De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, se não for resolvida essa situação de caos que afeta a cadeia frigorífica, principalmente em áreas de grande produção, como é o caso de Mato Grosso, a situação vai se agravar ainda mais, não só no Estado, como no Brasil, e no mundo. "A consequência será a falta de carne em dois anos".
“Os produtores não podem continuar pagando pelo erro das indústrias e essas indústrias não podem continuar usando o pecuarista para sanar sua situação”, disse o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari. Ele alerta que se não resolver essa situação de caos que afeta a cadeia frigorífica, principalmente em áreas de grande produção, como é o caso de Mato Grosso, a situação vai se agravar ainda mais, não só no Estado, como no Brasil, e no mundo. “A consequência será a falta de carne em dois anos”.
Ele acrescenta que “temos boi, boa genética, política externa, dólar favorável, qualidade do produto e preço, mas o parque industrial está caótico, acrescentado aí, a falta de relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas”. Para ele, “o pecuarista não tem nenhuma confiança em deixar seu gado nos frigoríficos, pois sabe que a chance de não receber é grande e uma das saídas para amenizar a situação é fazer a gestão compartilhada (um representante técnico dentro do escritório e das dependências de abate dos frigoríficos para garantir o pagamento do gado) e só vender o boi à vista.” Enquanto as soluções não chegam, os pecuaristas do município de Nova Monte Verde do Norte continuam acampados em frente à unidade.
A crise começou no final do ano passado com o fechamento dos frigoríficos. Das 38 plantas habilitadas a exportar em atividade dentro do Estado, 15 estão paralisadas, isso afetou 40% da capacidade de abate de bovinos. “A dívida dos frigoríficos somente junto aos pecuaristas de Mato Grosso é de R$ 120 milhões. O efeito dominó foi inevitável: 4,8 mil funcionários foram demitidos diretamente, sendo que o impacto social, no entanto é muito maior, chegando a atingir quase 40 mil pessoas. Além disso, R$ 4,2 bilhões deixaram de girar na economia mato-grossense, uma situação que pode representar, em 2009, redução de cerca de 20% do total que o Estado arrecadou em 2008 com o ICMS dos frigoríficos”, informa a Acrimat.
Protesto
Cerca de 100 pecuaristas dos municípios de São José dos Quatro Marcos (315 quilômetros a oeste) e de Mirassol D´Oeste (300 km a oeste) interditaram todos os portões de acesso da unidade frigorífica Quatro Marcos, localizada no município de São José dos Quatro Marcos. Tratores, caminhões e caminhonetes foram estacionados em frente aos portões da unidade fazendo o bloqueio que começou às 6 horas de ontem (04). Os pecuaristas prometem manter a interdição até que a empresa pague as dívidas que tem com 103 produtores da região. O valor da dívida chega a R$ 6 milhões.
Na semana passada, representantes da Famato e dos sindicatos rurais dos dois municípios se reuniram com produtores rurais da região e credores do frigorífico Quatro Marcos.
Os produtores formaram uma comissão que deu início ao processo de negociação, porém a empresa não demonstrou interesse em negociar. “A empresa não se preocupou em nos apresentar uma proposta de pagamento da dívida. Nós tentamos abrir canal de conversação, porém a falta de interesse do frigorífico em resolver a questão resultou nesta manifestação que será mantida até o pagamento da dívida”, informou o presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos, Alessandro Casado.
As informações são do Diário de Cuiabá e do portal Agronotícias/MT, adaptadas e resumidas pela Equipe BeefPoint.
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Realmente produzir não está nada fácil.Como que os frigoríficos compram o gado e alegam que com a crise não é possível pagar!!!! E o lucro destas empresas estão onde??Porque neste momento difícil ao produtor os governos estadual e federal não intervem em favor do produtor,porque será.E o ministro do MAPA tem tem feito o que em prol destes produtores é muito discurso e pouca ação.
Abraço a todos
Luciano,
Parabens pelo comentario,mas devemos ressaltar que uma grande parcela de culpa da atual situaçao e tambem dos pecuaristas, que fomentaram os frigorificos com boi gordo, sabendo que a situaçao dos mesmos ja era complicada. Era so um frigorifico lançar um preço acima do mercado e todos corriam e vendiam o boi, no começo da crise, todos os frigorificos hoje fechados passaram a comprar com 30 dias e ninguem parou de vender, sou um pequeno frigorifico em juina estou funcionando a 05 anos, compro so 5% do meu abate a prazo, e carne so se vende com 30 dias, e ainda tem diretor do sindicato rural de juina que fala que nao esta bom. Quando vendem boi para algum frigorifico contam os dias para receber, quando recebem muitos dizem: “Esse pode quebrar ja recebi o meu boi”.
O meu grito de descontentamento.
Que coisa isso dos frigoríficos. Em que lugar estamos? Será que só o produtor tem sempre de pagar a conta?
Vejamos: Os frigoríficos se penduram nos bancos oficiais e querem mais dinheiro para reforçar os seus caixas, o governo concorda e parece que vai liberar dinheiro para os mesmos.
Os produtores não confiam mais nos frigoríficos e querem receber a vista. Tudo bem não há problemas, diz os frigoríficos. Mas o desconto para esses pagamentos a vista chega até a 4% de desconto no preço da arroba, já fizeram a conta em quanto é esses 4% a menos no preço? Sim, isso mesmo 4,17% ao mês, mas eles querem do BNDES dinheiro com custo de no máximo 11 % ao ano, e eu nem sei quantos anos para pagarem.
Outro problema. Por que a baixa injustificável do preço da arroba se a carne no atacado não baixa. Já pensaram nisso? Sim, isso mesmo, os frigoríficos fazem as suas escalas de 5 a 10 dias e sem mais nem menos abaixam o preço para o boi gordo, se alguns produtores vendem, melhor, e se os produtores não vendem? Quando estiverem com as suas escalas diminuídas voltam aos preços anteriores. Até quando vamos ficar vendo isso e não tomamos uma providencia?
Vocês querem mais um problema? Tudo bem. Vamos a ele. Porque tanta diferença de preço na arroba do boi de São Paulo para do Mato Grosso do Sul? Vocês podem me dizer o por quê? Não podem? Vou ver se consigo explicar.
A seca do MS sempre foi muito mais agressiva e consequentemente aumenta a oferta do boi gordo. Esse fato faz com que os frigoríficos aproveitem a situação e baixam os preços. Até que um dia as galinhas de ovos de ouro deles se acabem, eles continuarão fazendo isso. Quero ver os frigoríficos irem para as fazendas e criar, recriar e engordar os bois.