De acordo com o Imea, a conjuntura econômica mundial afetou diretamente a indústria frigorífica de Mato Grosso. O resultados desses problemas já pode ser sentido na economia do Estado, Mato Grosso encerra o mês de março com perdas de cerca de R$ 430,82 milhões apenas com as vendas diretas de boi. Os desdobramentos para a economia poderão ser catastróficos, já que cada unidade deixa de consumir serviços como telefonia, energia e combustível, que geram receitas importantes do Estado por meio da arrecadação do ICMS sobre estes serviços.
De acordo com o Imea, a conjuntura econômica mundial afetou diretamente a indústria frigorífica de Mato Grosso. “Não bastasse a crise da oferta da carne, surgiu em seguida à crise financeira e econômica que juntamente com a valorização do dólar e a queda nos preços do petróleo foram fatores determinantes para a atual situação dos frigoríficos no Estado”, avalia o analista de pecuária, Otávio Celidônio.
Depois do primeiro momento de crise que foram os anúncios de suspensão dos abates por vários frigoríficos, que impactaram diretamente nas escalas de abate, produção e cotação da arroba, os problemas avançam para um segundo momento: mercado inseguro.
“O pecuarista não tem condições de comercializar o seu rebanho com segurança”, analisa o superintendente do Imea, Seneri Paludo. Como ele explica, criou-se uma crise de confiança, “que é o que pode existir de pior no comércio”.
O preço da arroba em queda perdeu a base real de referência e bagunça o mercado, completa o analista. Ele lembra ainda que em nenhum momento desde dezembro de 2003, a arroba do boi, em Mato Grosso, acumula alta acima das variações do custo de produção.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Mário Cândia, destaca que toda a instabilidade cria o comportamento natural de reter o boi no pasto. “Como se não bastasse a perda de referência de preços, os fechamentos de unidades criaram buracos no Estado. Ou seja, aumenta o frete para a gente transportar e ao mesmo tempo a arroba vale menos, são duas perdas”. Ele conta que há pecuarista que atualmente tem de rodar mais de 500 quilômetros no Estado para abater o gado. “Num trecho de Barra do Garças a Vila Rica, haviam quatro frigoríficos, agora não tem nenhum”.
O resultados desses problemas já pode ser sentido na economia do Estado, Mato Grosso encerra o mês de março com perdas de cerca de R$ 430,82 milhões apenas com as vendas diretas de boi que deixaram de ser concretizadas por meio das 15 unidades que estão com pedidos de Recuperação Judicial decretados.
O cálculo considerou o estudo do Imea que apurou que as unidades juntas, deixam de movimentar diariamente R$ 16,57 milhões. Valor que multiplicado aos 26 dias úteis do mês – segunda a sábado – revela a perda de quase meio milhão em um único mês. Os desdobramentos para a economia poderão ser catastróficos, já que cada unidade deixa de consumir serviços como telefonia, energia e combustível, que geram receitas importantes do Estado por meio da arrecadação do ICMS sobre estes serviços. “Isso tem uma dimensão que ainda não foi possível de ser mensurada e que na verdade, dá medo de conhecer a resposta”, disse uma fonte do segmento que pediu anonimato.
O estudo do Imea detalha ainda que, as plantas em recuperação geraram em 2008, R$ 37,16 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), volume, como destaca o analista de pecuária do Imea, Otávio Celidônio, que poderá deixar de existir, caso as 15 plantas deixem de operar em definitivo.
Outro desdobramento catalisado pelo Imea é o impacto da crise sobre os preços pagos ao pecuarista. Depois de um pico de cotação para a arroba em Mato Grosso entre outubro e novembro do ano passado, que chegou a R$ 84, os valores declinaram até o início de março 22%, já que a cotação despencou para R$ 65. As regiões mais afetadas pela crise da pecuária, que teve início com os problemas de liquidez das indústrias frigoríficas desde o segundo semestre de 2008, são nordeste e noroeste, porções que aglutinam 9,8 milhões de cabeças, ou, 37,7% do rebanho mato-grossense de bovinos.
As informações são do jornal Diário de Cuiabá, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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Pois é, crise nos frigoríficos, crise nos frigoríficos, crise nos frigoríficos. Tudo bem que frigoríficos parados geram muito desemprego, mas alguma vez já se cogitou em estimular o produtor a criar mais bezerros? Manter suas fêmeas no pasto? Melhorar sua genética? Para essa classe, é só ferro e juro “baixo”, para os empresários, dinheiro de mão beijada. Quando deram milhões e milhões para levantar novas plantas frigoríficas, em locais com pouca capacidade de matança, não pensaram se não seria melhor investir lá, onde nasce o futuro boi?