A entressafra da pecuária de corte tem obrigado os frigoríficos a diminuir a quantidade de abates. Depois do fechamento das unidades do Independência em Campo Grande e Anastácio e redução de abates nos frigoríficos Bertin de Naviraí e Friboi em Campo Grande, agora é a vez do Frigorífico de Três Lagoas (Frigotel), que fazia abates de segunda a sexta-feira, reduzir a quantidade de operações para três dias na semana.
De acordo com o diretor do Frigotel, Fernando Ferreira, a diminuição foi apenas com relação ao número de dias e não à quantidade de reses abatidas por vez. “A gente continua abatendo 600 animais, mas se em cinco dias a gente fazia três mil abates, agora estamos com 1,8 mil”, disse. Conforme Ferreira, a alteração foi posta em prática há 15 dias. Ele afirmou que a diminuição foi causada apenas pelas condições de oferta de boi. “Se outros frigoríficos estão adotando a medida, é apenas em decorrência da situação atual do mercado e desconheço qualquer movimento organizado no sentido de reduzir os abates”, disse.
Com a entressafra, o Frigotel vem mantendo os preços praticados por outros frigoríficos. Ferreira assegurou que em nenhum momento pagou mais que R$ 50 pela arroba do boi. Na semana passada, os pecuaristas seguraram a oferta, mas as indústrias se negaram a pagar mais que o teto de R$ 50. Diante disso, eles conseguiram segurar a expectativa de alta e optaram por reduzir os abates, cumprindo apenas o suficiente para saldar compromissos assumidos.
Abate clandestino
Diante das suspensões e redução de abate por empresas do setor frigorífico de Mato Grosso do Sul aumenta a preocupação com a clandestinidade, segundo o chefe da Vigilância Sanitária em Campo Grande, Milton Zalesk. “Com a diminuição de oferta pode sim, acontecer maior clandestinidade”, admite.
A orientação, principalmente nesse período de entressafra e redução de atividades frigoríficas, é que o consumidor exija a apresentação de nota fiscal e certificado sanitário dos estabelecimentos que comercializam carne. “Também é importante observar a maneira como a carne está sendo entregue, como condições de refrigeração, por exemplo”, alerta.
Segundo Zalesk, a carne clandestina representa algo em torno de 20% do que é comercializado na capital. O índice de clandestinidade estimado já caiu bastante em relação aos patamares em que chegou entre 1999 e 2000, chegando a 50% da carne comercializada.
Mercado
O mercado físico do boi gordo em Mato Grosso do Sul iniciou ontem a semana com mais ofertas de bovinos, segundo o consultor pecuário, Júlio Brissac. No entanto, segundo ele, os preços máximos para a arroba estavam em R$ 50 no Estado e R$ 51 em São Paulo. “A pressão das indústrias ainda não provocou retração nos preços. Até porque, apesar da ligeira melhora na oferta, os pecuaristas que suplementam seus rebanhos neste período não querem vender o gado pelos preços atuais”, frisou.
Brissac destacou ainda que o mercado deverá continuar em compasso de espera, com ofertas restritas, principalmente pela preocupação das indústrias e produtores com a greve dos caminhoneiros. A tendência, segundo ele, é de maior equilíbrio apenas a partir da segunda quinzena de setembro, quando devem começar a entrar no mercado os bovinos de confinamento e semiconfinamento no Estado.
Fonte: Correio do Estado/MS (por Messias de Queiroz e Rosana Siqueira) e Campo Grande News (por Fernanda Mathias), adaptado por Equipe BeefPoint