A suspensão das compras de carne bovina mato-grossense pela Rússia, em vigor desde setembro do ano passado, quando ocorreu um foco de febre aftosa no Amazonas, está causando forte impacto nas exportações do estado.
Em Mato Grosso, de acordo com a Unidade Gestora de Comércio Exterior da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia, a suspensão das compras também causou impacto na balança comercial. Em 2004, as exportações para o país asiático totalizaram US$ 15,95 milhões. No total, foram exportadas 13,23 mil toneladas de carnes e miudezas (fígado, coração, rim, etc.). Em 2003, o volume das exportações para a Rússia chegou a 16,08 mil toneladas, totalizando transações de US$ 12,81 milhões.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira, disse que a decisão do governo russo de impor embargo à carne brasileira é mais por motivos políticos do que técnicos. “Acredito que é só uma questão de tempo para essa medida cair”, afirmou.
O governador Blairo Maggi afirmou acreditar em uma “solução negociada” do Itamaraty para a questão do embargo do governo russo à carne mato-grossense. “Não é justo Mato Grosso ser penalizado com esse embargo, pois o local onde ocorreu o caso de aftosa fica há mais de 900 quilômetros. Acredito que em breve a nossa carne estará liberada para a Rússia”, afirmou o governador.
Ele disse reconhecer o compromisso das autoridades russas com a garantia da segurança humana, assim como de saúde animal e vegetal, o que pode exigir medidas excepcionais. “Contudo, nosso entendimento indica que as condições sanitárias da pecuária mato-grossense não justificam tais medidas”.
O ex-ministro Pratini de Moraes e atual presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que esteve em Cuiabá participando de um seminário internacional de infra-estrutura, também defendeu uma ação enérgica do governo brasileiro contra a Rússia, que não retirou o embargo contra Mato Grosso e Tocantins nas exportações de carne. “Eu sugeri em Brasília que, se a Rússia não retirar o embargo, o Brasil não apóia a entrada daquele país na OMC (Organização Mundial do Comércio). Mato Grosso está a quase mil quilômetros do local onde houve o foco de aftosa. Foi penalizado só porque tem uma fronteira física? Quando existe problema de aftosa na Suíça, por acaso a Alemanha é penalizada? Estamos querendo que se apliquem aqui as mesmas regras que eles aplicam lá”, ressaltou.
O ex-ministro disse ainda que os países importadores de carne devem observar o princípio de que o Brasil é um país continental. “As distâncias físicas num país continental estabelecem verdadeiras barreiras naturais com a Floresta Amazônica para qualquer transmissão de doença”, afirmou.
A decisão russa beneficiou apenas Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, que poderão reiniciar o embarque de carnes bovina e suína para a Rússia assim que provarem que estão livres da febre aftosa.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marcondes Maciel), adaptado por Equipe BeefPoint