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MT: leilões da Expoagro têm preços mais baixos esse ano

A comercialização nos leilões de bovinos na 41a Expoagro, em Mato Grosso, caiu em média 30% em relação aos números de 2004. De acordo com proprietários de empresas promotoras dos leilões, a explicação para o menor faturamento está nos preços do gado, que sofreram substancial queda nos últimos anos, e na superoferta.

“O que se vendia há algum tempo por R$ 10 mil, hoje se compra por até R$ 6 mil. A agricultura está muito ruim, mas a pecuária está péssima”, avaliou o diretor da MT Leilões, Juarez Miranda.

Para ilustrar este quadro ele cita os números dos últimos leilões realizados pela MT, o “Leilocorte” e o “Leilão de Bovinos Caracu”. “Neste último vendemos 40% a menos do que no ano passado. E no primeiro (Leilocorte), das 900 cabeças ofertadas só conseguimos vender 724. Foi bem abaixo do que esperávamos”, comentou.

Ele lembrou que só no primeiro leilão de 2004 foram vendidos os 1,2 mil animais colocados à venda, com comercialização superando R$ 500 mil. No primeiro leilão deste ano, o faturamento não passou de R$ 180 mil, embora a oferta de animais também registre queda.

Segundo ele, a rejeição dos compradores deve-se principalmente ao fato de serem ofertadas muitas fêmeas durante os leilões. “Normalmente, o pecuarista procura fazer o descarte devido ao excesso de animais no rebanho, pois está cada dia mais difícil manter as fêmeas no pasto. Mesmo assim, a procura está aquém das expectativas”, contou Miranda.

O dono da JJ Leilões, Ires de Arruda Júnior, confirmou a queda do faturamento. “De fato, a comercialização caiu devido aos preços do gado, que hoje estão bem baixos, e não garantem margem ao pecuarista”. De acordo com Júnior, a procura nos leilões está boa, porém os valores, de oferta e o que é pago, são menores. “Estamos comercializando praticamente a mesma quantidade de animais vendidos na Expoagro do ano passado, mas o faturamento caiu em torno de 30% por conta da crise que hoje afeta a pecuária”, relatou.

Gado PO

No leilão “Nelore PO”, da JJ, foram ofertados 98 animais e vendidos 91, com média de R$ 2,97 mil por animal e faturamento total de R$ 294,80 mil. O próximo leilão, o “VRJO e Convidados”, será realizado hoje, às 20h30, no Pavilhão de Leilões da Acrimat, quando sendo ofertadas 120 matrizes P.O. a campo. Amanhã, a JJ Leilões promove o “Nelocuia”, ofertando 80 touros Nelore P.O. de alta linhagem.

A Vila Nova Leilões, contabilizou queda de 40% no faturamento com o único leilão realizado na feira, “Noite do Nelore”, mesmo comercializando todos os animais ofertados. “Pelos nossos cálculos, houve queda de 40% no valor da comercialização”, explicou o proprietário da Vila Nova, Bill Arruda.

Ele informou que o preço médio dos animais machos arrematados no leilão foi de R$ 2,87 mil, enquanto que na feira do ano passado essa média superou R$ 3,20 mil. No caso das fêmeas, o preço médio caiu de R$ 3,17 mil em 2004, para R$ 2,94 mil neste ano.

No leilão “Cinco Estrelas”, que será realizado amanhã, às 17h, no Pavilhão da Acrimat, Bill espera vender os 80 animais da raça girolanda, com expectativa de alcançar um faturamento de R$ 260 mil.

Única leiloeira que realizou venda de gado de corte em grande escala durante a Expoagro, a Estância Bahia, também sentiu os reflexos da crise. “O comércio de bovinos teve queda na feira porque os preços estão em baixa e os valores comercializados são bem inferiores aos do ano passado. Em média, chegamos a registrar queda de 30% no faturamento”, disse uma fonte da Estância Bahia, que promoveu o leilão “Big Touros e Corte”, ofertando 30 touros reprodutores e quatro mil animais de corte. Os preços médios dos animais de elite ficaram em R$ 2,11 mil (macho) e R$ 2,04 mil (fêmea).

Superoferta

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Jorge Pires de Miranda, atribuiu a queda no faturamento à superoferta de gado em Mato Grosso. “Nas grandes praças, a entrada de investidores na pecuária de elite fez também com que os preços ficassem bem acima da média. Com isso, o mercado ficou fora da realidade”, considerou.

O importante, segundo ele, é que o volume de animais comercializados é praticamente o mesmo do ano passado. “Se houve queda de faturamento é em decorrência de uma conjuntura de mercado e não devido à rejeição ao produto”.

Pires acredita que com a queda da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 12,5% para 3% sobre o boi em pé, os pecuaristas terão a opção de vender para frigoríficos de outras regiões, obtendo melhor remuneração.

Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marcondes Maciel), adaptado por Equipe BeefPoint

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