Mercado Físico da Vaca – 20/04/10
20 de abril de 2010
Mercados Futuros – 22/04/10
23 de abril de 2010

Moody´s prevê recuperação dos frigoríficos brasileiros

A situação de liquidez da maioria das companhias de carnes brasileiras melhorou com a retomada da oferta e dos custos do crédito aos níveis pré-crise financeira global. Esse avanço nos indicadores se deu graças às recentes ofertas de ações e de dívidas no mercado, conclui relatório da Moody´s Investors Service, que faz uma análise comparativa dos ratings de crédito de cinco empresas brasileiras: BRF-Brasil Foods, JBS, Marfrig, Minerva e Independência.

A situação de liquidez da maioria das companhias de carnes brasileiras melhorou com a retomada da oferta e dos custos do crédito aos níveis pré-crise financeira global. Esse avanço nos indicadores se deu graças às recentes ofertas de ações e de dívidas no mercado, conclui relatório da Moody´s Investors Service, que faz uma análise comparativa dos ratings de crédito de cinco empresas brasileiras: BRF-Brasil Foods, JBS, Marfrig, Minerva e Independência.

Mas o setor – que viveu uma forte consolidação no último ano também em decorrência dos problemas financeiros – ainda deve enfrentar dificuldades, sobretudo as empresas com foco na produção de carne bovina.

De acordo com a Moody´s, o setor ainda sofre os efeitos da sobrecapacidade causada por investimentos elevados em plantas de abate de bovinos antes da crise e pelo fato de unidades terem deixado de operar já que várias empresas entraram em recuperação judicial. Parte dessas unidades foi arrendada por empresas como JBS e Marfrig.

“As margens devem voltar a ser pressionadas porque há capacidade ociosa e um gargalo na oferta de gado para abate”, disse Soummo Mukherjee, analista sênior da Moody´s Investors Service. Ele afirma que o rebanho está se recompondo, mas não no ritmo esperado. Assim, se as empresas quiserem utilizar melhor sua capacidade “haverá disputa pelo gado”. O Minerva utiliza hoje 83% de sua capacidade, mas JBS e Marfrig trabalham em níveis mais baixos, de 71% e 58%, respectivamente.

Mas se a capacidade ociosa preocupa, o mercado externo dá sinais de retomada. Ainda que lenta, a recuperação da economia mundial está sustentando as vendas e os preços da carne bovina no exterior. Conforme a Moody´s, o setor pode se beneficiar com as maiores exportações para a União Europeia – que está flexibilizando as regras para o produto brasileiro – e com a recuperação gradual das vendas para a Rússia. Há ainda expectativa de que a China eleve as importações, hoje marginais.

O relatório da Moody´s traz ainda análise comparativa dos ratings de crédito das cinco empresas em questão e elenca os fatores considerados na hora de conceder a nota às empresas do setor. Além da liquidez em um cenário de estresse – que tem um peso de 11,25% no rating- , a Moody´s avalia o tamanho, escala e diversificação; marca e potencial de crescimento; volatilidade dos ganhos; política e medidas financeiras.

A agência de rating observa que as empresas de carnes conseguiram se beneficiar das melhores condições de liquidez. Exemplos disso foram as captações com ações de R$ 5,2 bilhões da BRF, de R$ 1,4 bilhão da Marfrig e de R$ 161 milhões do Minerva no ano passado. Já a JBS conseguiu levantar R$ 3,5 bilhões com as debêntures conversíveis compradas pelo BNDES, depois de incorporar a Bertin e adquirir o controle da americana Pilgrim´s Pride. A empresa também está tentando obter entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2,3 bilhões com uma nova oferta de ações.

A BRF levantou ainda US$ 750 milhões com emissão de notas e o Minerva, US$ 250 milhões. Até o Independência, em recuperação judicial, obteve US$ 165 milhões em bônus no mercado externo.

Outro fator considerado no setor de carnes é o tamanho, escala e diversificação de produtos e geográfica das empresas. Segundo o relatório, companhias com mais escala geralmente têm custos menores e posicionamento forte em relação aos consumidores. Além disso, têm mais opções de financiamento, como o mercado de capitais ou injeções de recursos do BNDES. O BNDESPar é acionista estratégico da JBS (23% do capital), Marfrig (11,6%) e também no Independência (22%).

A Moody´s observa que no caso de Marfrig e JBS considerou-se ainda que as duas companhias cresceram agressivamente por meio de várias aquisições recentes. Dessa forma, há um histórico limitado das operações pós-aquisições que possam refletir numa melhoria do perfil de crédito da companhia.

Outros fatores considerados pela Moody´s são a marca e o potencial de crescimento. A JBS está na frente no quesito participação de mercado, já que é a maior produtora e exportadora de carne bovina do mundo. Mas Marfrig e BRF também melhoraram seus percentuais após as recentes aquisições.

No quesito marca e valor agregado, a Moody´s destaca a BRF, que tem 46,5% de suas receitas provenientes de produtos processados – uma das razões para ter o maior rating do segmento (Ba1). Ainda que venha investindo na agregação de valor, a Marfrig precisará de algum tempo para ter marcas tão atrativas quanto as da BRF no mercado, observa o relatório.

A volatilidade dos ganhos é um ponto importante quando se avalia as empresa do setor de alimentos, que estão sujeitas à oscilação de custos de insumos, de vendas, lucros e fluxo de caixa. Os ganhos dessas empresas também sofrem o impacto das flutuações do câmbio, já que são exportadoras.

Os fatores de maior peso nos ratings das empresas são estratégia financeira e indicadores de liquidez – com 47,5%. Em sua avaliação, a Moody´s foca a estabilidade dos indicadores de crédito, apetite por aquisições e abordagem em relação ao retornos para o investidor. Para a agência, a BRF tem as metas financeiras de longo prazo mais claramente definidas do segmento. JBS e Marfrig são considerados mais fracos nesse critério por sua inclinação para crescer por meio de aquisições.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.