realizado com fundamento científico aceito pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) e não represente riscos para o rebanho do país.
O Ministério explicou que entre dezembro do ano passado e março deste ano, uma equipe de técnicos mexicanos visitaram o Uruguai para verificar as condições sanitárias do país a fim de autorizar a importação de carne bovina. No entanto, a equipe mexicana encontrou em suas revisões inconsistências que devem ser atendidas, assim como questionamentos que devem ser respondidos sobre a capacidade de diagnóstico da febre aftosa que existe atualmente.
Em 2001 o Uruguai sofreu uma epidemia de febre aftosa, motivo pelo qual os principais países compradores fecharam suas fronteiras à carne uruguaia. A Secretaria disse que a certificação de sanidade da carne no Uruguai foi realizada de acordo com o estipulado pelos responsáveis pela saúde animal de ambos os países. No entanto, reiterou que nas decisões em matéria de saúde animal prevalecem os critérios científicos e não estão sujeitas a qualquer tipo de intenção política ou de proteção comercial.
O presidente do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, Roberto Vázquez Platero, questionou a atitude “confusa” do México. De qualquer forma, ele afirmou que as negociações com o governo mexicano continuarão.
“As garantias sanitárias são claramente fornecidas para outros países; em um país que há três anos não tem nenhum foco nem evidência de aftosa. Hoje, trata-se de negociar alguns pontos menores e o prolongamento – que certamente serve a alguns setores – para que demore o máximo possível a entrada de nossa carne”, disse Platero. “O México é um país complicado, com muitas pressões internas, e os políticos não tomam as decisões com clareza”.
O representante da Câmara da Indústria Frigorífica, Daniel Beleratti, disse que os empresários uruguaios estão avaliando a possibilidade de pedir ao governo do país que leve o assunto à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas admitiu que isto tem alguns inconvenientes. “Temos o direito de fazer uma queixa para a OMC sobre o fato de estarem usando argumentos sanitários falsos para impedir a entrada do produto. No entanto, estaríamos dando aos mexicanos o que eles querem: tempo. Uma vez apresentada a queixa à OMC, temos que esperar mais um ou dois anos, sem entrar no mercado”, concluiu Beleratti.
Fonte: Invertia.com e Espectador.com, adaptado por Equipe BeefPoint