O fechamento de 13 plantas frigoríficas dos grupos Independência (5), Quatro Marcos (5) e Arantes (3) em Mato Grosso, impõe perdas para toda a cadeia pecuária e coloca o setor nas mãos de um menor número de indústrias. Entretanto, ninguém se arrisca a falar em movimento de cartelização no Estado. A instabilidade na cadeia pecuária de Mato Grosso está impondo forte retração nos negócios entre produtores e indústria.
O fechamento de 13 plantas frigoríficas dos grupos Independência (5), Quatro Marcos (5) e Arantes (3) em Mato Grosso, impõe perdas para toda a cadeia pecuária e coloca o setor nas mãos de um menor número de indústrias. Entretanto, ninguém se arrisca a falar em movimento de cartelização no Estado.
“Não podemos colocar esta pecha nos frigoríficos. Precisamos encontrar uma saída, pois todos dependem da indústria para comercializar suas mercadorias”, diz o presidente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Mário Cândia. Segundo ele, “não existem indícios de cartel e só corremos este risco se houver uma concentração mais forte das plantas nas mãos de poucos grupos, o que ainda não é nosso caso”.
Para o pecuarista e atual vice-presidente da Acrimat, Jorge Pires, “somente se o Friboi, Bertin e Marfrig (os maiores grupos funcionando no Estado) adquirirem as plantas paralisadas é que poderemos caminhar para um processo de cartelização. Por enquanto, não percebo este movimento”. “Queremos, sim, que todas as plantas paradas voltem a funcionar com saúde financeira para que possamos retomar as atividades normais. Pecuaristas e indústrias devem caminhar juntos”.
Para o diretor financeiro da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Mauro Mendonça, o cartel só ocorrerá quando as plantas estiverem sob controle de um pequeno número de empresas. “Independente de qualquer coisa, os pecuaristas estão atentos e vão continuar torcendo para que a situação atual seja revertida com o retorno dos frigoríficos. Nós e toda a sociedade precisamos deles”.
O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifro), Luiz Antônio Freitas Martins, diz que não há qualquer movimento das empresas em Mato Grosso no sentido de combinar preços para forçar a queda da arroba do boi.
“As indústrias jamais irão recorrer a esta prática, mesmo porque existem grandes grupos atuando no Estado e disputando o mercado de uma forma salutar e de acordo com a lei da oferta e da procura”.
Segundo ele, em Mato Grosso são muitos fornecedores. “Na verdade, os preços ainda estão acima da realidade para os importadores e temos perdido muitas vendas por causa disto. Lá fora [mercado externo] a situação está mais difícil porque as empresas que compram nossa carne não têm onde buscar crédito e, com isso, somos afetados diretamente”.
Preço recua mesmo com redução no volume de negócios
A instabilidade na cadeia pecuária de Mato Grosso está impondo forte retração nos negócios entre produtores e indústria. Alguns chegaram a contabilizar queda de até 90% nas vendas para os frigoríficos, como é o caso do pecuarista Jorge Basílio, com fazendas no município de Juína. “Depois que o Independência fechou sua planta, fiquei sem opção para vender meu gado”, disse, acrescentando que outros pecuaristas da região também estão em situação idêntica. “Muitos estão fazendo contatos com o Marfrig, de Tangará, que fica a mais de 500 quilômetros da nossa região”.
Mauro Mendonça, pecuarista na região de Pontes e Lacerda, conta que reduziu suas vendas em mais de 80% nas últimas semanas. “Só estou vendendo o mínimo, para pagar as despesas”. “Não sabemos para quem vender, temos poucas opções”, completa Mendonça.
Outro fator que tem contribuído para a desaceleração das vendas são os baixos preços da arroba. A arroba da vaca, por exemplo, que chegou a ser cotada a R$ 80 em meados do ano passado, foi desvalorizada em cerca de 25%, despencando para R$ 61 esta semana. No caso do boi, o recuo foi de R$ 20 por arroba, com os preços caindo de R$ 90 para R$ 70 (-22%).
