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Minerva divulga resultados e busca consolidação

No final da semana passada o Minerva divulgou os resultados referentes ao 4º trimestre de 2008, apesar dos números terem sido afetados pela variação cambial e por uma maior disputa no mercado, o frigorífico Minerva crê em melhoria nas exportações brasileiras de carne bovina e na continuidade da demanda firme no mercado doméstico em 2009. "Há pouco estoque fora do Brasil, por isso vejo recuperação apesar da redução do consumo [em 2008]", disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva.

No final da semana passada o Minerva divulgou os resultados referentes ao 4º trimestre de 2008, apesar dos números terem sido afetados pela variação cambial e por uma maior disputa no mercado, o frigorífico Minerva crê em melhoria nas exportações brasileiras de carne bovina e na continuidade da demanda firme no mercado doméstico em 2009. “Há pouco estoque fora do Brasil, por isso vejo recuperação apesar da redução do consumo [em 2008]”, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva.

Ele avalia que a influência da crise na produção de carne é menor no Brasil que em outros países e acredita que o setor conseguirá ampliar os volumes exportados para a União Europeia, já que o número de fazendas certificadas para fornecer animais vem crescendo.

A perspectiva do Minerva é que o dólar valorizado ante o real também beneficie as vendas externas de carne. No ano passado, porém, o câmbio não conseguiu estimular as exportações por conta da crise global e levou o Minerva a perdas. No último trimestre, a empresa teve prejuízo de R$ 179,7 milhões, decorrente da desvalorização do real a partir de setembro, que resultou numa despesa de R$ 131,8 milhões, (sem efeito caixa) – no quarto trimestre de 2008 havia tido um lucro de R$ 16,5 milhões. No ano, a perda foi de R$ 215,5 milhões, ante um lucro de R$ 62,5 milhões no exercício de 2007.

As receitas com as vendas no último trimestre subiram 4,4% sobre igual intervalo de 2008, para R$ 509,3 milhões. No ano, o avanço foi de 42,5%, para R$ 2,308 bilhões, graças a vendas 76,4% maiores no mercado interno. O ritmo diminuiu no último trimestre porque o Minerva parou temporariamente três plantas, para reduzir custos. Da receita total de 2008, R$ 1,468 bilhão foram exportações, que cresceram 28,4% impulsionadas pela divisão carne.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) do Minerva caiu 20,3%, para R$ 29,4 milhões no quarto trimestre de 2008, mas cresceu 27,2% em 2008, para R$ 153,4 milhões. No ano, a margem lajida foi de 7,2%, abaixo dos 8,2% de 2007, reflexo da pressão dos custos do boi e das vendas menores à UE.

Já a margem líquida da empresa ficou negativa em 10,2% em 2008, depois de ter alcançado 4,3% positivos no ano anterior. “2008 foi um ano de concorrência grande por share no mercado, de briga para conseguir margens”, disse o presidente do Minerva. Neste ano, a briga será para ocupar espaços deixados no mercado por frigoríficos que, em crise, deixaram de operar. No ano passado, o Minerva conseguiu operar com utilização média de 75% de sua capacidade de abate de 6.500 animais/dia. Atualmente, já opera com 80%.

Ainda que tenha priorizado o crescimento orgânico recentemente, o Minerva não descarta aquisições num momento em que há vários ativos à disposição no mercado. “Sempre analisamos possibilidades. Consolidação não é feita na euforia. Empresas mais estruturadas, como é nosso caso, são empresas que serão consolidadoras”, afirmou Queiroz.

O Minerva fechou 2008 com caixa de R$ 466,5 milhões e dívida líquida de R$ 931,7 milhões. De acordo com a empresa, R$ 215 milhões em recursos financiados pelo BNDES e pelo Banco da Amazônia serão usados para recompor o caixa utilizado nos investimentos já feitos e no alongamento da dívida.

