Destaque ficou para produtos beneficiados, como o couro, cujo faturamento teve incremento de 127%
As exportações de Mato Grosso em janeiro surpreenderam as expectativas e superaram em 42% o volume registrado no mesmo mês do ano passado. A evolução foi confirmada pelo levantamento mensal do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiemt, que apontou uma movimentação de US$ 72 milhões no total de vendas ao exterior de produtos locais contra US$ 49 milhões em janeiro de 2001 e US$ 15 milhões no mesmo mês de 2000.
Apesar da manutenção dos produtos in natura como os principais na escala dos produtos exportados, o resultado apontou também uma certa evolução de alguns produtos beneficiados. O destaque ficou por conta da negociação do óleo de soja, que somou cerca de US$ 1,1 milhão no primeiro mês do ano passado e evoluiu para US$ 3,8 milhões em janeiro de 2002, um crescimento de 300%. Já o couro, que ainda tem um baixo volume de exportação, teve um acréscimo de 127% no mesmo período.
A venda de carne ao exterior também apresentou um “salto”, passando de US$ 2,8 milhões para US$ 8,5 milhões. A parte mais representativa no total foi da carne bovina, que tomou US$ 7,7 milhões. O volume anterior havia somado US$ 1,7 milhões.
O algodão, cujo principal destino é Índia e Indonésia, movimentou US$ 5,3 milhões contra US$ 2,8 milhões no começo de 2001, o que significou um acréscimo de 89% no volume negociado. Outra surpresa no levantamento do CIN foi a inclusão do Egito na sexta posição entre os 15 maiores compradores de produtos mato-grossenses. Os negócios com aquele país movimentaram US$ 2,6 milhões com a compra de carne bovina e óleo de soja. Mas cerca de 46% dos produtos locais, sobretudo a soja, continuam tendo a Holanda como destino número um.
O aumento sensível nas exportações de janeiro, no entanto, não modificaram a posição do Mato Grosso na classificação geral dos principais estados exportadores, mantendo-se na 10ª colocação. Apesar de não ter a posição ameaçada, o desempenho do Estado também não incomoda o nono colocado, Rio de Janeiro, cujo volume adquirido com as vendas para clientes do exterior alcançou US$ 161 milhões só em janeiro.
Previsão
O couro mato-grossense, destaque entre os produtos que mais cresceram nas exportações em relação ao primeiro mês de 2001, não vai repetir o mesmo feito em fevereiro. A opinião é do presidente do Sindicato dos Fabricantes de Couro do Estado, Anésio Tannery, que vê como grande empecilho o encarecimento da matéria-prima no mercado brasileiro. “O abate de animais em outros Estados foi meio fraco no fim do ano passado e isso pode resultar em retração no mercado, inviabilizando o crescimento na exportação dos produtos”, avalia Anésio.
Segundo ele, as peças que são retiradas de bovinos para a indústria do couro foram majoradas em 18% em relação ao final de 2001.
Na opinião de Volnei Durli, gerente da Brascouros, empresa instalada em Várzea Grande que exporta 30% da sua produção para Europa e Oriente Médio, está faltando couro e essas quedas são inevitáveis, pois o mercado do produto no País sofre constantes desequilíbrios na lei de oferta e procura. Ele credita o bom resultado nas vendas de janeiro à negociação antecipada dos couros, que é feita pelo menos dois meses antes.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Daniel Pettengill), adaptado por Equipe BeefPoint