A Cenibra – Celulose Nipo Brasileira abate 60 mil árvores todos os dias, para atender à produção de 900 mil toneladas anuais de celulose em sua fábrica, localizada no município de Belo Oriente, a 250 quilômetros a leste da capital mineira. Em decorrência da sua decisão de duplicar a produção, anunciada há algumas semanas, a empresa está sendo assediada por fazendeiros, interessados em trocar a pecuária pela exploração da madeira, com o objetivo de fornecer parte das novas florestas para alimentar os seus fornos.
O interesse pela atividade decorre, segundo os proprietários rurais, da rentabilidade do negócio, pelo menos três vezes superior à da pecuária. Atualmente, 730 deles já estão plantando eucalipto – a espécie adotada. Um número ainda maior se candidatou à expansão. “Neste ano, oferecemos 2 mil hectares aos fazendeiros e em 2006 serão 10 mil. Apesar do aumento da área, não atenderemos à demanda”, revela o engenheiro Germano Aguiar Vieira, superintendente florestal da companhia.
Para atender suas novas necessidades, a empresa decidiu, então, oferecer 10% das novas áreas plantadas aos fazendeiros, que já comprovaram a excelência em plantações experimentais. Atualmente, 3% da madeira são adquiridos de proprietários rurais. Técnicos da companhia pretendem propor acréscimo ainda maior, com a terceirização de 20% da expansão.
Ao assinar o contrato com a Cenibra, o fazendeiro recebe a garantia da aquisição de toda a madeira produzida, ao preço médio de R$ 53,00 por metro cúbico. O abate do eucalipto é feito sete anos após o plantio. A empresa oferece financiamento ao produtor. Se quiser, o proprietário participa apenas com a terra e a vigilância da fazenda. Em cada hectare são produzidos, em média, 240 metros cúbicos, dos quais 40 metros pagam o financiamento. Caso o fazendeiro deseje vender a madeira para outro comprador, terá apenas de pagar a dívida. Esse aspecto inibe o incentivo à terceirização.
O fazendeiro José Carlos Fernandes que plantou eucalipto em 280 hectares de sua propriedade em Governador Valadares, há sete anos. Dentro de alguns dias ele fará a primeira venda. Pelos seus cálculos, a rentabilidade será três vezes maior que a criação de gado de corte. Ele tenta contratar outros 220 hectares herdados da avó.
Pesquisa indica que a madeira é a principal atividade para 31% dos fazendeiros. Muitos voltaram a residir na fazenda. É o caso do aposentado Jamir Mendes, que investiu sua indenização trabalhista numa propriedade rural no município de Naque. Nos últimos seis anos, ele cobriu 80 hectares com eucalipto. Por não ter experiência pretende terceirizar o corte.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Durval Guimarães) adaptado por Equipe BeefPoint