O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, pediu aos pecuaristas para que vacinem seus rebanhos contra a febre aftosa. Ele lembrou que a doença tem sido usada, por muitos países, como barreira para a importação da carne bovina brasileira. A segunda etapa de vacinação, em 15 unidades da federação, começou dia primeiro de novembro e vai até o final do mês, quando deverão ser vacinadas cerca de 118 milhões de cabeças (62% do rebanho).
O ministro lembrou o foco registrado no Amazonas, “numa ilha lá no meio do estado”, que acabou provocando a suspensão das importações de carnes brasileiras por alguns países. Isso atingiu a carne bovina, a carne de frango de Santa Catarina e a carne de suínos do Sul do país. Rodrigues argumentou que não há justificativa técnica para essa decisão, que acabou atingindo 11 estados considerados livres da doença, com vacinação.
Em entrevista à Radiobrás, Rodrigues lamentou que alguns países ainda insistam em fechar seus mercados, quando a Europa e outras nações já reconhecem que há no Brasil uma regionalização da doença (no Norte e Nordeste), enquanto 15 unidades da federação já são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livres da aftosa.
Além do esforço dos governos federal e estaduais, o ministro destacou ações conjuntas com países da América do Sul para erradicação da doença no continente e lembrou a doação de 3 milhões de doses de vacina para a Bolívia e Paraguai. “Mas temos que continuar fazendo a lição de casa e mostrar que está bem feita”, disse. Ele argumentou ainda que estados como o Acre, Rondônia e Pará vêm avançando, mas isso não basta é preciso um esforço conjunto das áreas federal, estadual, municipal e da sociedade civil. Um compromisso geral.
Rodrigues advertiu que embora os países desenvolvidos tenham hoje o sinal claro da OMC para reduzir seus subsídios à agropecuária eles vão buscar proteção na área sanitária e é na aftosa que reside o calcanhar de Aquiles da nossa competitividade. “Se cada um cumprir a sua parte, vacinando seu rebanho, pequeno ou grande, estará contribuindo para a grande marcha brasileira aos mercados mundiais que nos garantirá emprego, renda e mais recursos para investir. Se todos fizerem sua parte ninguém segura o Brasil”, concluiu o ministro.
Segue a mensagem do ministro:
“Todo o cuidado é pouco quando está em jogo a saúde animal. Qualquer descuido na área sanitária serve de motivo para que as exportações de nossos produtos agropecuários sejam barradas, como foi o caso recente do embargo russo às carnes brasileiras. O avanço alcançado pela pecuária nacional nos últimos anos, em termos de sanidade, ainda não é suficiente para nos livrar de eventuais restrições. Daí a importância das campanhas de vacinação e educação sanitária que o Ministério da Agricultura, em parceria com a iniciativa privada e governos estaduais, vêm desenvolvendo para a erradicação da aftosa em todo o país. Repetindo o que tenho dito em reuniões com lideranças do setor: ou o Brasil acaba com a aftosa, ou a aftosa acaba com a pecuária brasileira.
A prática nos ensina que a sanidade não se restringe às ações pontuais de vacinação e aos programas de combate a pragas e doenças. Elas precisam ser acompanhadas de um amplo programa de educação sanitária para conscientização não só dos produtores, mas de toda a sociedade sobre a importância sócio-econômica da pecuária para o agronegócio brasileiro. Portanto, apelo mais uma vez aos pecuaristas para que não deixem de vacinar seus rebanhos. Vamos acabar com a aftosa. Só assim conseguiremos fazer com que a pecuária continue atraindo divisas para o país e ofertando no mercado interno carne saudável e de qualidade. Vamos acabar com a aftosa”.
Além do calendário normal de vacinação, o ministro já lançou no Nordeste o projeto piloto “Brasil Livre de Aftosa”, cujo objetivo é sensibilizar, produtores, lideranças empresariais, políticas e religiosas, estudantes, movimentos sociais, sindicatos, gestores públicos e a sociedade civil para a importância sócio-econômica da atividade pecuária e da necessidade de melhorar o status sanitário do rebanho nacional. O projeto prevê ainda a divulgação de noções de educação sanitária à população e a reestruturação do modelo de atenção à saúde animal.
Fonte: Mapa, adaptado por Equipe BeefPoint