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MT: Governo nega redução da alíquota do ICMS

Pecuaristas e Governo do Mato Grosso buscam solução para a crise que estrangula a cadeia produtiva da carne. Após reunião com lideranças do setor, o governador do Estado descartou a possibilidade de redução do ICMS, argumentando que uma medida assim poderia desestimular a reabertura dos frigoríficos, o que em outras palavras significa desemprego para milhares de trabalhadores.

Pecuaristas e Governo do Mato Grosso buscam solução para a crise que estrangula a cadeia produtiva da carne. Ontem, em Chapada dos Guimarães (60 quilômetros ao norte de Cuiabá), representantes do setor pediram ao governador Blairo Maggi redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o boi em pé vendido para outros estados de 7% para 2%.

Um sonoro “não” foi a resposta, endossada pelo presidente da Assembléia, deputado José Riva. “Entendo os problemas, – disse Maggi – mas não posso estimular saída de matéria-prima porque isso causa desemprego. Não considero nenhuma hipótese que não priorize o emprego”, argumentando que a redução do ICMS está fora de cogitação.

O efeito cascata da crise mundial fechou ou deixa temporariamente desativados 14 frigoríficos que respondem por 40% dos abates bovinos em Mato Grosso. Isso significa uma redução diária de 11,2 mil dos 28 mil abates. Em cifras representa menos R$ 12 milhões diariamente com as vendas de bois, além de outros valores expressivos com transporte, impostos e empregos. “A situação complicou bastante”, lamenta o diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Jorge Pires. “Somente no município de Juara, 100 mil bois estão prontos para o abate e não há mercado imediato para eles”, acrescenta Pires.

O fechamento dos frigoríficos provocará uma onda de demissão em torno de 10 mil funcionários, e afetará milhares de outros postos de trabalho indireto. Para os pecuaristas das regiões atingidas pelo fechamento das indústrias frigoríficas a situação é bastante grave: some-se a falta de mercado regional, a oneração do frete de longa distância para se conseguir levar o boi ao abate em cidades distantes.

O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins, diz que a situação atual é reflexo da crise financeira, da redução da oferta de bois e dos elevados preços da arroba no ano passado. Segundo ele, a falta de crédito para os importadores refletiu diretamente nas vendas dos frigoríficos.

O diretor-executivo da Associação dos Proprietários Rurais de mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, também está preocupado com a situação, princiipalmente após o anuncio da paralisação do Independência. “É mais um frigorífico que está passando por uma dificuldade financeira. É uma grande rede, mas a paralisação tem uma repercussão muito ruim dentro da cadeia pecuária”.

Resende destaca ainda que os donos do frigorífico “foram muito responsáveis” em anunciar a paralisação, ao invés de continuar trabalhando e não honrar os compromissos. “Esta atitude foi uma demonstração de respeito ao pecuarista e reflete a transparência da indústria na relação com os fornecedores”.

As informações são do jornal Diario de Cuiabá, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Helcio Antonio Nalesso Junior disse:

    A hora é de reflexão:

    No momento, ninguém é tão sábio o suficiente para falar que os fatos que abalam a cadeia produtiva de carne tenha um culpado ou outro, especificamente no Mato Grosso já convivo com situações adversas no segmento a vários anos. Será que quem quer redução de ICMS para mandar o boi embora do estado, pensa em quantas famílias vivem da atividade no estado. Só se paga conta com dinheiro, responsabilidade e boa vontade não paga conta.

    Por um grande período de 2008, via pecuaristas falando que agora era a vez deles, baseados em preços do boi fora da realidade, que frigoríficos pagavam com dinheiro barato e fácil de banco estatal, período este que se foi e todos têm que se ajustar a realidade, por qualquer Realzinho a mais vendia-se o gado para qualquer aventureiro e não para os frigoríficos já estabelecidos.

    Todos devem pensar um pouco onde foi que erramos e tentar fazer sua parte, sem colocar culpa nos outros.

    Não é de hoje que a pequena indústria frigorífica matogrossense esta sufocada.