A crise financeira mundial, aliada à escassez de matéria-prima provocada pela redução da atividade frigorífica no Estado, impôs drástico recuo na produção dos curtumes mato-grossenses. No Estado são 13 unidades em funcionamento, com capacidade para beneficiar 13,80 mil peles por dia. Contudo, apenas 50% desta capacidade está sendo utilizada no momento. Com o mercado retraído, as peças acumulam queda nos preços de 76%, da metade do ano passado até o momento.
A crise financeira mundial, aliada à escassez de matéria-prima provocada pela redução da atividade frigorífica no Estado, impôs drástico recuo na produção dos curtumes mato-grossenses. No Estado são 13 unidades em funcionamento, com capacidade para beneficiar 13,80 mil peles por dia. Contudo, apenas 50% desta capacidade está sendo utilizada no momento. Com o mercado retraído, as peças acumulam queda nos preços de 76%, da metade do ano passado até o momento.
“Temos uma ociosidade de 50% por conta da crise que estamos passando desde o último trimestre do ano passado, com a eclosão da bolha norte-americana. Esta situação ficou mais difícil depois que algumas plantas frigoríficas suspenderam suas atividades e reduziram a produção de peles para os curtumes”, afirma o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Curtume de Mato Grosso (Sincurt) e proprietário da segunda maior planta de beneficiamento de couro do Estado, Evando Durli.
Segundo ele, o efeito é dominó. “O problema começou com a crise imobiliária nos Estados Unidos, em setembro de 2008, depois tivemos problemas com a falta de crédito que culminou na paralisação dos frigoríficos. No caso dos curtumes, o golpe foi duplo: as empresas ficaram sem dinheiro para capital de giro e sem matéria-prima para trabalhar. O resultado disso foi a redução da atividade em cerca de 35%”.
Em média, a produção despencou 30% desde outubro do ano passado e as demissões já atingem 25% do quadro de trabalhadores na indústria do curtume. Pelo menos uma planta – União, em Barra do Bugres – fechou as portas e outras também estão ameaçadas de suspender suas atividades.
Como efeito cascata, está a queda brusca do preço do couro. Na região de Barra do Bugres, por exemplo, a peça do couro de rolete – procedente dos frigoríficos e com melhor aproveitamento, considerado o top de linha no mercado – teve pico de R$ 90 até novembro do ano passado, ou de R$ 2,70 por quilo, atualmente é comercializado a R$ 21 a peça e R$ 0,60 o quilo, queda de 76%.
Durli informou que 60% da produção mato-grossense de couro é voltada às exportações para Ásia e Europa, tendo como principais clientes a China e a Itália. O restante fica no mercado interno para suprir a demanda das plantas de Franca (São Paulo) e Novo Hamburgo (RS), conhecidas pela produção de calçados.
A matéria é Marcondes Maciel, publicada no Diário de Cuiabá, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.