Vencidas as etapas de controle sem registro de casos de aftosa desde 1999, Mato Grosso do Sul poderá suprimir uma das três etapas da imunização, o que é o início de um caminho que será percorrido rumo ao status de área livre de febre aftosa sem vacinação. Esta é a condição para ingressar em mercados importantes como o Japão e os Estados Unidos.
O diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal), João Cavalléro, é cauteloso ao falar sobre o assunto, mas admite a possibilidade de suprimir a etapa de vacinação de fevereiro, que atinge animais de zero a 12 meses, passar a de novembro, que vai de mamando a caducando, para maio e a de maio, envolvendo animais de 12 a 24 meses, para novembro.
A proposta, que é um pleito antigo do setor produtivo, ainda é discutida com entidades representativas da classe como Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), foi apresentada no CESA (Conselho Estadual de Sanidade Animal) e será submetida à sociedade.
Cavallero destaca que nos últimos anos os índices de vacinação atingidos por Mato Grosso do Sul, sempre superiores a 95%, aliado ao reconhecimento do Paraguai com área livre de febre aftosa e as barreiras naturais com a Bolívia, dão mais tranqüilidade quanto ao status que o Estado adquiriu. “Precisamos agora avançar no processo de lidar com a febre aftosa. Nós trabalhamos no mesmo modelo de 1994, já erradicamos a doença e trabalhamos como se fosse fase de controle”, explica.
Além da própria condição sanitária adquirida, diz, é preciso levar em conta que o pico de parição mudou, assim como o fluxo de comercialização de animais internamente.
A idéia de caminhar no sentido de conseguir status de área livre sem vacinação é avançar em mercados que são mais exigentes e que pagam melhor pela carne bovina, como Japão, EUA, Coréia do Sul, México e Canadá.
Economia
A supressão dessa etapa pode proporcionar ao produtor rural economia de cerca de R$ 17,5 milhões, considerando rebanho de sete milhões de bezerros e custo de R$ 2,5 por animal, somando vacina, taxa e mão-de-obra, segundo o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto.
Mais que dar fôlego ao setor, que acumula perda de 13% na arroba no primeiro semestre deste ano, a medida também serve para mostrar que Mato Grosso do Sul está avançando em busca do status de área livre de aftosa sem vacinação.
Ele recorda a etapa de fevereiro foi criada em um momento de emergência, quando foi constatado foco de febre aftosa em Porto Murtinho. Estados como São Paulo, Paraná e o Mato Grosso não têm esta etapa, importante àquela época para garantir a segurança do rebanho de Mato Grosso do Sul, mas que agora não se justifica mais.
Fonte: Campo Grande News (por Fernanda Mathias), adaptado por Equipe BeefPoint
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Duas considerações aos colegas pecuaristas do MS.
Primeiro, o Uruguai vacina contra febre aftosa e exporta carne in natura para o USA, vendendo carne lá com selo do Usda, há quase um ano.
Segundo, o RS já parou de vacinar uma vez e sofreu um surto de febre aftosa vindo de países vizinhos, tendo sérios prejuízos e perda de mercados internacionais por dois anos.
Avaliem bem o custo X benefício de assumirem o risco de não vacinar.
Julio Tatsch
Agropecuarista e presidente do Sindicato Rural de Caçapava do Sul