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MT: combate contra aftosa deve aumentar, defende especialista

Mesmo livre da doença, Brasil ainda é deficiente na prevenção

Quem ainda não tem um eficiente sistema de prevenção primária contra a febre aftosa não pode deitar na rede para curtir conquistas como as obtidas no ano passado pelos Circuitos Pecuários do Centro-Oeste e do Leste, que foram declarados pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) áreas livres da doença, com vacinação. Muito pelo contrário: os dois circuitos têm mais é que aumentar a vigilância para evitar desastres como o que atingiu no ano passado o Rio Grande do Sul, com o surgimento de 30 focos da doença em seis municípios.

A advertência foi feita pela diretora do Departamento de Defesa Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Denise Euclydes Mariano da Costa, na abertura da 15ª reunião do Circuito Pecuário do Centro-Oeste, que começou ontem e termina hoje no Hotel Eldorado, em Cuiabá.

Mesmo num circuito pecuário de grande importância como é o do Centro-Oeste, que concentra 105 milhões dos 170 milhões de bovinos do rebanho brasileiro, espalhados pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Paraná, São Paulo, oeste de Minas Gerais e sul do Tocantins, o sistema de prevenção primária ainda é precário, conforme constatou auditoria da SDA. Uma das causas da deficiência de um sistema que está na ponta e tem fundamental importância na prevenção da doença é a falta de investimentos em recursos humanos, na capacitação profissional e os baixos salários do pessoal, observa Denise Euclydes.

De acordo com ela, as missões que vêm ao Brasil designadas por países que têm a intenção de comprar produtos de origem animal preocupam-se mais em comprovar se os serviços de defesa sanitária são eficientes e capazes de detectar doenças no rebanho do que com a sanidade do produto, porque a certificação garante a qualidade. O Japão e a África do Sul, por exemplo, não vão comprar carne bovina brasileira enquanto o País não for declarado zona livre de febre aftosa, sem vacinação. Pelo mesmo motivo, os Estados Unidos não importam produtos de origem animal in natura do Brasil.

História

A febre aftosa chegou à América muito tempo depois da descoberta da vacina contra a doença, entre 1936 e 1938. Em 1987, com recursos do Banco Mundial (Bird) foram implantados no Brasil diversos programas de combate à doença. Mas a iniciativa não deu certo porque cada estado desenvolvia o seu programa como bem entendia. Em setembro de 1992, durante uma reunião no Centro Panamericano de Erradicação da Febre Aftosa, no Rio de Janeiro, com participação da iniciativa privada, optou-se por um trabalho uniforme de todos os estados não para combater, mas para erradicar a doença.

A mudança na política de controle da doença deu resultados. Em 1992, ainda foram registrados no país 1.232 focos da doença, números que foram caindo a cada ano. No ano passado, com os 30 focos surgidos em seis municípios gaúchos, foram detectados 37 casos, um no Circuito Pecuário Nordeste e seis no Circuito Norte, dos quais cinco no Amazonas e um em Roraima. O surgimento dos focos no Rio Grande do Sul, que era área livre sem vacinação, custou cerca de R$ 8 milhões.

Ao abrir a reunião do Circuito do Centro-Oeste, o vice-governador Rogério Salles destacou que o modelo de erradicação da febre aftosa em Mato Grosso precisa ser mantido. “Não pode haver retrocesso”, disse ele, lembrando que os avanços tecnológicos da pecuária precisam ser absorvidos pelos criadores mato-grossenses. Para o vice-governador, a parceria entre o governo do Estado e a iniciativa privada tem sido muito importante na erradicação da doença no Mato Grosso.

Já o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e do Fundo Emergencial da Febre Aftosa (Fefa), Zeca D’Ávila, reconheceu que o Estado ainda tem sérios problemas para combater a doença.

Fonte: Diário de Cuiabá (por Nelson Severino), adaptado por Equipe BeefPoint

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