No início da semana, o Ministério Público Federal encaminhou um ofício às 20 maiores redes do País questionando onde as empresas adquirem a carne e o que elas vêm fazendo para impedir, por exemplo, a compra de boi criado em área de desmatamento.
Os maiores supermercados do País terão dez dias para explicar onde compram a carne vendida ao consumidor e o que vêm fazendo para reduzir os danos ambientais causados por seus fornecedores. No início da semana, o Ministério Público Federal (MP) encaminhou um ofício às 20 maiores redes do País questionando onde as empresas adquirem a carne e o que elas vêm fazendo para impedir, por exemplo, a compra de boi criado em área de desmatamento.
A ofensiva partiu de uma atuação conjunta das Procuradorias da República de três Estados – Mato Grosso, Pará e Acre – e representa um segundo estágio na relação com fazendeiros, frigoríficos e supermercados.
Nos últimos anos, eles assinaram compromissos públicos ou Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) prometendo tornar mais sustentável a cadeia produtiva da carne. Agora, o MP quer saber se as promessas saíram do papel. O documento da procuradoria pede que os supermercados encaminhem “uma lista atualizada” de fornecedores.
A lista inclui o Grupo Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour, além da sergipana G. Barbosa, a gaúcha Zaffari e a mineira DMA Distribuidora. O MP enviou a solicitação dos fornecedores também para o Prezunic e o Zona Sul, do Rio de Janeiro, e os supermercados Sonda, Coop Cooperativa de Consumo e Savenagnago, de São Paulo.
O MP pede ainda explicações sobre o compromisso da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de não comprar carne de fazendeiros que não respeitam a legislação. Procurada, a Abras não respondeu.
Fonte: jornal O Estado de SP, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
3 Comments
Tema polêmico, que exige muita sabedoria para ser bem conduzido.
É muito fácil para os supermercados explicarem de quem adquiriram carne bovina. Fornecer a lista de frigoríficos não toma mais que alguns minutos do varejista. Já para os supermercados explicarem de onde os frigoríficos adquiriram os animais e qual a situação destas propriedades rurais é bem mais dificil. Dependem de uma maior “prestação de contas” dos frigoríficos.
Existem sim amarrações hoje em dia, mas não nos termos que o MP está exigindo nos TACs. O fato concreto é que atender as novas exigências agrega custo ao processo e a cadeia produtiva não se entende a respeito. Os varejistas não querem pagar, os frigoríficos não querem pagar e os pecuaristas não querem pagar. Todos alegam margens estreitas.
Em outras palavras, pecuaristas querem repassar o custo adicional do processo para o frigorifico, que por sua vez quer repassar o custo para o varejista, que por sua vez não vê como repassar para o consumidor, que na sua maioria ainda não despertou para o assunto. A verdade é que a demanda do MP ainda tem eco muito pequeno na sociedade.
E como o varejista ainda não vê como repassar o custo adicional para o consumidor tão pouco quer arcar com ele, em detrimento de sua margem. E assim na hora de comprar carne o varejista foca apenas no melhor preço e este quase sempre anda junto com o menor custo, não com maior controle e transparência. Por isto acho que se avançou muito pouco.
Ao meu ver o único caminho passa pela implantação gradual de maior controle e transparência pelos grandes grupos varejistas e frigoríficos. Algo como assumirem um compromisso de que a partir de hoje x% das compras se enquadrarão nas novas exigências no 1º ano, y% das compras se enquadrarão nas novos termos no 2º ano e assim por diante, até atingirem todas as compras. Até porque leva um tempo para o processo ser implantado.
Mas estes grandes grupos certamente devem liderar este processo sob pena de serem atropelados. Inclusive porque eles são de maior visibilidade e, normalmente, melhores margens. E para que isto ocorra eles tem que sinalizar claramente com preços diferenciados para quem estiver disposto em atender estas novas exigências.
Sem isto simplesmente não há como colocar o ovo em pé.
O MPF poderia ser muito mais eficiente nessa sua “cruzada ecológica” se, fiscalizasse e cobrasse diretamente dos grandes frigoríficos a origem do gado abatido. Deveria e ainda deve se preocupar, com esse tema ecológico no exato momento em que esses mesmos grandes frigoríficos, (responsáveis pela maioria dos abates e do mercado), recebem montanhas de dinheiro do BNDES.
Na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente, no bairro da tijuca, estão vendendo carne de boi numa carrocinha puxada por homem, e ninguém fala nada, e ainda compram o produto desse individuo. Isto é um absurdo, vivemos os anos de 1900.
Ainda querem sediar a copa do mundo.