Durante a conferência para apresentação dos resultados, na última sexta-feira, Queiroz explicou que como estratégia para mitigar os riscos de inadimplência no mercado internacional, “o Minerva buscou fechar contratos menores e com prazos reduzidos”. Ele ressaltou que “no início da crise ocorreram atrasos de pagamento com cargas paradas nos portos, não ocorreu nenhum default. Hoje a situação está melhorando com aumento na liquidez de crédito e o risco de inadimplência tem diminuído. Não existe risco de não recebimento, pois a carga só é liberada após o pagamento”.

O presidente do grupo informou que a política do Minerva está pautada na preservação de caixa e análise dos cenário mundial para ajudar na melhor tomada de decisão. E finalizou a conferência comentando, “o Minerva sempre teve muita responsabilidade e comprometimento com os passos que dá. Nós investimos fortemente na gestão de riscos. 2009 será um ano de grandes desafios, mas estamos preparados para enfrentá-los”.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Luciano Andrade Gouveia Vilela disse:

    Independente se o resultado foi bom ou ruim, uma coisa é boa. Nunca vi essas empresas darem satisfação dos seus movimento para ninguém. O minerva é o terceiro que se manifesta no último mês. A gente só não tem fundamentos para crer ou discrer, mas essa satisfação ao mercado já é uma pequena melhoria trazida pela crise.

  2. walterlan rodrigues disse:

    Eu fico imaginando os milhares de chefes de família que estão desempregados com a paralização de muitos frigoríficos, a situação de muitos pecuaristas que venderam seu animais para poder sanar seus comromissos e de repente estoura uma bomba como a do Independência, que tem como sócio o BNDS, cujo sócio não acompanhou a evolução do seu negócio e não viu nenhuma luz vermelha piscando, alertando para o perigo que estava correndo seu capital. E nós, como ficamos? Se o governo abriu o caixa para injetar dinheiro nos frigoríficos, tornando-se socio dos maiores deles, como não íamos nós acreditar que tudo estava indo bem. Alguma coisa não está certa. O que será?

  3. Mauricio Santos Junqueira disse:

    Não ficou claro para mim a explicação de resultados negativos foram influenciados pela desvalorização do Real frente ao Dolar.

    É sabido que para o setor exportador, a desvalorizaçao de nossa moeda frente ao dolar significa entrada maior de Real, portanto benefica.

    Gostaria de ter mais detalhes sobre a explicação.

  4. Gustavo Fonseca disse:

    Olá Maurício,

    O que acontece é que com a crise mundial, o Minerva não conseguiu obter ganhos cambias com as exportações que compensassem suas obrigações financeiras externas. Obrigações estas que geraram no período o prejuízo em questão. Mas vale resaltar que estas obrigações são de longo prazo, e por isso, geraram na verdade um prejuízo contábil que pouco alterou o sólido caixa da empresa.

  5. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Mauricio, se uma empresa listada na Bovespa tem uma dívida de longo prazo no valor de 100 milhões de dólares e a cotação do dólar é 1,65 reais por dólar na data de fechamento do balanço, então ela entra no balanço como 165 milhões de reais. No ano seguinte, supondo que nada se pagou para abatê-la, com o dólar a 2,35 ela sobe para 235 milhões de reais. Este aumento de 70 milhões de reais foi meramente contábil, nada mudou na empresa. Se ela é sólida e gera dólares, continua sólida e vai gerar os mesmos dólares necessários para pagar a dívida (supondo o preço internacional inalterado, lógico).

    Toda empresa tem dívida, isso é sadio quando em patamares razoáveis, e em longo prazo. A coisa fica perigosa quando estas condições não são atendidas. Espero ter ajudado.

  6. mauri deschamps disse:

    O frigorificos estão tomando seu proprio veneno que deram aos pecuaristas de 2001 a 2005, quando tabelaram a arroba do boi em 60,00 miseros reais.

    Conclusão: desestimularam os pecuaristas, que para sobreviverem começaram a abater matrizes nesse mesmo periodo.

    Agora não tem mais boi e vaca baratos, e por conseguinte falta matéria prima para os frigorificos, aliado a crise economica mundial.

    Agora eles estão correndo para pedir ajuda ao caixa do governo, e alguns até conseguindo polpudos financiamentos.

    E pergunto; como ficam os pecuaristas? quem os ajudará?