Mercados Futuros – 19/04/07
19 de abril de 2007
O avanço da cana no pasto: realidade e folclore
23 de abril de 2007

MT: preço do bezerro pode “travar” mercado

Segundo Julio Rocha, diretor financeiro da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), o acréscimo de 43% no valor do bezerro, R$ 400,00, em relação a abril de 2006, quando era comercializado a R$ 280,00, pode travar o mercado de boi gordo em Mato Grosso.

O acréscimo de 43% no valor do bezerro, R$ 400,00, em relação a abril de 2006, quando era comercializado a R$ 280,00, pode travar o mercado de boi gordo em Mato Grosso. A opinião é do diretor financeiro da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Júlio Rocha, que apontou distorções nos preços do gado de reposição e de abate.

Para ele, há fortes indícios de que o mercado poderá parar nas próximas semanas. “Se o pecuarista não tiver condições de fazer a reposição pode segurar o boi no pasto e esperar por uma reação nos preços para retomar sua atividade de engorda”, avisou.

“Apenas o criador está ganhando com esta reação nos preços do gado de reposição”, avaliou o diretor-executivo da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, dizendo que as negociações estão em ritmo lento e podem culminar mesmo na redução da oferta de boi para abate. Segundo Rezende hoje o produtor está vendendo boi gordo para custear despesas.

Rocha observou muita diferença na relação de troca entre o gado de reposição e de abate. “Antes se trocava um boi gordo, pesando em média 17 arrobas e custando R$ 850,00 (R$ 50,00/arroba) por três bezerros, que eram cotados a R$ 280,00/cabeça, segundo o Centroboi. Hoje, com o bezerro custando R$ 400,00, esta relação caiu para 2,1. Se o preço na ponta não melhorar, as negociações poderão travar.”, frisou.

0 Comments

  1. josé Ricardo s de Carvalho disse:

    Ficamos muitos anos “bancando” os custos dos invernistas, agora é hora deles bancarem um pouco seu próprio custo. É a famosa lei da oferta e da procura. O bezerro de desmama há 6 anos não tinha um único aumento, ou seja, os produtores já estavam pagando para produzir e em contra partida os invernistas fazendo reposição de 1:3. Que perdure por pelo menos uns 5 anos, nestas proporções, e assim se tenha um equilíbrio entre cria, recria e engorda.

    José Ricardo
    Médico Veterinário e produtor do Vale do Araguaia

  2. Roberto Euclydes de Almeida Barros disse:

    No Paraná a troca já está em 1,8, 1,9. Já está sobrando bezerro. O mercado será paulatinamente travado.

    Roberto Barros

  3. Antonio Luiz Demarco disse:

    Fazem seis anos que estamos dando bezerro de graça para o confinador e ao invernista, levamos 15 meses para ter um bezerro pronto e estam achando caro?

    Que tal vocês invernistas aprenderem a negociar? Se tem alguém que está ganhando muito dinheiro é o frigorífico, que em um telefonema, compra a tua boiada.

    Sem nós, vocês não vivem, e, sem vocês os frigoríficos não vivem. Vamos nos unir.

  4. Ovídio Carlos de Brito disse:

    Estimado Miguel,

    muitos dizem que as relações entre causa e efeito não são tão claras abaixo da linha do Equador. O comentário do Rocha mostra que isto não é verdade.

    O ciclo da pecuária já está mostrando a sua face com toda pujança. Desta vez praticamente sem inflação. É a primeira vez que vou assisti-lo nestas condições.

    Os próximos meses (ou anos) vão ser emocionantes.

    Um abração,

    Ovídio

  5. Reginaldo Meira Fernandes disse:

    Concordo plenamente que os invernistas estavam ganhando mais do que o resto da cadeia produtiva há anos, mas neste ramo, além de tecnologia, ganha pelo menos um pouco quem tem visão de mercado, e ainda bem q a roda girou, pois assim da novo fôlego aos pecuaristas, mas no fim quem sempre ganha mesmo é o dono do frigorífico.

  6. Arthur R. Jerosch Filho disse:

    Na região noroeste de Minas Gerais, ainda se compra bezerro Nelore de qualidade por R$ 270,00. Por lá, os preços sempre demoram muito a se atualizar.

  7. Ivan Ruy disse:

    O artigo acima é realmente o retrato da realidade atual, mas realmente pertinente é o comentário de José Ricardo de Carvalho. Ele resumiu o pensamento dos criadores que sofreram nestes 5 anos, vendo os invernistas trabalharem com “céu de brigadeiro”.

