A oferta de boi gordo para abate, que já está baixa em Mato Grosso, poderá ficar mais restrita ainda nas próximas semanas com o início da entressafra, que vai até o mês de novembro. De acordo com os pecuaristas, os preços poderão sofrer uma "adequação" por conta desta escassez, que já começou a ser sentida pelo mercado e tende a pressionar os preços para cima.
A oferta de boi gordo para abate, que já está baixa em Mato Grosso, poderá ficar mais restrita ainda nas próximas semanas com o início da entressafra, que vai até o mês de novembro. De acordo com os pecuaristas, os preços poderão sofrer uma “adequação” por conta desta escassez, que já começou a ser sentida pelo mercado e tende a pressionar os preços para cima.
“Não podemos prever de quanto será esta alta, mas ela será inevitável”, afirmou o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
Segundo ele, a oferta de animais prontos para abate irá diminuir nesta entressafra porque haverá menos gado para confinamento. “Acredito que os meses de agosto e setembro serão os piores do ano para os mato-grossenses”, prevê.
Vacari afirmou que os atuais preços do boi gordo – R$ 70 a R$ 72 a arroba – não são os piores, mas não permitem que o produtor faça investimentos em melhorias em sua propriedade. “Apenas remunera, o que não chega a ser nada extraordinário”. Mesmo assim, nos patamares atuais os preços da arroba do boi gordo estão sustentando a atividade.
Outra explicação para a menor oferta de boi gordo este ano ainda é o reflexo do abate de matrizes nos últimos anos. “O rebanho ainda não se refez e as perdas continuam repercutindo no mercado da carne porque os preços não acompanharam a valorização do bezerro”, avalia.
As pesquisas apontam que a arroba do bezerro de oito meses está 46% acima da arroba do boi gordo, enquanto que a média de 2003 a 2008 é de 21%. Esta diferença, segundo os analistas, mostra que a atividade de cria hoje está mais interessante que a atividade de engorda. “Isso pode ser confirmado pela taxa de abate de fêmeas que após alguns meses em alta acumula perda este ano. No final, quem manda no ciclo da pecuária são os preços”, aponta o pecuarista Nelson Costa Marques.
Para Luciano Vacari, a arroba do boi gordo teria que estar custando entre R$ 78 e R$ 80 para permitir uma boa reposição para o invernista.
Ele considera justa a valorização do bezerro, lembrando que “quem mais sofreu com a crise de 2006 foi o criador, que chegou a vender o bezerro por até R$ 200. Agora este valor está sendo recuperado. É preciso que a arroba também acompanhe esta valorização”.
A relação de troca de boi por bezerro, que chegou a um por três, caiu para menos de um por dois. Isso quer dizer que se o pecuarista vender um boi gordo ao preço atual. Considerando o preço do bezerro a R$ 650, o invernista não consegue comprar dois bezerros com o dinheiro do boi.
De acordo com os pecuaristas, os preços do bezerro tiveram valorização superior aos da arroba do boi gordo. “Nos leilões locais o bezerro está cotado por preços que variam de R$ 620 a R$ 650. Entretanto, não podemos fazer qualquer projeção para o futuro. A oferta maior de bezerros ocorre depois da campanha de vacinação e só a partir de agora é que teremos uma definição mais clara do mercado”.
Para o pecuarista Jorge Pires de Miranda, a valorização do bezerro era necessária para dar sustentação de preço ao invernista face aos altos custos de produção. “O que está havendo, na verdade, é apenas um ajuste nos preços para o criador. Os preços estão se adequando e chegando onde deveriam estar já há algum tempo”.
A matéria é de Marcondes Maciel, publicada no Diário de Cuiabá, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Parabens pela reportagem, gostaria que vocês publicassem mais noticias sobre o mercado pecuarista de Belo Horizonte.
Obrigado.
joão Luis
No Paraná a oferta é restrita também. Os frigoríficos trabalham com escala de 2 dias , no máximo 3 dias. Devido a intensidade do frio e das chuvas que não dão trégua. Boi de pasto não tem mais. Quem não vendeu, não vende mais, pois emagreceu. Tem alguns animais (poucos) oriundos de aveia e confinamento, mas não faz volume.
Aqui no Paraná a diferença de preço com São Paulo sempre foi de 1,00 a 2,00 por @ , mais barato. Depois da abertura do JBS Fiboi, piorou, a diferença agora é de 6,00 a 8,00 reais a menos. E niguém consegue explicar porquê. Alguém que frequenta este espaço saberia dizer porquê ?
Caro Sr Jucelino. Temos propriedade no Mt e PR, e convivemos com o JBS
faz muito tempo. Esse frigorifico,como todos, não é um parceiro e sim um predador,a diferença é o tamanho da ganancia e o poder de fogo dele. Consegue manipular o mercado.
Caros Jucelino e Claudio,
Isso vai ficar muito pior se não houver um consenso entre os produtores, associações, frigoríficos e governo, no intuito de recuperação dos pequenos e médios frigoríficos em dificuldades.
Não adianta jogar pedras uns nos outros e morrerem todos. É preciso uma reestruturação geral do agronegócio brasileiro em gestão, custos, logística e produção. Isso é um longo processo e é bom que se começe logo. Temos que parar de colocar dinheiro em multinacionais para salvar suas matrizes falidas dos USA e acudir o que é nosso. Já que o governo não se importa com isso, precisamos nós começar a agir.
Caso não conteça nada parecido, teremos em breve dois ou três grupos dominando todo setor frigorífico do Brasil, aí vai ficar muito pior.
Só lembrando, tudo começa no seu sindicato rural na sua cidade. Você é ativo e frequente nas assembléias e discussões sobre o assunto??
Quem vai dar o primeiro passo? Ficar discutindo conjunturas e macros como vemos na CNA não resolve o problema da base como estou apontando. É discutir o sexo dos anjos.