Segundo Julio Rocha, diretor financeiro da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), o acréscimo de 43% no valor do bezerro, R$ 400,00, em relação a abril de 2006, quando era comercializado a R$ 280,00, pode travar o mercado de boi gordo em Mato Grosso.
O acréscimo de 43% no valor do bezerro, R$ 400,00, em relação a abril de 2006, quando era comercializado a R$ 280,00, pode travar o mercado de boi gordo em Mato Grosso. A opinião é do diretor financeiro da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Júlio Rocha, que apontou distorções nos preços do gado de reposição e de abate.
Para ele, há fortes indícios de que o mercado poderá parar nas próximas semanas. “Se o pecuarista não tiver condições de fazer a reposição pode segurar o boi no pasto e esperar por uma reação nos preços para retomar sua atividade de engorda”, avisou.
“Apenas o criador está ganhando com esta reação nos preços do gado de reposição”, avaliou o diretor-executivo da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, dizendo que as negociações estão em ritmo lento e podem culminar mesmo na redução da oferta de boi para abate. Segundo Rezende hoje o produtor está vendendo boi gordo para custear despesas.
Rocha observou muita diferença na relação de troca entre o gado de reposição e de abate. “Antes se trocava um boi gordo, pesando em média 17 arrobas e custando R$ 850,00 (R$ 50,00/arroba) por três bezerros, que eram cotados a R$ 280,00/cabeça, segundo o Centroboi. Hoje, com o bezerro custando R$ 400,00, esta relação caiu para 2,1. Se o preço na ponta não melhorar, as negociações poderão travar.”, frisou.
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Ficamos muitos anos “bancando” os custos dos invernistas, agora é hora deles bancarem um pouco seu próprio custo. É a famosa lei da oferta e da procura. O bezerro de desmama há 6 anos não tinha um único aumento, ou seja, os produtores já estavam pagando para produzir e em contra partida os invernistas fazendo reposição de 1:3. Que perdure por pelo menos uns 5 anos, nestas proporções, e assim se tenha um equilíbrio entre cria, recria e engorda.
José Ricardo
Médico Veterinário e produtor do Vale do Araguaia
No Paraná a troca já está em 1,8, 1,9. Já está sobrando bezerro. O mercado será paulatinamente travado.
Roberto Barros
Fazem seis anos que estamos dando bezerro de graça para o confinador e ao invernista, levamos 15 meses para ter um bezerro pronto e estam achando caro?
Que tal vocês invernistas aprenderem a negociar? Se tem alguém que está ganhando muito dinheiro é o frigorífico, que em um telefonema, compra a tua boiada.
Sem nós, vocês não vivem, e, sem vocês os frigoríficos não vivem. Vamos nos unir.
Estimado Miguel,
muitos dizem que as relações entre causa e efeito não são tão claras abaixo da linha do Equador. O comentário do Rocha mostra que isto não é verdade.
O ciclo da pecuária já está mostrando a sua face com toda pujança. Desta vez praticamente sem inflação. É a primeira vez que vou assisti-lo nestas condições.
Os próximos meses (ou anos) vão ser emocionantes.
Um abração,
Ovídio
Concordo plenamente que os invernistas estavam ganhando mais do que o resto da cadeia produtiva há anos, mas neste ramo, além de tecnologia, ganha pelo menos um pouco quem tem visão de mercado, e ainda bem q a roda girou, pois assim da novo fôlego aos pecuaristas, mas no fim quem sempre ganha mesmo é o dono do frigorífico.
Na região noroeste de Minas Gerais, ainda se compra bezerro Nelore de qualidade por R$ 270,00. Por lá, os preços sempre demoram muito a se atualizar.
O artigo acima é realmente o retrato da realidade atual, mas realmente pertinente é o comentário de José Ricardo de Carvalho. Ele resumiu o pensamento dos criadores que sofreram nestes 5 anos, vendo os invernistas trabalharem com “céu de brigadeiro”.
Seria interessante que o presidente da APR-MT defendesse toda a pecuária e não somente um setor. Também aconselho que os invernistas façam pressão sobre os frigoríficos, sobre as autoridades sanitárias pela luta contra a aftosa e sobre o governo.
