Depois de passar quase todo o último ano pressionada pelo endividamento excessivo, a Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, conseguiu reduzir o índice de alavancagem de forma substancial no quarto trimestres graças ao aumento de capital de cerca de R$ 1 bilhão e à geração de caixa livre de mais de R$ 300 milhões.
Mesmo assim, a companhia brasileira fechou o quarto trimestre no vermelho, com prejuízo líquido de R$ 92,1 milhões. Na comparação com o mesmo período de 2017, porém, a perda diminuiu 70,6%. No acumulado do ano passado, o prejuízo mais que quadruplicou, alcançando R$ 1,2 bilhões.
De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Edison Ticle, a Minerva teria fechado o quarto trimestre no azul, com um lucro da ordem de R$ 10 milhões, se não fossem itens não recorrentes – a maior parte sem efeito no caixa – como a redução de R$ 18,8 milhões no valor a recuperar para o ativo imobilizado, despesas de R$ 24,1 milhões em razão da hiperinflação na Argentina e quase R$ 60 milhões do resgate de títulos no exterior.
No quarto trimestre, a Minerva reportou melhores resultados operacionais. No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou R$ 462,8 milhões, um crescimento de 27,4% na comparação com os R$ 362,4 milhões vistos no mesmo intervalo do ano anterior. Com isso, a margem Ebitda ajustada passou de 9,2% para 10%. Na mesma comparação, a receita líquida aumentou 16,3%, para R$ 4,6 bilhões.
De acordo com Ticle, o melhor resultado operacional foi sustentado, entre outros fatores, pela evolução da rentabilidade da Athena Foods, empresa que reúne as operações da Minerva Foods fora do Brasil e que está em processo para a abertura de capital na bolsa de Santiago, no Chile. Com uma participação de 41% nas vendas totais da Minerva no quarto trimestre, a Athena registrou uma margem Ebitda de 8,2% no período, ante uma margem de 7,1% um ano antes.
Além disso, a Minerva conseguiu gerar caixa por meio da redução da necessidade de capital de giro. Segundo o executivo, a geração de caixa livre do quarto trimestre foi responsável por quase metade de todo o caixa que a companhia gerou em 2018. A empresa obteve esse resultado a partir da redução dos estoques.
Na avaliação de Ticle, a geração de caixa ajudou a companhia a reduzir sua alavancagem para além do que os analistas de mercado esperavam por causa do aumento de capital. Se não tivesse gerado caixa, a companhia teria reduzido o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) para algo próximo de 4,3 vezes em dezembro passado, ante 5 vezes em setembro. No entanto, a redução foi ainda maior, e o índice de alavancagem caiu a 3,9 vezes.
Para 2019, a Minerva mantém a desalavancagem como meta. Para tanto, o IPO da Athena Foods será fundamental. Com os recursos da abertura de capital, que deve ocorrer entre abril e maio, a empresa poderá trazer o índice para níveis considerados saudáveis em um negócio volátil como é o de commodities, abaixo de 3 vezes. O planejamento da Minerva para este ano prevê uma receita líquida entre R$ 16,5 bilhões e R$ 17,5 bilhões, ante R$ 16,2 bilhões no ano passado.
Fonte: Valor Econômico.