Para o empresário Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods, uma coisa é certa: se o negócio de sua empresa é produzir proteína animal, não há lugar melhor para estar do que a América do Sul. Segundo ele, todos os grandes exportadores mundiais estão enfrentando problemas. “Os Estados Unidos estão com o menor rebanho em 60 anos e a Austrália tem sérios problemas de mão de obra”, afirma Queiroz, numa referência aos maiores competidores do Brasil nesse mercado.
Para o empresário Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods, uma coisa é certa: se o negócio de sua empresa é produzir proteína animal, não há lugar melhor para estar do que a América do Sul. Segundo ele, todos os grandes exportadores mundiais estão enfrentando problemas. “Os Estados Unidos estão com o menor rebanho em 60 anos e a Austrália tem sérios problemas de mão de obra”, afirma Queiroz, numa referência aos maiores competidores do Brasil nesse mercado.
Ele acredita, ainda, que o cenário não deve mudar em menos de uma década, posição que é avalizada por muitos analistas de mercado. “As perspectivas para a indústria de carne bovina são muito positivas e o Brasil vai se beneficiar de uma forte demanda, tanto externa quanto interna”, diz Albert Vernooij, analista do banco holandês Rabobank. “Mesmo que a oferta cresça, os preços devem se manter firmes.” Caso as previsões estejam corretas, a Minerva estará, realmente, em uma posição privilegiada. Todos os seus ativos estão concentrados no chamado Cone Sul.
Com isso, a BRF passa a ser a segunda maior acionista da Minerva, atrás apenas da família controladora, e ganhará duas cadeiras no conselho. A aquisição aumenta em 20% a capacidade de abate da Minerva, hoje na casa de 15,8 mil cabeças de gado por dia, o que deve representar um acréscimo de R$ 1 bilhão no faturamento, que bateu na casa dos R$ 5,45 bilhões no ano passado. Mas os efeitos da transação não se resumem aos eventuais ganhos de curto prazo. Ela atende a anseios estratégicos tanto da BRF, que vem se desfazendo de ativos desde que o empresário Abilio Diniz assumiu a presidência do Conselho, em abril do ano passado, quanto da Minerva, cujo foco sempre foi o mercado de carne bovina.
Na verdade, a empresa possui uma divisão de alimentos prontos, a MFF, que representa cerca de 3% do faturamento. O Cade, no entanto, condicionou a aprovação do negócio com a BRF ao desmembramento da unidade. Segundo Queiroz, as estratégias das duas empresas são convergentes. Elas vinham procurando criar uma cadeia de produção, na qual cada empresa se preocupa apenas com o que faz melhor. “Já estávamos conversando com o pessoal da BRF e chegamos à conclusão de que existem muitas oportunidades conjuntas”, afirma. Mas há um motivo ainda mais forte para a formação dessa aliança: fazer frente ao JBS, maior empresa de proteína animal do mundo e principal competidor das duas parceiras.
O frigorífico comandado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista é de longe o número 1 do setor de atuação da Minerva, seguido pela Marfrig. Agora, está apostando todas as suas fichas no mercado de alimentos processados, incomodando, cada vez mais, a BRF. Para a BRF, repassar a Newco para a Minerva foi uma maneira bem-sucedida de resolver a situação de sua divisão de bovinos, que não vinha apresentando bom desempenho. Não se trata de um negócio isolado. Desde que seu grupo assumiu o controle e a presidência do conselho da empresa, Diniz vem procurando se desfazer de ativos que não fazem parte de seu core business.
Ao mesmo tempo, ao garantir uma participação societária na Minerva, a empresa não precisa abandonar um setor estratégico, como o de carne bovina, garantindo matéria-prima para algumas linhas de produtos, como a de hambúrgueres. O alinhamento entre as duas parceiras, na verdade, é maior do que parece. Edison Ticle, diretor-financeiro da Minerva, lembra que Sérgio Fonseca, atual presidente da BRF Brasil, foi conselheiro do frigorífico. Apenas se unir, no entanto, não será suficiente para garantir igualdade de forças com o JBS, cujo faturamento, de R$ 92,9 bilhões no ano passado, é quase três vezes maior do que a receita da Minerva e a da BRF somadas.
Para fazer frente ao gigante, Queiroz aposta na eficiência. “Nosso negócio é gado, não fazemos outra coisa”, diz o CEO.
No ano passado, o prejuízo líquido registrado pela empresa, de $ 314,3 milhões, foi 58% maior do que o verificado em 2012. Já neste ano, a última linha do balanço ficou em azul nos dois primeiros trimestres, com lucros de R$ 69,1 milhões e R$ 18,5 milhões, respectivamente. O endividamento aumentou no segundo trimestre deste ano, passando de 3,31 vezes o ebitda (medida de geração de caixa), no mesmo período do ano passado, para 3,43. Segundo o diretor-financeiro Edison Ticle, no entanto, a dívida ainda se encontra em um patamar aceitável. “É preciso considerar os efeitos das aquisições que fizemos”, afirma o executivo. “Nos próximos trimestres a relação dívida/ebitda deve voltar ao patamar de 2,8 vezes que tínhamos em 2012.”
Fonte: Isto é, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.