    Seria interessante que o presidente da APR-MT defendesse toda a pecuária e não somente um setor. Também aconselho que os invernistas façam pressão sobre os frigoríficos, sobre as autoridades sanitárias pela luta contra a aftosa e sobre o governo.

    O atual preço é resultado da falta de bezerro, pela falta das matrizes que tivemos que sacrificar para sobreviver.

  8. Claudio Henrique Maluf Vilela disse:

    Por quanto tempo os criadores podem sobreviver trabalhando no vermelho? Não olhem para o criador agora que o preço de seu produto se aproxima de um valor que remunere seu investimento e trabalho, mas sim para o outro lado da cadeia (frigoríficos, mercado atacadista e varejista), oligopolizados, altamente capitalizados, capazes de segurar os preços em patamares que lhes convenham.

    A cria é a etapa de maior custo por @ produzida. Criadores, não cedam valorizem seu produto.

    Claudio Henrique Maluf Vilela

  9. Ronaldo Liparizi disse:

    Se o criador de bezerro não tiver melhor remuneração ele não da conta de ficar no negócio.

  10. SERGIO LOPES SANDIM disse:

    Estimados leitores,

    Não vamos nos enganar e ficar falando bobagens, se com apenas dois apelos (globais-XuXa e DIDI)que tem repercussão nacional, mencionam que a longevidade e a virilidade de ambos se resume em não comer carne vermelha.

    Ora, precisamos sim é divulgar a carne que produzimos, neste mundo de mentiras, invenções, fica claro, muito claro que a cadeia produtiva necessita de um marketing punjante, esclarecedor e que bata de frente com tais invenções colocadas por estes(globais).

    Vamos acordar para o tempo e ser mais profissionais, chega de amadorismo, de comoção, vamos falar, vamos divulgar organizadamente, se é que possível uma corrente de valorização ao produto final que produzimos.

  11. Claudio Alberto Zenha Carvalho disse:

    Não adianta nada a polêmica entre criadores e invernistas; estou na atividade há quase quarenta anos posso dizer com segurança que essa discussão está totalmente fora de foco. O ponto é que não temos liderança sindical eficiente, sem política agropecuária, planejamento e, o que seria fundamental representação legítima ruralista no Congresso Nacional.

    Nossos interesses são sempre desrespeitados, nossas terras invadidas, nossas mercadorias servindo a ambições eleitoreiras e tudo na maior impunidade. É preciso haver uma conscientização e atitude da classe ruralista num movimento contundente de cobrança efetiva aos nossos “representantes” sindicais e bancada ruralista para, de uma vez por todas estabelecer uma política agrícola e pecuária eficiente, sem o que continuaremos a assistir essa discussão estéril descabida e ridícula de criadores e invernistas que só serve para fazer rir os donos de frigoríficos e/ou exportadores de carne.

  12. José Carlos Bongiovanni disse:

    Penso que deva haver uma maior integração entre os setores, para que a pecuária sobreviva.

  13. Marcos Ribeiro Barretto Jr disse:

    Fico feliz que o bezerro esteja a R$ 400,00. Acho que ainda esta barato.

  14. Marcos Dias disse:

    O bezerro vale mais, sim. O seu custo de produção é bem maior que a terminação, atesto esse fato no dia a dia. No limite, a diferença de ganho está satisfatória ao terminador. O problema do terminador é o preço no abate, é aí que ele tem que espernear. A comercialização de carne no Brasil é o verdadeiro samba do crioulo doido, e o estado prefere não olhar o abuso sofrido pelos produtores.

  15. Carlos Heitor Garcia disse:

    O problema é sério. O criador a muito tempo vem sendo obrigado a vender suas matrizes porque o dinheiro da venda dos bezerros não esta dando para custear as despesas, pois o mesmo vinha sendo vendido a preços muito aquém do real. Fator que prejudica o pecuarista que tem a fazenda como sua única fonte de renda, diferentemente daquele que às vezes tem um comércio na cidade. A falta do bezerro para reposição é conseqüência desse aumento do abate das vacas parideiras. Só que o próprio criador que abateu suas vacas, tem poucos bezerros, o que conseqüentemente o leva a continuar a vender suas vacas para levantar dinheiro para honrar compromissos. Talvez, espero, não seja esta a situação de muitos de vocês, mas a situação de muitos é essa: o bezerro se valoriza porque não o temos ou temos pouco para vender. Mas cá entre nós, se o preço do bezerro não melhorasse com certeza estaríamos lascados. Por isso ouça o conselho do Sr. Claudio Henrique Maluf Vilela, que nos comentários anteriores disse :”… valorizem seu produto.”.

