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Minerva avança em plano para zerar desmatamento

Embalada pelos resultados que tem alcançado nos últimos anos a partir de investimentos e ações de mapeamento e rastreabilidade de sua cadeia de suprimento, sobretudo dos fornecedores diretos de gado, a Minerva Foods está apertando o passo para aprofundar o monitoramento também dos fornecedores indiretos. Os esforços estão em linha com as metas da empresa de eliminar o desmatamento ilegal na cadeia até 2030 e de zerar as emissões líquidas de carbono até 2035, que exigirão aportes de cerca de R$ 1,5 bilhão.

Para acelerar o processo, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul vai colocar à disposição dos produtores um novo aplicativo capaz de facilitar a análise de suas fazendas e de suas próprias redes de suprimentos. Desenvolvido pela Niceplanet Geotecnologia, o aplicativo compartilha as mesmas tecnologias e base de dados do sistema de monitoramento da Minerva, com informações sobre embargos ambientais do Ibama e de secretarias estaduais de Meio Ambiente, sobreposições de pastagens em terras indígenas, unidades de conservação, ou territórios Quilombolas e lista suja de trabalho escravo, entre outras.

Um projeto-piloto com o aplicativo envolveu 40 pecuaristas escolhidos pela companhia em Rolim de Moura (RO), Mirassol D’Oeste (MT) e Paranatinga (MT). Com o fim dos testes, a ferramenta – SMGeo Prospec -, passa a estar disponível na App Store e no Google Play Store para download gratuito. “Com essa transferência de tecnologia, produtores de todo o país poderão acessar dados que mostram se as fazendas e fornecedores prospectados têm ligação com desmatamento ilegal ou atuam sem conformidade com boas práticas e leis ambientais e sociais”, afirma Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva Foods. 

Com 100% de seus fornecedores diretos monitorados desde 2020 no país, 65% deles fora do bioma Amazônia, a empresa recentemente recebeu uma injeção de ânimo do Ministério Público Federal (MPF) do Pará para consolidar uma cadeia de fornecimento 100% sustentável. Em auditoria feita de janeiro de 2018 a junho de 2019, o MPF atestou que nenhum gado comprado pela Minerva no Estado no período saiu de áreas com desmatamento ilegal realizado após 2008 ou sobrepostas a terras indígenas e a unidades de conservação, de propriedades embargadas pelo Ibama ou sem Cadastro Ambiental Rural (CAR) e de fazendas com trabalho análogo à escravidão. 

Como o trabalho do MPF do Pará até agora é único no país, o resultado foi particularmente comemorado pela companhia, até porque quase 10% do gado comercializado no Pará pelos frigoríficos em geral no período apresentou algum tipo de irregularidade. De janeiro de 2018 a junho de 2019, a Minerva monitorou 603 fazendas no Pará, e bloqueou 120 por causa de inconformidades. Em todo o Brasil foram monitoradas 5.527 fazendas e 643 tiveram que ser bloqueadas. 

Para esse trabalho de monitoramento, intensificado desde o período da auditoria e que já envolve mais de 14 milhões de hectares no Brasil e no Paraguai, a Minerva integrou a tecnologia Visipec, que também analisa riscos de fornecedores indiretos, ao seu sistema interno de compra de gado. A ferramenta, também baseada em dados públicos, foi desenvolvida pela ONG National Wildlife Federation (NWF) e pela Universidade de Wisconsin. 

Com o avanço do monitoramento de fornecedores diretos e indiretos, a empresa afirma que já é neutra em emissões de carbono do escopo 2 do GHG Protocol, relacionadas ao consumo de energia elétrica das unidades operacionais. “O grande desafio é o escopo 3, que envolve o desmatamento ilegal de fornecedores diretos e indiretos e o balanço de carbono nas fazendas. Mas com as novas tecnologias e o engajamento dos pecuaristas, vamos cumprir nossa meta”, diz Custódio. 

O executivo destaca que, segundo dados oficiais, 90% do desmatamento registrado em 2019 em 176 mil das 630 mil propriedades privadas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) na Amazônia, por exemplo, ocorreu em fazendas com até 500 hectares – 65% em propriedades com até 100 hectares e 25% com entre 100 e 500 hectares. Sem tecnologia e engajamento, portanto, é difícil identificar e coibir problemas em fazendas menores. “A chave é mostrar que uma cadeia sustentável é competitiva e pode ser mais produtiva, inclusive a partir do acesso mais fácil a linhas de crédito”. E para a Minerva, que tem cerca de 70% dos negócios concentrados em exportações – no segundo trimestre deste ano a receita líquida da companhia totalizou R$ 6,3 bilhões -, essa evolução é considerada fundamental. 

Paralelamente aos avanços no Brasil, a Minerva vem avançando com ações ligadas à sustentabilidade também nos demais países da América do Sul em que está presente. No Paraguai, 89% das compras de gado já são monitoradas e a expectativa é chegar a 100% até o fim deste ano. Na Colômbia, a meta é chegar a 100% em 2023, no Uruguai o ano-limite é 2025 e na Argentina, 2030.

Fonte: Valor Econômico.

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