O atual preço é resultado da falta de bezerro, pela falta das matrizes que tivemos que sacrificar para sobreviver.
Por quanto tempo os criadores podem sobreviver trabalhando no vermelho? Não olhem para o criador agora que o preço de seu produto se aproxima de um valor que remunere seu investimento e trabalho, mas sim para o outro lado da cadeia (frigoríficos, mercado atacadista e varejista), oligopolizados, altamente capitalizados, capazes de segurar os preços em patamares que lhes convenham.
A cria é a etapa de maior custo por @ produzida. Criadores, não cedam valorizem seu produto.
Claudio Henrique Maluf Vilela
Se o criador de bezerro não tiver melhor remuneração ele não da conta de ficar no negócio.
Estimados leitores,
Não vamos nos enganar e ficar falando bobagens, se com apenas dois apelos (globais-XuXa e DIDI)que tem repercussão nacional, mencionam que a longevidade e a virilidade de ambos se resume em não comer carne vermelha.
Ora, precisamos sim é divulgar a carne que produzimos, neste mundo de mentiras, invenções, fica claro, muito claro que a cadeia produtiva necessita de um marketing punjante, esclarecedor e que bata de frente com tais invenções colocadas por estes(globais).
Vamos acordar para o tempo e ser mais profissionais, chega de amadorismo, de comoção, vamos falar, vamos divulgar organizadamente, se é que possível uma corrente de valorização ao produto final que produzimos.
Não adianta nada a polêmica entre criadores e invernistas; estou na atividade há quase quarenta anos posso dizer com segurança que essa discussão está totalmente fora de foco. O ponto é que não temos liderança sindical eficiente, sem política agropecuária, planejamento e, o que seria fundamental representação legítima ruralista no Congresso Nacional.
Nossos interesses são sempre desrespeitados, nossas terras invadidas, nossas mercadorias servindo a ambições eleitoreiras e tudo na maior impunidade. É preciso haver uma conscientização e atitude da classe ruralista num movimento contundente de cobrança efetiva aos nossos “representantes” sindicais e bancada ruralista para, de uma vez por todas estabelecer uma política agrícola e pecuária eficiente, sem o que continuaremos a assistir essa discussão estéril descabida e ridícula de criadores e invernistas que só serve para fazer rir os donos de frigoríficos e/ou exportadores de carne.
Penso que deva haver uma maior integração entre os setores, para que a pecuária sobreviva.
Fico feliz que o bezerro esteja a R$ 400,00. Acho que ainda esta barato.
O bezerro vale mais, sim. O seu custo de produção é bem maior que a terminação, atesto esse fato no dia a dia. No limite, a diferença de ganho está satisfatória ao terminador. O problema do terminador é o preço no abate, é aí que ele tem que espernear. A comercialização de carne no Brasil é o verdadeiro samba do crioulo doido, e o estado prefere não olhar o abuso sofrido pelos produtores.
O problema é sério. O criador a muito tempo vem sendo obrigado a vender suas matrizes porque o dinheiro da venda dos bezerros não esta dando para custear as despesas, pois o mesmo vinha sendo vendido a preços muito aquém do real. Fator que prejudica o pecuarista que tem a fazenda como sua única fonte de renda, diferentemente daquele que às vezes tem um comércio na cidade. A falta do bezerro para reposição é conseqüência desse aumento do abate das vacas parideiras. Só que o próprio criador que abateu suas vacas, tem poucos bezerros, o que conseqüentemente o leva a continuar a vender suas vacas para levantar dinheiro para honrar compromissos. Talvez, espero, não seja esta a situação de muitos de vocês, mas a situação de muitos é essa: o bezerro se valoriza porque não o temos ou temos pouco para vender. Mas cá entre nós, se o preço do bezerro não melhorasse com certeza estaríamos lascados. Por isso ouça o conselho do Sr. Claudio Henrique Maluf Vilela, que nos comentários anteriores disse :”… valorizem seu produto.”.
Um abraço a todos.