    Um abraço a todos.

    Obrigado

  16. Alexandre Moreira da Silva disse:

    Será que os criadores de bezerros já fizeram as contas qual ramo seria mais interessante, cria bezerros para produção de vitelos ou para os invernistas?

  17. Donizeti de Jesus Sereia disse:

    Será que foi o bezerro que se valorizou ou o boi gordo que estagnou, manipulado pelo cartel dos frigoríficos? Concordo com as opiniões acima de que o segmento precisa se organizar melhor para fazer frente a estas manobras de mercado.

    Que um dia esta virada viria não é nenhuma novidade, haja vista o abate indiscriminado de matrizes e de novilhas que seriam reposição de plantel, nestes últimos três anos.

    Taí, chegou a vez dos criadores!

  18. Carlos Marcio Guapo disse:

    Caro Miguel

    Vejo esta discussão com muita alegria e satisfação.

    Depois de muitos anos tentando reunir os produtores, e lhes trazendo informações, alertando que a cadeia da carne tinha que se organizar, trabalhar em conjunto, sempre fui desestimulado pelas indústrias frigoríficas que não davam a cara e que estavam se reunindo para castrar os produtores.

    O produtor por sua vez, trancados entre as suas porteiras, em completa desorganização e desestruturação, não tinha coragem de descer do pedestal e se organizar.

    O que estamos sentindo e vendo agora, ainda não é sua organização trazendo resultados, é a simples resposta do mercado.

    Por isso amigos, saibam valorizar o que o mercado esta mostrando, valorizem seus produtos, o bezerro não está subindo porque muitos resolveram comprar, é porque esta faltando, e isto é porque vocês quase quebraram no passado recente. Se organizem, se organizem e se organizem.

  19. José Brígido Pereira Pedras Júnio0r disse:

    Na verdade, como registraram os articulistas, o preço do bezerro teria mesmo que subir, pois estava e está muito defasado em relação ao seu custo de produção.

  20. Mario Wolf Filho disse:

    É muito importante a valorização da cria, mas temos que achar uma saída duradoura, não somente por dois anos que seria o tempo mínimo para recompor a oferta de bezerros. por isso eu entrei no programa do extra, deve começar a nascer os bezerros de cruzamento da raça Rubia Galega com vacas Nelore (a forma perfeita) nesta estação de monta a partir de julho, e devo começar a abater macho e fêmea a partir do final de 2008, eliminando a recria e saindo fora dos terríveis abates dos frigoríficos. Um detalhe as fêmeas terão o mesmo preço da @ de macho.

    Em resumo produção dirigida.

    Um grande abraço a classe criadora que sempre ficou com a carga mais pesada no processo produtivo da carne.

  21. Renato Ciampi Moreira disse:

    Na região de Anapu-PA ainda não chegou essa valorização do bezerro. É inacreditável, mas ainda tem criador entregando seus bezerros a R$ 1,00 o quilograma. Os frigoríficos estão pagando a @ a R$ 40,50, para pegar na fazenda. Portanto, o bezerro de 200 kg, que historicamente custou 7,5 @, está saindo por R$ 200,00, ou sejam, 4,9 @.

    Qual criador suporta um peso destes?

  22. Ivan Albuquerque disse:

    A solução definitiva do problema que acaba afetando toda a cadeia produtiva todos sabemos. O consumo interno é baixíssimo, e a única forma do mercado ser justo para todos é a valorização da nossa carne de exportação que é depreciada por falta de marketing, Sisbov, controle sanitário.(vide recente visita da U.E. no que deu). Uma entidade que agregasse todos da cadeia produtiva, incluindo os órgãos governamentais envolvidos, a meu ver concentraria esforços para desatar esse nó.

  23. Abel jose da silva junior disse:

    Sou um pequeno criador, aqui no norte do Tocantins, também a situação não é diferente do resto do país; o que realmente precisamos é unir forças para diminuir a margem de lucro dos donos de frigoríficos e subir o preço da arroba do boi.

    Pensem nisso como uma solução e um desafio.

  24. Jose Sergio Garcia disse:

    Incrível que nem os frigoríficos estão preocupados com a invasão da cana, ou fazendo de conta que não estão para assim sugar a última gota de sangue que ainda resta dos pecuaristas, pois é uma vergonha o preço pago pela nossa mercadoria, a vaca em MS, região Três Lagoas 45 reais a vista, só que agora tem que ter mais de 11 @ e não 10@ como antes e o boi 16@ e não 15@, sendo a classificação de acordo com os interesses deles. Os frigoríficos estão tendo atitudes imediatistas e esquecendo que assim estão cuspindo no próprio prato.

