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Minerva alerta pecuaristas sobre resíduos em carne bovina 

Foto: Divulgação Minerva

A Minerva Foods informou, nesta semana, por meio da rede social ‘Laço de Confiança’, dedicada ao programa de relacionamento com os pecuaristas, que a China detectou níveis acima do permitido do carrapaticida fluazuron em alguns lotes enviados pelo Brasil ao País. 

O comunicado da companhia, que é líder em exportação de carne bovina e derivados da América do Sul e uma das maiores do mundo, disse que, a partir de agora, a fiscalização deve ser reforçada, pois qualquer nova ocorrência poderá prejudicar as relações comerciais entre os dois países.

“Seguir corretamente as orientações de uso — incluindo dose, forma de aplicação e período de carência — é essencial para assegurar a conformidade dos embarques, fortalecer a relação com compradores internacionais e preservar a credibilidade do nosso produto”, enfatiza o alerta emitido aos pecuaristas.

Postagem na rede social “Laço de Confiança”, usada pela Minerva Foods no relacionamento com o pecuarista. | Foto: Reprodução

Procurada pelo Agro Estadão, a companhia ressaltou que o Laço de Confiança é um programa de relacionamento com o pecuarista que, entre outras iniciativas, compartilha informações atualizadas sobre temas relevantes para a pecuária.

A reportagem também procurou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para comentar, mas não obteve retorno até essa publicação. 

Episódio anterior desencadeou suspensão temporária

A detecção de resíduos de produtos veterinários na carne bovina brasileira não é uma situação nova para a indústria. Em março deste ano, a China chegou a suspender temporariamente a importação de carne bovina de três empresas brasileiras devido a resíduos de produtos proibidos no País. Os embarques foram retomados posteriormente.

Porém, o assunto ganha novas proporções neste momento em que avançam as investigações chinesas que avaliam uma possível aplicação de medidas de salvaguarda às importações de carne bovina de Pequim.

Resíduos também no radar da UE

Além do gigante asiático, a reincidência de resíduos de produtos veterinários na carne bovina brasileira voltou ao centro das discussões na União Europeia (UE), às vésperas da possível assinatura do acordo comercial com o Mercosul, previsto para o dia 20 deste mês.

O Agro Estadão noticiou no início desta semana que lotes de carne bovina do Brasil foram recolhidos em pelo menos 11 países do bloco europeu, além do Reino Unido, após a detecção de hormônios proibidos na legislação local. No caso, o produto detectado foi o estradiol, usado para fins reprodutivos na Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).

Sobre o ocorrido, a Missão do Brasil junto à UE divulgou nota no dia 08 deste mês, afirmando que o caso é uma “ocorrência rara” e que as cargas foram recolhidas após comunicação voluntária das próprias autoridades brasileiras aos inspetores europeus. A representação diplomática destacou que, desde 2011, o Brasil proíbe o uso de substâncias hormonais com atividade anabólica para ganho de peso em bovinos, e que o estradiol é permitido apenas em doses reduzidas para fins reprodutivos em fêmeas, com o período de carência devidamente observado.

Segundo a Missão, o setor implementou em janeiro deste ano o Protocolo para a Exportação de Fêmeas Bovinas (PEFB), elaborado pela Associação Brasileira das Empresas de Certificação e aprovado pelo Ministério da Agricultura, com o objetivo de garantir rastreabilidade e assegurar que apenas animais nunca tratados com estradiol sejam exportados à UE. O órgão também reiterou que as exportações brasileiras à Europa “são seguras, atendem a todos os requisitos do bloco e passam por diversas verificações in loco”.

A nota acrescenta ainda que situações de não conformidade também ocorrem com produtos europeus exportados ao Brasil e que essas ocorrências são tratadas por meio dos canais técnicos formais, sem questionamentos à segurança geral desses alimentos.

Resíduos podem gerar barreiras?

Em setembro do ano passado, o uso do mesmo hormônio levou a UE a suspender a importação de carne bovina de fêmeas do Brasil. Na ocasião, o bloco decidiu que apenas a carne de animais machos seria considerada elegível para exportação até que um protocolo privado fosse implementado para garantir que as fêmeas não tenham sido tratadas com o produto estradiol para fins reprodutivos ou zootécnicos.

Para o consultor Alcides Torres, da Scot Consultoria, parte da preocupação internacional com resíduos de produtos veterinários deve ser vista dentro do contexto de disputas comerciais. Segundo ele, exigências sanitárias podem, em alguns casos, funcionar como barreiras não tarifárias impostas por países importadores.

Torres afirma que a presença de fluazuron, quando ocorre, é pontual e poderia ser evitada com o cumprimento do período de carência indicado pelo fabricante. “Não se trata de um problema de ordem nacional, mas de falhas individuais que acabam repercutindo de forma mais ampla”, explica Torres. Sobre o estradiol, ele reforça que a substância é utilizada em doses muito pequenas, restritas a protocolos reprodutivos como a IATF.

Fonte: Estadão.

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