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MS: modelo de defesa sanitária deve ser repensado

O diretor do Iagro, João Cavalléro, observou que, de acordo com as primeiras análises, o gado infectado não é procedente do Paraguai, porém todas as hipóteses estão sendo investigadas. Ontem o ministro paraguaio da Agricultura e Pecuária, Gustavo Ruiz Díazas, informou que o país reforçou o controle do gado na fronteira com o Brasil.

Na semana passada, o Iagro suspendeu a etapa de vacinação antiaftosa para bezerros, de acordo com as informações de Cavalléro, que acrescentou que a medida deve ser mantida. “É preciso repensar o modelo de defesa sanitária, investindo em outras ações, porque o produtor tem durante todos estes anos feito as vacinações por faixas etárias e, ainda assim, foi surpreendido por focos de febre aftosa em 1998, 1999 e agora”, afirmou Cavalléro, acrescentando que a etapa de vacinação de bezerros custa R$ 17 milhões aos pecuaristas.

Para o combate ao foco em Eldorado foram mobilizados pouco mais de 100 profissionais, distribuídos em 21 equipes na região. Para o superintendente federal de Agricultura, José Antônio Felício, todo esse trabalho não consumirá menos de R$ 1 milhão.

Tanto Felício quando Cavalléro reclamaram que os recursos para sanidade animal foram repassados abaixo do prometido pela União. Conforme Cavalléro, o Estado de Mato Grosso do Sul recebe R$ 1,9 milhão, quando deveria receber R$ 15 milhões. Com agências internacionais

“O episódio (surto de aftosa) reflete o descaso do governo com a vigilância sanitária e a falta de prevenção”, afirmou o presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes. A avaliação é endossada pelo deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR), da bancada ruralista. “Estamos alertando desde o ano passado que logo iria aparecer um foco de aftosa ou gripe aviária”, disse. “O governo só liberou R$ 30 milhões dos R$ 90 milhões previstos para este ano destinados à fiscalização da defesa sanitária animal.”

Guedes adiciona agravantes a esse quadro. Segundo ele, entre janeiro de 2004 e maio deste ano, por exemplo, o governo comprou R$ 752 mil em kits de reagentes e soro do Centro Panamericano de Febre Aftosa e não pagou. Os kits são usados para avaliar a situação sanitária dos rebanhos. De acordo com Guedes, o Ministério da Agricultura deve US$ 3,152 milhões ao órgão.

“O estrago na exportação e no mercado interno é certo”, diz Guedes. Ele lembra que Mato Grosso do Sul é o Estado com maior rebanho bovino comercial, de 24 milhões de animais. Além disso, faz divisa com Estados importantes na criação de bovinos, como Mato Grosso (20 milhões de animais), Goiás (20 milhões), São Paulo (15 milhões) e Paraná (10 milhões).

Fonte: O Estado de São Paulo (por João Naves de Oliveira), adaptado por Equipe BeefPoint

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