Obrigado
Será que os criadores de bezerros já fizeram as contas qual ramo seria mais interessante, cria bezerros para produção de vitelos ou para os invernistas?
Será que foi o bezerro que se valorizou ou o boi gordo que estagnou, manipulado pelo cartel dos frigoríficos? Concordo com as opiniões acima de que o segmento precisa se organizar melhor para fazer frente a estas manobras de mercado.
Que um dia esta virada viria não é nenhuma novidade, haja vista o abate indiscriminado de matrizes e de novilhas que seriam reposição de plantel, nestes últimos três anos.
Taí, chegou a vez dos criadores!
Caro Miguel
Vejo esta discussão com muita alegria e satisfação.
Depois de muitos anos tentando reunir os produtores, e lhes trazendo informações, alertando que a cadeia da carne tinha que se organizar, trabalhar em conjunto, sempre fui desestimulado pelas indústrias frigoríficas que não davam a cara e que estavam se reunindo para castrar os produtores.
O produtor por sua vez, trancados entre as suas porteiras, em completa desorganização e desestruturação, não tinha coragem de descer do pedestal e se organizar.
O que estamos sentindo e vendo agora, ainda não é sua organização trazendo resultados, é a simples resposta do mercado.
Por isso amigos, saibam valorizar o que o mercado esta mostrando, valorizem seus produtos, o bezerro não está subindo porque muitos resolveram comprar, é porque esta faltando, e isto é porque vocês quase quebraram no passado recente. Se organizem, se organizem e se organizem.
Na verdade, como registraram os articulistas, o preço do bezerro teria mesmo que subir, pois estava e está muito defasado em relação ao seu custo de produção.
É muito importante a valorização da cria, mas temos que achar uma saída duradoura, não somente por dois anos que seria o tempo mínimo para recompor a oferta de bezerros. por isso eu entrei no programa do extra, deve começar a nascer os bezerros de cruzamento da raça Rubia Galega com vacas Nelore (a forma perfeita) nesta estação de monta a partir de julho, e devo começar a abater macho e fêmea a partir do final de 2008, eliminando a recria e saindo fora dos terríveis abates dos frigoríficos. Um detalhe as fêmeas terão o mesmo preço da @ de macho.
Em resumo produção dirigida.
Um grande abraço a classe criadora que sempre ficou com a carga mais pesada no processo produtivo da carne.
Na região de Anapu-PA ainda não chegou essa valorização do bezerro. É inacreditável, mas ainda tem criador entregando seus bezerros a R$ 1,00 o quilograma. Os frigoríficos estão pagando a @ a R$ 40,50, para pegar na fazenda. Portanto, o bezerro de 200 kg, que historicamente custou 7,5 @, está saindo por R$ 200,00, ou sejam, 4,9 @.
Qual criador suporta um peso destes?
A solução definitiva do problema que acaba afetando toda a cadeia produtiva todos sabemos. O consumo interno é baixíssimo, e a única forma do mercado ser justo para todos é a valorização da nossa carne de exportação que é depreciada por falta de marketing, Sisbov, controle sanitário.(vide recente visita da U.E. no que deu). Uma entidade que agregasse todos da cadeia produtiva, incluindo os órgãos governamentais envolvidos, a meu ver concentraria esforços para desatar esse nó.
Sou um pequeno criador, aqui no norte do Tocantins, também a situação não é diferente do resto do país; o que realmente precisamos é unir forças para diminuir a margem de lucro dos donos de frigoríficos e subir o preço da arroba do boi.
Pensem nisso como uma solução e um desafio.
Incrível que nem os frigoríficos estão preocupados com a invasão da cana, ou fazendo de conta que não estão para assim sugar a última gota de sangue que ainda resta dos pecuaristas, pois é uma vergonha o preço pago pela nossa mercadoria, a vaca em MS, região Três Lagoas 45 reais a vista, só que agora tem que ter mais de 11 @ e não 10@ como antes e o boi 16@ e não 15@, sendo a classificação de acordo com os interesses deles. Os frigoríficos estão tendo atitudes imediatistas e esquecendo que assim estão cuspindo no próprio prato.
