Num momento de forte pressão sobre a cadeia produtiva da carne bovina, em que o Greenpeace e o Ministério Público acusaram frigoríficos de incentivar o desmatamento ao comercializar carne bovina proveniente de áreas de desmate ilegal na Amazônia, uma pequena rede de supermercados em Minas Gerais, a Verdemar, investe para ter o rastreamento completo da carne bovina que comercializa.
Num momento de forte pressão sobre a cadeia produtiva da carne bovina, em que o Greenpeace e o Ministério Público acusaram frigoríficos de incentivar o desmatamento ao comercializar carne bovina proveniente de áreas de desmate ilegal na Amazônia, uma pequena rede de supermercados em Minas Gerais, a Verdemar, investe para ter o rastreamento completo da carne bovina que comercializa.
A varejista, que vende para a elite de Belo Horizonte, poderá ser a primeira do Brasil a contar com o rastreamento completo do gado, da fazenda à gôndola, garantindo assim a procedência da carne.
A primeira etapa do projeto, o rastreamento da carne do Frigorífico Pantanal, em Várzea Grande (MT), até as três lojas do Verdemar, passando pela central de terminação de carnes Bull Light, de propriedade do supermercado, será concluída amanhã.
A segunda etapa começará na segunda quinzena do mês, quando o Pantanal deve fornecer para a empresa de rastreamento digital Safe Trace a lista de seus 400 fornecedores.
Segundo o presidente do Pantanal, Luiz Antonio Freitas Martins, que também é o presidente do Sindicato da Indústria Frigorífica do Mato Grosso, os produtores deverão ganhar uma remuneração adicional para se tornarem fornecedores do Verdemar, para isso devem utilizar um o chip eletrônico na identificação dos animais.
“O prêmio da remuneração que recebermos do Verdemar será dividido com o fornecedor que aceitar ser rastreado”, disse Martins, que não acredita em resistências. “Nós hoje já trabalhamos com dois cadastros negativos. Não compramos gado de nenhum produtor que esteja na lista negra do trabalho escravo e nem na lista do desmatamento ilegal feita pelo IBAMA. O nosso frigorífico não trabalha com fornecedores instalados no bioma amazônico”, garantiu Martins.
Segundo o dono do Verdemar, Luiz Alexandre Poni, o prêmio a ser recebido pelo frigorífico e pelos produtores ainda será objeto de negociação. O empresário afirmou que houve uma coincidência em relação ao rastreamento do Verdemar começar no mês seguinte da polêmica iniciada pelo Greenpeace, já que a Safe Trace foi contratada em junho do ano passado.
“Nós atuamos em um nicho de mercado de qualidade, não competimos em preço. E nesse mercado, ter uma carne com garantia de origem, atestável por meio de um código de barras na embalagem, é um diferencial importante”, afirmou. Poni avalia que o rastreamento no Verdemar deve andar muito mais rápido do que o das grandes redes. “Acredito que conseguiremos fazer o ciclo completo até o final do ano porque nossa estrutura é muito mais simples que a deles. Temos um único frigorífico fornecedor, o Pantanal. Toda nossa carne é processada na central de terminação Bull Light. Temos atualmente três lojas e vamos abrir mais duas, todas na região metropolitana de Belo Horizonte”, afirmou Poni.
A rede Verdemar comercializa 12 toneladas mensais de carne e, com a abertura das duas novas lojas, deve passar para um processamento de 20 toneladas ao mês. A rede é pequena, mas conta com um faturamento expressivo: conseguiu em 2008 uma receita líquida de R$ 170 milhões.
A Safe Trace já faz o rastreamento digital bovino em fazendas que buscaram soluções para facilitar o manejo do gado. Na Fazenda Canchim, em Capim Branco (MG), do industrial do setor metalúrgico Petrônio Zica, voltada para a seleção de gado Canchim, um híbrido entre o charolês e o nelore, o sistema foi adotado para permitir a redução da mão de obra. Sem o sistema digital, uma boiada de três mil cabeças demorava uma semana para ser pesada. Com a nova tecnologia, o tempo gasto é de apenas um dia.
A matéria é de César Felício, publicada no Valor Econômico resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.