Por Maurício Palma Nogueira1
Causou indignação e repercussão imediata no Congresso Nacional, e em diversos setores ligados ao agronegócio, o fato do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ter colocado um boné do MST, após ter sido presenteado pelo grupo num encontro realizado no dia 2 de julho.
Para quem desconhece a realidade do campo, parece exagero condenar um ato aparentemente tão insignificante como este, mesmo porque é provável que o presidente nem tenha dado conta do que representaria este gesto. É conhecida a peculiar personalidade, simples e humorada do Presidente da República, uma característica que provavelmente tenha contado muito para levá-lo a esse cargo.
O porque da indignação
Desde 2000 a Scot Consultoria tem regularmente publicado textos mostrando que a luta do MST não é simplesmente obter terra para produzir, mas sim por uma tentativa apaixonada e utópica de mudar a política do país de maneira antidemocrática. Observe trechos da cartilha do MST: “A luta pela terra passou do plano da conquista econômica para a luta política contra o Estado e não simplesmente contra o latifundiário”.
O engajado, em busca de terra passou a militante revolucionário. O que era busca por justiça social passou a utopia revolucionária.
Em meados de junho último, a revista Veja publicou matéria sobre o sonho do José Rainha, liderança do MST, de fundar uma Nova Canudos na região do Pontal do Paranapanema.
Para quem conhece o histórico do José Rainha, que já foi processado por roubo, formação de quadrilha, e assassinato, não se admira esse novo devaneio.
O respeito que o MST tem pelas instituições do país pode ser resumido nesta frase do José Rainha: “O objetivo não é só apressar a reforma agrária, nem apenas atacar o governo. É preciso mudar o jogo que está aí. Se a regra do jogo é a democracia, precisamos mudá-la” (O Estado de São Paulo, 27 /03/02).
No campo
O Brasil do agronegócio que cresce, que gera superávit na balança comercial, que representa 29% do Produto Interno Bruto, enfim, o Brasil moderno, que evolui e inova, está constantemente se contrapondo com as ações das lideranças do MST e de parcela da sociedade que endossa um movimento que usa meios obscuros, e escusos, para justificar seus fins, resultando em violência e atos criminosos.
Espancamentos, incêndios, constrangimento, invasões, destruições, depredações, obstrução de rodovias, pichações, ameaças, e destruição de centros de pesquisa são apenas alguns dos métodos usados pelo movimento para gerar insegurança e reações radicais por parte das reais vítimas: os produtores.
Todos estes métodos configuram crime sob a ótica legal.
A sociedade aparentemente aceita esses exageros, simplesmente por não conhecer a verdade a fundo.
Querem crer que o MST personifica Robin Hood, o bandido lendário que roubava dos ricos para dar aos pobres.
Porém, a realidade é mais dura que construções literárias. As ações levam a conflitos, violência, insegurança e aumento de custos. Hoje ameaçam invadir empresas produtivas, que geram riquezas, emprego e que reinvestem no campo.
Ação
Sendo assim, quem tem conhecimento de causa enxerga no MST uma organização criminosa, antidemocrática e que não respeita as leis brasileiras.
Usar o símbolo do MST indica conivência com esses atos, atos que já foram classificados como banditismo pelo ex-presidente do Incra Xico Graziano, por exemplo. Este é o motivo da indignação que tem sido amplamente divulgada na mídia.
Outro fato que tomou as manchetes foram os agrupamentos armados organizados para defender as empresas rurais dos assaltos perpetrados pelo MST.
É neste jogo que o pecuarista deve evitar entrar, pois isso apenas favorecerá o MST.
Há mais de 2 milênios atrás, Sun Tzu (A Arte da Guerra) já ensinava que as guerras são vencidas no campo Moral, antes da batalha.
Portanto, a recomendação que pode ser sugerida aos produtores é para não entrar no jogo do MST, que é o da violência. O caos favorece os foras da lei. A ordem virá através de pressão pública e esclarecimento sobre as barbaridades que são feitas no campo.
O início do Governo Lula quebrou vários paradigmas. Descobriu-se que não se governa alienando-se do mercado e o Brasil consolidou-se, perante a opinião pública mundial, como um regime democrático, onde o poder muda de mãos de forma pacífica.
O Brasil melhorou no governo FHC, menos do que gostaríamos, mas melhorou. Vai continuar melhorando no Governo Lula e a agricultura terá sua importância finalmente valorizada.
Movimentos como o MST perderão espaço, é uma questão de tempo.
________________
1Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Scot Consultoria, editor chefe do informativo de mercado A Nata do Leite e coordenador da divisão de gestão empresarial da equipe da Scot Consultoria
0 Comments
O artigo sereno do Sr. Mauricio mostra a realidade de quem vive e tem seu sustento no setor. O artigo de tão claro devia figurar na grande imprensa, que parece não querer esclarecer a situação à população urbana.