O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, pediu ontem ao representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, que interceda junto às autoridades agrícolas de seu país para ajudar o Brasil a exportar carne bovina in natura aos EUA. “Pedimos ao representante comercial dos Estados Unidos, embora o assunto não esteja diretamente sob sua responsabilidade, apoio para que sejam agilizadas as providências na área de saúde do governo norte-americano para liberar as exportações de carne bovina fresca”, revelou o ministro.
Pratini de Moraes explicou que o Brasil exporta, atualmente, apenas carne industrializada, cerca de US$ 87 milhões, para o mercado norte-americano. Ele lembrou que o Brasil retomou recentemente as negociações com os EUA para exportar carne bovina in natura e declarou que o País teve grandes avanços no controle da febre aftosa, 80% do território é considerado livre da doença, além de não apresentar risco de vaca louca, como reconhecem os norte-americanos.
Durante a reunião no ministério, da qual também participaram o embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, e o secretário de Produção e Comercialização do Ministério, Pedro de Camargo Neto, o ministro manifestou ainda a preocupação do governo brasileiro com o volume de recursos que os EUA pretendem destinar ao subsídio de seus produtos agrícolas por meio da Farm Bill, a lei agrícola americana.
EUA poderiam importar 30 mil toneladas de carne do RS
O Rio Grande do Sul poderia exportar 30 mil toneladas de carne bovina in natura por ano aos Estado Unidos (EUA). A informação é do diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle. “O Estado estava pronto para realizar o primeiro embarque em maio do ano passado, quando surgiram focos de febre aftosa no rebanho que impediram a comercialização”, lembra o dirigente.
As exportações gaúchas de carne bovina atingiram 40 mil toneladas em 2001, 16 mil toneladas a menos do volume somado em 2000, quando as 56 mil toneladas embarcadas geraram US$ 90 milhões.
Os EUA são os maiores importadores de carne bovina do mundo, com a aquisição de 1,23 milhão de toneladas entre as 5,5 milhões de toneladas que são importadas ao ano pelos diversos países do mundo. O Brasil nunca exportou carne bovina in natura para o país.
Moussalle acrescenta que a negociação atual do ministro Pratini de Moraes só permitirá a realização de embarques de estados como São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Mesmo não apresentado casos de aftosa, o Rio Grande do Sul ainda é considerado Estado infectado”, completa.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Edivar Queiroz, lembra que esse mercado absorveria principalmente os cortes dianteiros, utilizados pela indústria norte-americana de hambúrgueres. “Esse mercado nos daria respaldo para conquistar outros países, como o Japão e a Coréia”, enfatiza.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, O Estado de São Paulo (por Gecy Belmonte), Correio do Povo/ RS e Jornal do Comércio/RS adaptado por Equipe BeefPoint