A paralisação dos abates em dois frigoríficos exportadores (o Independência, de Anastácio, e o antigo Matel em Campo Grande), que deram férias coletivas para cerca de mil empregados, e a redução das escalas em outras três grandes indústrias no Mato Grosso do Sul estão sendo encaradas por pecuaristas e entidades que representam o setor agropecuário no Estado como uma manobra de pressão dos exportadores para baixar os preços da arroba do boi, que chegou a bater R$ 50 nas últimas semanas e sexta-feira (23) era de R$ 48 com prazo de 30 dias.
“O fechamento dos frigoríficos é uma forma de pressão para derrubar os preços que estão sendo praticados no mercado, que podem parecer altos em real, mas em dólar são inferiores ao que se pagava no ano passado”, afirmou o presidente da Associação Sul-Matogrossense dos Criadores de Novilho Precoce, Antônio José de Oliveira, o “Totonho”. Segundo ele, a pressão não é verdadeira, já que os frigoríficos estão vendendo muito em dólar. “A paralisação dos frigoríficos não vai afetar a pecuária. Temos clientes definidos no Estado que trabalham com carne no mercado interno e, além disso, existem muitos frigoríficos de São Paulo que compram gado e carne de Mato Grosso do Sul”, frisou.
A posição é reafirmada pela Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), que, em nota enviada à imprensa, destacou que a crise anunciada por frigoríficos de Mato Grosso do Sul “não altera o dia a dia do pecuarista na criação e desenvolvimento do maior rebanho bovino do Brasil”. Lamentando a postura das indústrias, o presidente da Famasul, Léo Brito, afirmou que os produtores vão manter o ritmo de produção nas suas propriedades rurais, dentro, logicamente, do limite das dificuldades impostas pelo período da entressafra.
O presidente da Famasul explica que a queda na produção é um fato normal de mercado, por causa da seca. “Nesta época do ano, as pastagens diminuem seu potencial por causa da deficiência hídrica. Assim, é natural que a engorda seja mais lenta e a produção caia na entressafra. O importante é deixar claro que o produtor não está segurando boi no pasto”, explica.
Baixo lucro
O assessor econômico da Famasul, Cláudio Mendonça, esclarece que o aumento na arroba do boi não reflete no crescimento do lucro do produtor. “Com a alta do dólar, cresce também o preço dos produtos usados no confinamento, o que encarece a produção e limita a quantidade de boi disponível para abate”.
Se comparado ao mês de agosto de anos anteriores, o produtor está recebendo menos por arroba que antes. “Em 1982 a arroba do boi atingiu sua cotação mais baixa, chegando a US$ 16 dólares. Hoje a arroba em Mato Grosso do Sul está custando US$ 15. Ou seja, a alta do dólar nem de longe refletiu positivamente para o produtor”.
Suspensão não deve durar
Especialistas de mercado acreditam que suspensão de atividades não deva durar mais que 15 dias. Segundo analistas, esse tipo de postura é comum é acontece historicamente em períodos de dificuldades para compra de gado (entressafra).
Fonte: Correio do Estado/MS (por Rosana Siqueira) e Campo Grande News (por Fernanda Mathias), adaptado por Equipe BeefPoint