Concordo com todas as colocações feitas pelo produtor Cláudio Alberto Zenha Carvalho, a quem cumprimento pela lucidez.
Aliás nossa lideranças além de ultrapassadas, perpetuam-se nos cargos através de métodos dos mais variados e ficam acomodadas, usufruindo das benesses. Aqui no Brasil,o mote principal é “renegociação da negociação do endividamento”, sobre o que já cansei de falar. Não há quase que nenhuma discussão sobre as razões que acarretam as dívidas, tais como falta de política agrícola, por exemplo, e intervenção governamental. Hoje, são considerados grandes feitos o “empurrar os problemas com a barriga”. Poucos se dão conta que só adiam a solução ou a falência. Estou cético e só vejo solução para o agronegócio se os produtores se conscientizarem de que é preciso mudar.
Apesar de tudo, sempre resta um fio de esperança!
Concordo com os parceiros de toda a cadeia produtiva, tem que ter o ponto de equilíbrio do ganha ganha caso contrário a atividade pecuária vai deixar de existir.
Esses preços só refletem o que acontece na realidade, os invernistas não estão conseguindo fazer a reposição e o reflexo disso no futuro será o preço da arroba subir pois, ele não consegue comprar e com isso não vai ter boi para oferecer e o preço consequentemente subirá.
Na verdade o bezerro não está caro, o preço do boi que está travado por frigoríficos cartelizados que nos espremem sem dó ou perdão. Talvez seja a hora de parar de vender boi, travar o mercado por pelo menos 30 dias e sentir o fôlego nosso e dos frigoríficos. Nós não temos que brigar com quem nos fornece a matéria prima (bezerro) e sim parar de ser explorados e enganados por armações levianas e corruptas de frigoríficos inescrupulosos.
Não posso parabenizar a todos pelos comentários, porém o que nos entristece é o fato de estarmos sempre discutindo este assunto e nunca tomarmos providências reais. Há muito tempo discutimos que o preço do bezerro é imcompatível com o seu custo de criação, há muito discutimos que o preço do boi é defasado. Gente agora que o bezerro deu uma pequena valorizada, será que não está no momento do criador recuperar algum prejuízo e o que nos resta não seria brigarmos pela melhora do boi?
Acho que deveríamos pensar nisto e corrermos em busca da valorização do nosso produto final que é o boi e não ficarmos discutindo entre nós, porque os frigoríficos a algum tempo atrás foram interpelados e foi de conhecimento de todos a formação do cartel para a composição e formação do preço da carne e no que terminou está historia?
Ou então fazemos o que muitos acharam mais fácil, plantar cana, pois existe a expectativa de uma receita garantida porque alguém já conquistou esta garantia antes e todos estão indo em busca e atrás do que os outros conquistaram. Porque o preço do boi a gente só ouve, ouve e não fazemos nada, vamos aguardar é mais facil, quem sabe o próprio mercado não valoriza o nosso produto, quem sabe um dia “DEUS” ajuda, ou mais fácil ainda, brigamos pelo menor preço do bezerro, pois com o coitado do criador é mais fácil negociar.
Na verdade a muito tempo o pecuarista esta na mão dos frigoríficos que se cartelisaram, se organizaram com grandes confinamentos, ano passado foi a aftosa do MS que travou os preços da @, este ano estamos batendo recordes de exportações e o preço da @ do boi continua o mesmo, a culpa agora é do preço do bezerro (que voltou a ser mesmo de 2002/2003), não é só na região de Três Lagoas, que os frigoríficos estão mudando suas regras, (no caso passando de 10@ para acima de11@ a vaca e de 15@ para 16 @ o boi), eles mudam de acordo com seus interesses, enquanto nós pecuaristas ficamos inertes, está na hora do pecuarista se organizar e brigar pelo preço justo de seu produto.
É de ficar amedrontado com uma visão destas principalmente proferida por um dirigente de classe, o invernista devia se preocupar em agregar valor a sua mercadoria de qualidade, junto aos frigoríficos ao invés de querer baixar o preço da outra ponta para se beneficiar.
Concordo com o Sr. Nelson (JL Pecuária) fortalecer as pontas produtoras.