  25. José Roberto Pires Weber disse:

    Concordo com todas as colocações feitas pelo produtor Cláudio Alberto Zenha Carvalho, a quem cumprimento pela lucidez.

    Aliás nossa lideranças além de ultrapassadas, perpetuam-se nos cargos através de métodos dos mais variados e ficam acomodadas, usufruindo das benesses. Aqui no Brasil,o mote principal é “renegociação da negociação do endividamento”, sobre o que já cansei de falar. Não há quase que nenhuma discussão sobre as razões que acarretam as dívidas, tais como falta de política agrícola, por exemplo, e intervenção governamental. Hoje, são considerados grandes feitos o “empurrar os problemas com a barriga”. Poucos se dão conta que só adiam a solução ou a falência. Estou cético e só vejo solução para o agronegócio se os produtores se conscientizarem de que é preciso mudar.

    Apesar de tudo, sempre resta um fio de esperança!

  26. Pascoal Leandro Prado disse:

    Concordo com os parceiros de toda a cadeia produtiva, tem que ter o ponto de equilíbrio do ganha ganha caso contrário a atividade pecuária vai deixar de existir.

  27. leonel barbaresco louza disse:

    Esses preços só refletem o que acontece na realidade, os invernistas não estão conseguindo fazer a reposição e o reflexo disso no futuro será o preço da arroba subir pois, ele não consegue comprar e com isso não vai ter boi para oferecer e o preço consequentemente subirá.

  28. Wilson Jose Quintino dos Santos disse:

    Na verdade o bezerro não está caro, o preço do boi que está travado por frigoríficos cartelizados que nos espremem sem dó ou perdão. Talvez seja a hora de parar de vender boi, travar o mercado por pelo menos 30 dias e sentir o fôlego nosso e dos frigoríficos. Nós não temos que brigar com quem nos fornece a matéria prima (bezerro) e sim parar de ser explorados e enganados por armações levianas e corruptas de frigoríficos inescrupulosos.

  29. Antonio C. Guerra disse:

    Não posso parabenizar a todos pelos comentários, porém o que nos entristece é o fato de estarmos sempre discutindo este assunto e nunca tomarmos providências reais. Há muito tempo discutimos que o preço do bezerro é imcompatível com o seu custo de criação, há muito discutimos que o preço do boi é defasado. Gente agora que o bezerro deu uma pequena valorizada, será que não está no momento do criador recuperar algum prejuízo e o que nos resta não seria brigarmos pela melhora do boi?

    Acho que deveríamos pensar nisto e corrermos em busca da valorização do nosso produto final que é o boi e não ficarmos discutindo entre nós, porque os frigoríficos a algum tempo atrás foram interpelados e foi de conhecimento de todos a formação do cartel para a composição e formação do preço da carne e no que terminou está historia?

    Ou então fazemos o que muitos acharam mais fácil, plantar cana, pois existe a expectativa de uma receita garantida porque alguém já conquistou esta garantia antes e todos estão indo em busca e atrás do que os outros conquistaram. Porque o preço do boi a gente só ouve, ouve e não fazemos nada, vamos aguardar é mais facil, quem sabe o próprio mercado não valoriza o nosso produto, quem sabe um dia “DEUS” ajuda, ou mais fácil ainda, brigamos pelo menor preço do bezerro, pois com o coitado do criador é mais fácil negociar.

  30. Manoel Torres Filho disse:

    Na verdade a muito tempo o pecuarista esta na mão dos frigoríficos que se cartelisaram, se organizaram com grandes confinamentos, ano passado foi a aftosa do MS que travou os preços da @, este ano estamos batendo recordes de exportações e o preço da @ do boi continua o mesmo, a culpa agora é do preço do bezerro (que voltou a ser mesmo de 2002/2003), não é só na região de Três Lagoas, que os frigoríficos estão mudando suas regras, (no caso passando de 10@ para acima de11@ a vaca e de 15@ para 16 @ o boi), eles mudam de acordo com seus interesses, enquanto nós pecuaristas ficamos inertes, está na hora do pecuarista se organizar e brigar pelo preço justo de seu produto.

  31. Jair Lorandi disse:

    É de ficar amedrontado com uma visão destas principalmente proferida por um dirigente de classe, o invernista devia se preocupar em agregar valor a sua mercadoria de qualidade, junto aos frigoríficos ao invés de querer baixar o preço da outra ponta para se beneficiar.

    Concordo com o Sr. Nelson (JL Pecuária) fortalecer as pontas produtoras.