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MS: juiz denuncia uso de gado para lavagem de dinheiro

O juiz federal Odilon de Oliveira, de Campo Grande (MS), afirma que existe no país esquema de lavagem de dinheiro chamado “vaca de papel”, baseado na compra e venda fictícias de gado.

Um dos casos em que, segundo o juiz, o “vaca de papel” foi provavelmente usado envolveu a lavagem de R$ 3 bilhões, de 1992 a 1997, incluindo dinheiro supostamente desviado de órgãos públicos.

Oliveira disse que o sistema, descoberto na fronteira com o Paraguai há cinco anos, é usado para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de corrupção.

A CPI dos Correios apura a movimentação de cerca de R$ 25 milhões nas contas da empresa SMPB, da qual Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio. O dinheiro, segundo o empresário, foi sacado por pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para pagar dívidas de campanhas eleitorais. Inicialmente, porém, o publicitário disse à revista “Veja” que usava o dinheiro sacado na compra de gado.

Sem se referir ao caso Marcos Valério, Oliveira explica que o primeiro passo no esquema do “vaca de papel” é fazer uma inscrição como produtor rural nas secretarias estaduais de Fazenda. Nesse momento, o interessado na lavagem declara ter uma quantidade de gado que só existe no papel em uma fazenda também fictícia ou, em alguns casos, verdadeira. “A secretaria de Fazenda e a Receita Federal não têm como ir a cada fazenda contar o gado. Às vezes, o “lavador” [de dinheiro] tem dez animais e declara mil reses”, diz o juiz.

O diretor do Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça, Antenor Madruga, afirma que “quanto maior a dificuldade de mensuração dos bens maior é a lavagem de dinheiro”. Segundo ele, Oliveira “conhece bem os crimes de lavagem” e o esquema realmente existe no país.

A inscrição nas secretarias de Fazenda, segundo Oliveira, pode ser usada também para a compra de vacinas, reforçando a comprovação do suposto rebanho.

Quando recebe o dinheiro de atividades ilícitas (tráfico de drogas ou corrupção), o “lavador”, na expressão do juiz, diz que a quantia veio da venda do gado.

Em outro caso, realmente compra os animais, no caso de a fazenda existir, mas, escondendo ter recebido dinheiro sujo, diz que o gado sempre esteve no pasto, como declarara à secretaria de Fazenda. Ele pode, então, revender o rebanho e comprar outros bens.
Madruga afirma que o ministério já relaciona o “vaca de papel” entre os tipos de lavagem de dinheiro existentes. “Esse nome existe há muitos anos [desde 1821]. Você tomava empréstimo em dinheiro e pagava com vacas. Era legal e no fio do bigode”, diz Laucídio Coelho Neto, presidente da associação de criadores de Mato Grosso do Sul.

Fonte: Folha de S. Paulo (por Hudson Corrêa), adaptado por Equipe BeefPoint

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