Ninguém arrisca um palpite para os próximos meses. “Os preços estão numa gangorra e a instabilidade tomou conta do mercado. Não dá para fazer previsão”, disse Joelson Tretini, pecuarista em Tangará da Serra.
Para 2009, o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) traça perspectivas conservadoras à pecuária. “A volatilidade dos preços deve continuar, com a cotação da arroba não ficando muito distante dos patamares de 2008”. O Imea prevê que o setor de carnes será pressionado pela crise e redução da demanda, e o abate total de animais deve continuar baixo.
O quadro que se vislumbra no momento é de que 2009 será de “desaceleração” da atividade pecuária como reflexo direto da crise que já chegou aos frigoríficos e começa a incomodar os produtores.
A matéria é de Marcondes Maciel, publicada no Diário de Cuiabá, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Acredito na crise, acredito que ouve uma enorme concentração das plantas frigoríficas, acredito na falta de lastro dessas empresas, acredito que ainda vamos passar por um bom período de baixa procura, acredito que o sistema de engorda de bois no Brasil está sofrendo uma transformação, e por sinal muito ruim para nossa classe.
Enfim, parece que tudo de ruim que está sendo falado, escrito ou noticiado, é verdadeiro!
O que nós temos que acreditar, é que existem outras verdades, e que podem ser benéficas à nossa saúde.
São elas:
1- Não vendermos animais para abate que não seja à vista.
2- Neste momento de dificuldade comercial em que os frigoríficos estão exagerando na baixa do boi, temos que só vender o estritamente necessário. Pois só assim vamos equilibrar a oferta e procura.
3- Aproveitar o máximo a capacidade final de peso dos animais que estão na engorda. Boi no pasto é diferente de suino e de boi confinado.
4- Em momentos de dificuldades é que devemos procurar saidas iteligentes para nossos problemas. Uma delas pode ser o agrupamento, por afinidades. Seja por região, raça, por sistemas de produção. Enfim, qualquer afinidade que forme um grupo, onde todos fiquem mais fortes, para negociar com a industria.
5-Acredito, também, que devemos produzir, aquilo que o consumidor está querendo. E para isto, devemos estar em sintonia com a indústria.
6- Outra realidade é nossa falta de partipação, tanto na política como em nossas associações e representações de classe. Vejam o monte de políticos que se intitulam representantes da classe produtora.
Acho no entanto, que essas outras verdades, só seram realidades se descruzarmos os braços e começarmos à agir. Em minha cidade, até agora, não houve nenhuma manifestação, e em nenhuma reunião, nem com políticos nem com representantes de classe. Acho que desta maneira fica muito fácil, sairmos perdedores.
O momento é bastante oportuno, para mudarmos nossas atitudes e melhorarmos nosso setor, ou quem sabe, não deixarmos que as coisa piorem.
Nova Andradina, Mato Grosso Do Sul.
Caro João Luiz, é com muita satisfação que encontro você no lado mais fraco desta cadeia, o lado da produção. Peço a todos que prestem atenção nas suas palavras, quando ele diz acredito, na verdade está dizendo: “tenho absoluta certeza”. Pela experiência adquirida com muitos anos dedicados ao Independência, eu o considero um dos seus fundadores.
Quando você diz baixa procura tenho certeza que queria dizer pouca oferta, você ainda não perdeu aquele velho costume, a suas palavras é o sonho de todos os produtores,o difícil é torná-las realidade. Com relação ao monte de políticos que se intitulam nossos representantes, tem um que você foi cabo eleitoral que é o Sr Antonio Russo, eu não esqueço o dia que eu perguntei para você se o Toninho Russo estava entrando na política pela vaidade ou para se esconder atraz do poder, você não gostou, e a Marisa perdeu meu voto por causa dele.
Espero João Luiz que você tenha a mesma dedicação a mesma garra, a mesma competência, o mesmo companheirismo que teve com o Frigorífico Independência, com a classe produtora, quem sabe assim teremos o nosso tão sonhado lider.
Um abraço