A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) baixou novas medidas para coibir o contrabando de gado do Paraguai para o Mato Grosso do Sul. De acordo com decreto publicado ontem (25) no Diário Oficial, serão considerados sem documentação sanitária os animais cuja marca não coincida com a registrada na Guia de Trânsito Animal (GTA) ou encaminhados para abate no transcurso do prazo de 40 dias, contando da data de registro da única ou da última marca a ferro cadente ou outro tipo de identificação aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O Decreto no 11.272, de 24 de junho de 2003, assinado pelo governador José Orcírio Miranda dos Santos e pelo secretário de Produção, José Antônio Felício, determina que os animais em trânsito em desacordo com a rota declarada ao Iagro deverão ser apreendidos pela autoridade sanitária oficial.
O Iagro já interditou 15 fazendas em Mato Grosso do Sul por suspeita de importar ilegalmente gado do Paraguai, informou o órgão, sem revelar os nomes dos proprietários envolvidos. São três fazendas em Paranhos e as demais em Amambaí (1), Ponta Porá (1), Iguatemi (1), Cassilândia (1), Mundo Novo (1), Antônio João (1), Bela Vista (1), Jateí (1), Três Lagoas (1), Jaraguari (1) e Rochedo (1).
Por conta disso também foram interditados os frigoríficos Boifran, em Eldorado, Bom Charque e Estrela do Sul, em Iguatemi, e Fribai, em Amamabai. Essas unidades só podem abater animais mediante autorização do Iagro três dias antes da escala.
De acordo com o Iagro, o esquema de importação ilegal já batizado de “lavagem de boi” foi detectado com a constatação de que os registros das propriedades rurais mostram uma quantidade de animais muito superior ao número real de bois no pasto. “Os bois são engordados da noite para o dia. Não entendemos esse milagre”, disse o diretor de operações do Iagro, Osvaldo Dias.
“Estamos bloqueando a ficha do produtor e determinando a contagem do rebanho na fazenda”, disse o diretor-presidente do Iagro e secretário de Produção, José Antônio Felício.
A importação de gado em pé do Paraguai está proibida pelo governo brasileiro desde outubro de 2002, depois da constatação de focos de febre aftosa naquele país. “O que não queremos aqui é o vírus da aftosa. O dia em que o Paraguai resolver esse problema sanitário não haverá nenhuma restrição”, disse Dias.
Técnicos do Iagro devem iniciar na próxima semana o cadastramento de fazendas situadas numa faixa de até 20 quilômetros adentro do território paraguaio.
O acordo, baseado em portaria do Mapa, foi firmado ontem em Ponta Porá, com a participação de técnicos brasileiros e paraguaios. O cadastro vai possibilitar o acompanhamento de entrada e saída de animais e controle de vacinação de doenças como a febre aftosa.
Na próxima semana o Iagro encaminhará ao governo federal uma proposta de intensificação das ações de fiscalização na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para evitar a entrada ilegal de animais no Estado. “Vamos precisar de pessoal, carros e informatização”, disse Felício.
Segundo ele, os recursos federais para defesa sanitária animal serão disponibilizados aos estados a partir da próxima semana. “Ainda não sabemos qual o montante, mas a nossa proposta envolve fiscalização 24 horas nos 525 quilômetros de extensão da fronteira com o Paraguai”, revelou.
Fonte: Campo Grande News (por Paulo Nonato de Souza), adaptado por Equipe BeefPoint