Após realizar aquisições de peso no fim da década passada, a empresa encerrou há cerca de um ano todas as atividades da unidade de Cotia (SP) e abandonou a produção de vacinas contra febre aftosa em Fortaleza (CE) por conta das novas exigências de biossegurança do Ministério da Agricultura.
Sob nova direção no Brasil desde o início do ano, a MSD Saúde Animal, braço veterinário da farmacêutica americana Merck, pôs à venda as áreas onde ficavam duas de suas três fábricas, afirmou o presidente da empresa no Brasil, Edival Santos.
Após realizar aquisições de peso no fim da década passada, a empresa encerrou há cerca de um ano todas as atividades da unidade de Cotia (SP) e abandonou a produção de vacinas contra febre aftosa em Fortaleza (CE) por conta das novas exigências de biossegurança do Ministério da Agricultura.
Segundo Santos, a área onde funcionava a fábrica de Cotia poderá ser vendida para outra indústria, não necessariamente do segmento veterinário. O maquinário da unidade foi transferido para Cruzeiro (SP). O executivo acredita, ainda, que a área de Fortaleza tem vocação comercial, por estar próxima do centro da cidade.
Na prática, a decisão da MSD visa reduzir custos e eliminar uma sobreposição que existia entre as unidades de Cotia e Cruzeiro, ambas no Estado de São Paulo. Já o encerramento das operações da unidade cearense reflete a visão da companhia de que o mercado de vacinas contra febre aftosa, responsável por 15% da receita da empresa no país, ficará menos atrativo nos próximos anos.
O número de doses de vacinas contra aftosa deve cair em alguns estados que fazem duas campanhas de vacinação, afirma Santos. Hoje, estados como Goiás, Bahia e Paraná imunizam o rebanho bovino e bubalino com idade acima de dois anos apenas uma vez por ano. Com a incidência baixa da doença no país, a tendência é que outros estados também não precisem mais realizar duas etapas de vacinação por ano em todo o rebanho.
Outro fator que pesa sobre a rentabilidade do mercado brasileiro de vacinas contra febre aftosa é ao aumento dos concorrentes. Nos últimos anos, empresas como Ourofino Saúde Animal, Inova Biotecnologia e Biovet ingressaram na produção de vacinas – que já contava com a americana Merial e a brasileira Vallée – acirrando a concorrência.
A forte concorrência do mercado e a tendência de uma demanda no mínimo estagnada foram os fatores que embasaram a decisão da MSD de abandonar a produção de vacinas. A multinacional americana foi obrigada a paralisar, em junho de 2012, a produção de vacinas na unidade de Fortaleza por determinação do Ministério da Agricultura. Para retomar a produção, a MSD teria de fazer pesados investimentos na chamada “área biocontida” – responsável pelo processo de inativação do vírus da aftosa -, o que não foi considerado viável pela direção da MSD.
Apesar de abandonar a produção, a MSD não deixou totalmente o mercado de aftosa. A empresa venderá vacinas produzidas pela Vallée a partir da segunda etapa de vacinação deste ano, que tem início em novembro.
“No ano passado, a MSD vendeu 79,7 milhões de doses da vacina contra aftosa no Brasil. Para este ano, que ainda conta com estoques da fábrica cearense, a meta é vender 77 milhões de doses, diz o executivo. Mas esse número deverá cair drasticamente nos próximos anos, mesmo porque vender vacinas produzidas por terceiros significa reduzir “ligeiramente” as margens operacionais da empresa, admite Santos.
O executivo estima que, até 2018, as vendas de vacinas contra aftosa vão recuar para cerca de 50 milhões de doses por ano, reduzindo a participação do produto nas receitas da MSD. Na verdade, essa participação já vem caindo. Segundo ele, o segmento já chegou a responder por 30% das receitas da companhia.
No ano passado, a MSD registrou um faturamento da ordem de R$ 500 milhões no Brasil. Em todo o mundo, a empresa teve uma receita líquida de US$ 3,3 bilhões.
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Fonte: Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.